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Argula de Stauff Grumbach: reformadora, corajosa e escritora

31/10/2016

Escrever sobre as mulheres que tiveram um papel importante na época da reforma é um prazer. É uma alegria resgatar a história de vida de mulheres que tiveram uma atuação relevante na Reforma, porém pouco conhecidas. Quando falamos da Reforma Luterana, logo surgem personagens masculinos como o próprio Martim Lutero, Felipe Melanchton, João Calvino, Ulrico Zwínglio e outros. E as mulheres? Algumas mulheres também tiveram um papel fundamental para que o movimento da reforma se expandisse. Porém, como muitas vezes ainda acontece, a história dessas mulheres ficou no esquecimento.

Queremos conhecer a vida de Argula de Stauff Grumbach. Argula nasceu no ano de 1492. Quando ainda era menina, seus pais a levaram à casa do regente da Baviera, Alberto IV, para receber formação nobre com as três filhas do regente. Desde pequena, seu pai quis lhe dar uma boa educação. Quando tinha 10 anos recebeu um grande presente de seu pai, muito caro e raro: uma Bíblia. Na época, poucas mulheres tinham o privilégio de saber ler e escrever. Já Argula, desde cedo, teve um pai que a incentivou a ler e a pensar de forma independente.

Quando Argula tinha 17 anos, seus pais vieram a falecer. Alguns anos depois, ela conheceu Frederico von Grumbach com quem se casou aos 23 anos. Ele era regente de uma região da Baviera. Hoje seria algo como prefeito ou governador.

Argula era uma mulher muito corajosa. Quando ficou sabendo do silêncio que estava sendo imposto a professores simpatizantes das ideias de Lutero, ela não se conteve. Começou a escrever cartas, fazendo uso de seus sólidos conhecimentos bíblicos. Ela também escreveu ao governador da Baviera, queixando-se da proibição de se ler qualquer texto de Lutero. Em suas cartas, desafiou os professores da Universidade a argumentarem teologicamente com ela, na presença de autoridades políticas. Como na época as mulheres não podiam expressar-se livremente, ela baseou-se em Joel 2.28, onde o profeta diz que Deus derramará o seu Espírito sobre todas as pessoas, os filhos e as filhas anunciarão a sua mensagem.

Assim como muitas vezes acontece ainda hoje, Argula não recebeu nenhuma resposta escrita, mas sofreu fortes represálias. Seu esposo, Frederico, perdeu o cargo de regente. O argumento foi que se não conseguia colocar ordem na própria casa e reprimir a mulher, não era capaz de governar uma região. O extraordinário foi que o seu esposo não se revoltou contra ela, antes a apoiou.

Em toda a sua vida, Argula sustentava-se nas Sagradas Escrituras. Um dos textos que ela usava muito era Atos 5.29, onde o apóstolo Pedro diz que importa obedecer mais a Deus do que aos homens. Para um parente seu escreveu: “Me chamam de luterana. Mas não sou, fui batizada em nome de Cristo, este reconheço e não Lutero. Mas também reconheço que Lutero é fiel a Cristo. Os homens da Igreja de Würzburg confiscaram as terras de meu marido. Deus proverá para minhas quatro crianças, elas comerão com os passarinhos do céu, se vestirão com as flores dos campos.”

Argula ficou viúva aos 38 anos e lutou para dar boa formação às quatro crianças. Casou-se mais uma vez com um luterano de nome Schlik. Durante a sua vida foi presa algumas vezes por posicionar-se contra a Igreja de Roma.

A partir de pesquisas históricas, Argula é reconhecida como a primeira escritora protestante. As suas cartas foram publicadas em forma de panfletos e foram reeditadas várias vezes, sendo lidas por cerca de 30.000 pessoas.

Argula também manteve correspondência com Martim Lutero. Ele a considerava a reformadora da Baviera e a chamava de “discípula de Cristo” e “um instrumento especial de Cristo”. Tanto a respeitava que em 1524, escreveu para alguns conhecidos pedindo que orassem por Argula: “Ela merece que nós todos oremos por ela e pela batalha que está travando em nome do Evangelho.”

Concluímos que Argula trouxe uma grande contribuição para o Movimento da Reforma e tem muito a nos ensinar com a sua coragem, determinação, fé e testemunho. Uma mulher ousada, que nos inspira, como mulheres, a continuar lutando pelo nosso direito de participação no sacerdócio geral, no ministério ordenado e em todos os outros âmbitos. 


Autor(a): Pa. Maria Helena Ost - Paróquia de Vila Valério
Âmbito: IECLB / Sinodo: Espírito Santo a Belém
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres
Área: História / Nível: 500 Anos Jubileu
Natureza do Texto: Artigo
ID: 40144

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É isto que significa reconhecer Deus de forma apropriada: apreendê-lo não pelo seu poder ou por sua sabedoria, mas pela bondade e pelo amor. Então, a fé e a confiança podem subsistir e, então, a pessoa é verdadeiramente renascida em Deus.
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