LITURGIA e REFLEXÃO PARA O DIA INTERNACIONAL DA MULHER
08 DE MARÇO 2018
Subsídio elaborado por Cristina Scherer, Pastora na IECLB
LITURGIA PARA CELEBRAR EM GRUPOS
Preparação do espaço litúrgico
Formar um círculo. No centro preparar um altar com cruz, vela ,flores e Bíblia, panô/toalha roxa ou lilás. Providenciar a impressão do “Credo da Mulher”, caso elas não tenham a agenda consigo, e um recipiente com óleo perfumado para unção.
Saudação e Acolhida
Mulher, você é obra prima especial na criação de Deus. Que bom que você veio e podemos hoje celebrar o Ser Mulher. A palavra nos saúda: Isabel disse à Maria: “Bendita és tu entre as mulheres...” Lc 1.42a. Reunidas estamos em nome do Deus da Vida que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo, o qual nos criou à sua imagem e semelhança, amém!
(Enquanto cantamos abraçamos umas às outras desejando-nos mutuamente a Paz de Cristo)!
Canto: Seja bem vinda
Seja bem vinda olelê, seja bem vinda olalá,
//:paz e bem pra você que veio participar://
Oração
Deus de amor! Oramos a Ti, pedindo que abençoes todas as mulheres neste mundo, em nosso país, cidade, igreja. Agradecemos-te por cada mulher que é vida e traz vida ao mundo, mulher que é sábia, amorosa, justa e corajosa em seu viver... Livra as mulheres de males, temores, violências e opressões. Ajuda-nos, como mulheres, a segurarmos em tua mão para seguir adiante, para não desfalecermos diante da adversidade e seguirmos firmes na fé. Que tua Palavra nos oriente, motive, console e fortaleça. Por Jesus Cristo, teu filho, nosso Salvador. Amém.
Aclamação do evangelho
Canto: Aleluia!
Leitura do Evangelho segundo Marcos 14.3-9
Em resposta cantemos!
Canto: Aleluia!
Para conversar em grupo a partir do texto:
Que ação esta mulher realizou?
Como Jesus reagiu ao gesto da mulher?
Como os discípulos reagiram?
A mulher fez alguma diferença naquele momento com seu gesto?
Qual foi a diferença que ela fez na vida e ministério de Jesus Cristo?
Ser mulher hoje faz alguma diferença na vida das pessoas?
Onde? Como? Por quê?
Comentário
Neste dia 8 de março lembra-se o Dia Internacional da Mulher. Não somente na sociedade em geral, mas também no âmbito das comunidades e paróquias da igreja. Somos mulheres numa comunidade cristã. Participamos na igreja porque nos sentimos bem e nos sentimos acolhidas. Somos chamadas a testemunhar, a nos engajar no serviço, na comunhão, no testemunho, no amor ao próximo e a Deus. Como mulheres cristãs fazemos parte da OASE em seus 119 anos de história no Brasil. A OASE, em sua atuação, deseja valorizar e apoiar cada mulher em seus grupos e atividades.
Como mulheres conquistamos muito com nosso agir e testemunho. Mas ainda temos muito espaço a preencher. Faltam mulheres participando e assumindo a liderança nas comunidades (presbitério), paróquias, sínodos e nas instâncias maiores da igreja. Muito já foi conquistado, mas muito ainda poderá ser feito no tocante à motivação das mulheres para ocuparem cargos e no apoio a elas, especialmente dentro da Igreja. Sempre dizemos que as mulheres são a maioria na Igreja, mas na hora de decidir, muitas vezes, os homens o fazem por nós. Há 35 anos, a IELCB ordena mulheres ao ministério, mas ainda assim, percebemos a falta de ministras atuando como Pastoras Sinodais e na Presidência da Igreja.
