Nome: Norma Terezinha Schüler
Tempo de participação na IECLB: Desde o casamento
Comunidade: Rincão dos Ilhéus – Estância Velha
Sínodo: Nordeste Gaúcho
Nasci em 21 de maio de 1960 na cidade de Paverana – RS. Venho de uma família humilde com três filhas e um filho, sendo eu a mais velha. Meu pai, Antônio Cardoso de Vargas, e minha mãe, Osvaldina de Azevedo Vargas, eram pequenos agricultores e trabalhavam como meeiros, plantando milho, aipim, cana, feijão. Por volta dos meus 10 anos, meu pai foi trabalhar numa indústria, como guarda-noturno, mas continuava na lavoura com mamãe nas horas de folga. Aos 14 anos, papai providenciou minha carteira de trabalho e fui trabalhar na fábrica de calçados durante o dia e estudar à noite, em Teutônia.
Vários momentos marcaram a minha infância: as dificuldades de meus pais para nos dar alimentos e educação, pois éramos muito pobres. Aos 9 anos sofri um acidente doméstico, em que perdi 80% da visão do olho direito, e só não foi pior porque tivemos a ajuda da professora Maria Guimarães, que me encaminhou a Porto Alegre para fazer tratamento. Meu pai pagava as enfermeiras com produtos da lavoura. Lembro também que, para eu poder continuar estudando e terminar o Ensino Fundamental, minha mãe vendeu dois travesseiros de penas de ganso para pagar a matrícula, e foi com muito esforço que conseguiram pagar as mensalidades da Escola Cenecista de Teutônia. Apesar disso, em geral minha vida familiar foi tranquila. Meus pais sempre foram muito amorosos e carinhosos, e até hoje eu tenho o colinho deles.
Aos 16 anos, conheci meu esposo, João Schüler. Nós namoramos por dois anos e então nos casamos. A celebração foi realizada na IECLB, na Igreja Cristo Redentor de Canabarro, município de Teutônia-RS. Quando fui pela primeira vez à casa de meu sogro, Helmut Schüler (in memoriam) e minha sogra Selma Porn Schüler, ocasião em que os conheci, a primeira pergunta que meu sogro fez foi: Se vocês casarem, qual religião vão seguir? Eu era católica, e a minha resposta foi: na igreja do João. Eu achava que deveria ser assim: a mulher acompanhar o marido em sua igreja. E assim aconteceu. Após o casamento, moramos em Estância Velha, e eu trabalhei como costureira de calçados. Após quatro anos de casamento, nasceu nosso único filho, Jonas Eduardo Schüler, hoje casado com Débora Mallmann Schüler, pai da nossa neta Manuela. Eu estava cursando o segundo ano do Ensino Médio e interrompi os estudos quando fiquei grávida. Voltei a estudar anos depois e me formei no Ensino Médio em 1999, mesmo ano que meu filho. Na ocasião, eu estava com 39 anos e ele com 17. Foi uma das melhores conquistas de que me lembro, e sinto saudades. A partir daí tomei por hábito e prazer ler e escrever. Sempre tenho à mão papel e caneta, pois registro tudo e passo a limpo assim que posso. Gosto de esclarecer cada ideia e falar sempre da forma mais correta.
Casamos, batizamos nosso filho, mas não participávamos na igreja. O ponto de entrada efetiva (participativa) na igreja luterana foi por ocasião da confirmação do filho. Naquele momento, senti necessidade de me envolver na igreja. Encontrei na Comunidade Rincão dos Ilhéus, Estância Velha, a paz que procurava, através dos conselhos do querido pastor Anibaldo Fiegenbaum (in memoriam). A minha caminhada de fé na igreja ficou mais forte, e a chama que estava quase apagada reacendeu, recomeçou a esquentar. Refiro-me à fogueira porque, por ocasião de meu casamento, o pastor Arno Wartschow teve uma conversa pré-nupcial conosco, em que montou uma pequena fogueira e nos disse que, com o tempo e possíveis problemas do dia a dia, a fogueira tenderia a apagar, mas que o nosso compromisso deveria ser de sempre manter a chama do amor acesa durante o percurso do casamento.
Ingressei na OASE, e hoje sou tesoureira. Participo do grupo de Liturgia, Dança Sênior, auxilio na Diaconia e nos cultos, sempre sob a orientação do nosso pastor. Fui coordenadora sinodal da Terceira Idade junto com o pastor Edemar Zizemer. Desde 2009, temos um grupo de Liturgia, em que nos reunimos para estudos. Este grupo auxilia nosso pastor na condução dos cultos, recebendo os membros que chegam à igreja, fazendo as leituras bíblicas, ajudando na Santa Ceia, enfim, nas tarefas pertinentes aos cultos.
O grupo de Dança Sênior veio para trazer leveza, saúde, exercícios para o nosso corpo e mente. A dança exige atenção aos movimentos, e pode ser realizada com as pessoas sentadas ou em pé. Pode ser aplicada para idosos, crianças, na OASE, para qualquer público, desde que seja preparada pelas pessoas que estão aptas, através de curso.
Na Diaconia, nosso trabalho é para o bem-estar de nossos irmãos e irmãs que estão com dificuldades. Temos um pequeno brechó, um banco de alimentos, fazemos campanhas para casas-lares e visitas. Temos muletas e cadeiras de rodas para empréstimo. Diaconia, para mim, é uma palavra que significa acolher sempre todas as pessoas com muito amor.
As atividades de minha comunidade são uma extensão da minha casa. Sempre me coloco à disposição com amor, fé, esperança e oração. Sinto-me feliz quando posso ajudar outras pessoas. Sou dona de casa e voluntária. Quando temos festa de crianças, eu e meu esposo usamos roupas de palhaço. No Natal, eu ou meu esposo nos vestimos de Papai Noel e Mamãe Noela. Se há enchente, arrecado mantimentos, roupas e outros materiais com vizinhas, vizinhos, amigas e amigos. Assim ajudamos a diminuir o sofrimento. Se há doença, sempre procuro levar esperança e fé em dias melhores. Às vezes sou ouvinte, outras vezes falante. Sempre que sou solicitada, seja na família, na comunidade ou em ONGs, estou pronta a ajudar. Ser voluntária é algo de que gosto e que faço com amor. Tudo isto sempre com o apoio da família; sem ela, eu não seria a pessoa que sou. Agradeço a Deus pelos pais que tenho, por me terem dado a vida.
Sonho com uma sociedade mais justa, sem violência. Que possamos mostrar o amor de Deus sem exigir nada em troca. Para minha comunidade Rincão do Ilhéus desejo muita paz, amor, inclusão, comprometimento para com seus membros. Um dos versículos bíblicos que acompanha a minha vida é:
“Senhor, meu Deus, clamei a ti por socorro, e tu me saraste” (Salmo 30.2).
(História de vida coletada por Norma Schüler, Joseida Zizemer, revisada pela pastora Marli Braun)
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