Estamos na Quaresma.
Quaresma é tempo especial e oportuno para acolher o perdão de Deus em nossas vidas e à luz do Evangelho de Cristo rever valores, conceitos, palavras e atitudes que ferem a vida e impedem a paz.
Por chamar à conversão, quaresma é também um tempo de esperança. Esperança porque sugere mudanças, aponta possibilidades, convida à transformação.
Em Efésios 1.18, o apóstolo Paulo pede a Deus que nos ilumine para que vejamos a luz e conheçamos a esperança para a qual Ele nos chamou.
Nesse tempo de quaresma, dentro do qual se comemora o Dia Internacional da Mulher, o convite para a Igreja cristã é de olhar a vida e o mundo com os olhos da fé. Olhar com fé permite ver o coração, a essência, a intenção, as possibilidades no caminho.
Pessoas cristãs sabem que depois da Cruz vem a Páscoa. Essa certeza tem mobilizado muitas pessoas, mulheres e homens, na busca diária por vida digna, por justiça, por liberdade e por direitos de igualdade que renovam, criam e recriam relações de paz.
O Dia Internacional da Mulher é um exemplo dessa mobilização. A data simboliza a união e articulação de mulheres contra a discriminação e a superação da violência, a busca da justiça e da igualdade de direitos e oportunidades para as mulheres.
As comemorações em torno do dia 8 de março mostram que houve uma grande evolução do papel da mulher em todos os aspectos, desde a família, lazer, trabalho, vida política e religiosa. Muitas foram e são as mulheres da bíblia, mulheres reformadoras, imigrantes, mães, esposas, filhas, trabalhadoras que movidas pela esperança de um mundo novo, aderiram à proposta de igualdade trazida por Jesus.
À luz do Evangelho, não há lugar para a discriminação e a opressão (Gálatas 3.28). Homens e mulheres são iguais em valor e dignidade e recebem o mesmo chamado de viverem em parceria e corresponsabilidade pela criação (Gêneses 1.27).
A história mostra que transformações, fortalecimento e lutas marcam a vida das mulheres. Pelas causas levantadas e pelas dificuldades e desigualdades que enfrenta ainda hoje, é que a mulher ganhou um dia, 8 de março. Esta é, sem dúvida, uma data importante porque aponta para uma caminhada que não está terminada. Pois ainda persistem os casos de violência doméstica, o assedio sexual, as desigualdades no mercado de trabalho e nas tarefas do cotidiano, bem como, a pouca valorização de mulheres em cargos públicos.
É preciso melhorar muito para consolidar uma completa igualdade entre os gêneros. Homens e mulheres precisam repensar sua condição na sociedade, na igreja, no casamento e na família para que a reformulação do papel e da imagem de ambos possa ser uma realidade de superação de todas as desigualdades e formas de discriminação, violência e opressão, em especial praticadas contra as mulheres. Não se trata de uma imposição, mas de uma proposta que tem como base o diálogo sobre a igualdade e a justiça.
Pa. Carmen Michel Siegle