Infelizmente, a maneira de se ler a Bíblia por muitos e muitos anos contribuiu para que a mulher fosse considerada sujeito de segunda categoria, inauguradora do pecado no mundo, responsável pela queda e pelo rompimento da relação perfeita entre ser humano e Deus. A subjugação dá-se, inclusive, pela inclusão do gênero feminino no termo Homem (substantivo masculino).
A fonte em que buscamos recuperar a dignidade perdida da parte feminina da população mundial é a própria Bíblia. Em Gênesis 1.27, lemos Deus criou os seres humanos; ele os criou parecidos com Deus. Ele os criou homem e mulher. Mais adiante, lemos a constatação E Deus viu que tudo o que havia f eito era muito bom (Gn 1.31).
Se ambos foram criados por Deus, com anatomia diferente, porém não desiguais na condição humana e filiação divina, não há argumento que possa fundamentar o pensamento de que uma parte da criação de Deus deve servir e a outra ser servida. Nem mesmo o segundo relato da criação, no qual se lê que a mulher foi criada a partir da costela do homem (Gn 2.23), pode ser interpretado dessa forma. O texto destaca a relação entre dois seres em posição de igualdade e companheirismo. Juntos, formam uma nova família, que é, ou deveria ser, o núcleo menor no qual se inicia a concretização do Reino de Deus.
Na forma como Jesus se relacionou com as mulheres, ensinando-as, curando-as, também podemos ver os planos de Deus para a humanidade: relação de iguais. Todo texto bíblico deve ser lido a partir da ação e dos ensinamentos de Jesus Cristo: fundamento da nossa fé.
Para refletir, leia Gênesis 1.1-2.25
Pa. Rosângela Stange
Fonte: Jornal Evangélico Luterano, no.704, março, 2008