Lembrar o dia 08 de março é dar-se que conta que cada mulher pode fazer a diferença ali onde vive, com seus dons, alegrias, jeitos e saberes. Isso nos é motivo para celebrar. Cada uma é especial e Deus nos valoriza em meio a sua criação. Jesus Cristo valorizou os gestos e ações de mulheres e não foi indiferente a elas. Como mulher, você faz a diferença ali onde vive, onde Deus te colocou para agir e testemunhar em favor da vida, por mais que haja críticas e situações difíceis, não desista, insista, persevere e lute para que o amor e a vida tenham sempre a última palavra, na certeza de que podemos ocupar espaços de liderança e decisões na igreja e fora dela. Que toda a violência e opressão contra as mulheres continue sendo denunciada, exposta e combatida, pois Deus espera que façamos a diferença neste mundo como sal da terra e luz para o mundo.
Que esta data seja lembrada e valorizada por todas as mulheres que antes de nós lutaram por direitos iguais e fizeram a diferença neste mundo com sua atuação, assim como a mulher que ungiu Jesus fez a diferença naquele momento e foi valorizada por isso. Celebre a vida como mulher e motive, anime e apóie mais mulheres a participar e a liderar em suas comunidades e demais instâncias, fazendo a diferença com amor, coragem e sabedoria, perseverando nos valores do Reino de Deus e de vida digna entre nós.
Canto: Vida eu te quero
Vida eu te quero, Vida eu te quero! Vida és tu meu Deus (2x)
Eu te quero na Luz, eu quero na Flor,
eu te quero na Irmã, eu te quero no Amor!
Confissão de fé (em conjunto) - CREDO DA MULHER
Creio em Deus, que criou a mulher e o homem a sua imagem, que criou o mundo e recomendou aos dois sexos o cuidado da terra.
Creio em Jesus, filho de Deus, eleito de Deus, nascido de uma mulher, Maria, que escutava as mulheres e as apreciava; que morava em suas casas e falava com elas sobre o Reino; que tinha mulheres discípulas, que o seguiam e o ajudavam com seus bens.
Creio em Jesus, que falou de teologia com uma mulher, junto a um poço, e lhe revelou, pela primeira vez, que ele era o Messias, que a motivou a ir e contar as grandes novas na cidade.
Creio em Jesus, sobre quem uma mulher derramou perfume, em casa de Simão; que repreendeu aos homens convidados que a criticavam.
Creio em Jesus, que disse que essa mulher seria lembrada pelo que havia feito: servir a Jesus.
Creio em Jesus, que curou a uma mulher, no sábado, e lhe restabeleceu a saúde porque era um ser humano.
Creio em Jesus, que comparou Deus com uma mulher que procurava uma moeda perdida, como uma mulher que varria, procurando a sua moeda.
Creio em Jesus, que considerava a gravidez e o nascimento com veneração, não como um castigo, mas como um acontecimento desgarrador, uma metáfora de transformação, um novo nascer da angústia para a alegria.
Creio em Jesus, que se comparou a galinha que abriga os seus pintinhos debaixo das suas asas.
Creio em Jesus, que apareceu primeiro à Maria Madalena, e a enviou a transmitir a assombrosa mensagem Ide e contai....
Creio na universalidade do Salvador, em quem não há judeu nem grego, escravo nem homem livre, homem nem mulher, porque somos um na salvação.
Creio no Espírito Santo, que se move sobre as águas da criação e sobre a terra.
Creio no Espírito Santo, o espírito feminino de Deus, que nos criou, e nos fez nascer, e qual uma galinha nos cobre com suas asas.
Canto: HPD 434 – Deus chama a gente pra um momento novo
Oração
Em círculo, lembrar os motivos para a oração coletando alegrias e preocupações. Após a oração, convidar para um momento especial de bênção e unção com óleo perfumado.
Unção e Bênção
Convidar cada mulher para pegar o óleo e passar na mão da amiga que está à sua direita. Enquanto espalha o óleo sobre a mão da amiga é convidada a completar a frase a baixo dizendo pra amiga porque ela é especial e faz a diferença:
- Você é uma mulher especial e faz a diferença na vida por que..........
(Após mencionar as palavras, finaliza o momento com um abraço! A amiga que foi ungida prossegue com o mesmo gesto à colega que está à sua direita e assim, sucessivamente até completar o círculo)
Canto: Deus te abençoe (com gestos)
Deus te abençoe, Deus te proteja, Deus te dê a paz, Deus te dê a paz (2x).
IMPULSOS PARA A REFLEXÃO
08 de Março – Um dia de luta por direitos iguais
No dia 08 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Você sabe por quê? Neste mesmo dia no ano de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
O Dia Internacional da Mulher não pretende ser apenas um dia para comemorar ou idealizar a mulher. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates, manifestações, reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual e contribuir para erradicação do preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, diversos tipos de violência e abusos, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
A Bíblia também nos fala de mulheres que se uniram para reivindicar seus direitos. O texto encontra-se no livro de Números 27.1-11. O texto nos diz que cinco mulheres foram falar com Moisés e com todas as autoridades do povo de Israel (Nm 27.2). Elas tinham uma contestação a fazer, algo para solicitar, uma injustiça para denunciar. Diante da morte do pai e da inexistência de irmãos, elas sentem-se injustiçadas e requerem o direito da herança da terra. A lei dizia que a herança da propriedade poderia ser concedida somente aos filhos homens. Na inexistência destes, passaria para outros parentes do sexo masculino. Assim elas pedem, diante das autoridades do povo, que estes revisem a Lei a fim de lhes conceder a terra como um direito.
A história destas mulheres é relembrada em outras partes da Escritura (Números 36 e Josué 17). Seus nomes são citados como sinal de valorização pela forma que agiram para reivindicar uma mudança que promovia justiça e vida digna. Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza agiram juntas, unidas, tiveram coragem e foram ousadas em suas atitudes. Agiram com determinação para que a justiça fosse feita. Assim aconteceu. Deus disse a Moisés: “O que as filhas de Zelofeade estão pedindo é justo. Você deve dar a elas uma propriedade. A herança do pai deve passar para elas”. Deus decidiu que a Lei poderia mudar, pois estava desfavorecendo pessoas de seu povo. A Lei era boa, mas suprimia direitos. Tinha de ser alterada. O nosso Deus é justo e age com sabedoria e amor.
As cinco mulheres se uniram, entraram em concordância, não se intimidaram diante das circunstâncias que a levavam a não terem direito a herança do pai, não permitiram que a timidez e a injusta situação tivessem domínio sobre elas, não tiveram dúvidas ou medo para irem até Moisés e requisitar os seus “direitos”.
Hoje elas nos ensinam que não devemos temer mesmo diante das circunstâncias negativas que nos rodeiam. Elas nos encorajam a correr atrás dos nossos direitos sem desistir de buscar aquilo que nos pertence. Diante das dificuldades, não podemos recuar, entregar os pontos, achar que nada mais tem solução e que a injustiça terá a última palavra. A coragem delas trouxe uma emenda para a Torá e, a partir daquele momento, as mulheres passaram a ter direito à herança em Israel. Elas se uniram e conseguiram mudar um sistema legal existente na época de Moisés. Aquelas mulheres tornaram-se plenamente conscientes de seus problemas e compreenderam que é possível agir juntas para promover justiça, dignidade e equidade nas relações humanas. Elas louvaram a Deus pela sua justiça e fidelidade para com todo o povo, também para com as mulheres.
Que este exemplo motive nossa vida e nosso agir como Igreja a fim de que cada vez mais as mulheres tenham seus direitos garantidos e sejam valorizadas com relações de justiça e equidade!
Pastora Cristina Scherer - Paróquia Litoral Norte Catarinense
São Francisco do Sul - SC