08 de Março – Um dia de luta por direitos iguais
No dia 08 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Você sabe por quê? Neste mesmo dia no ano de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
O Dia Internacional da Mulher não pretende ser apenas um dia para comemorar ou idealizar a mulher. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual e contribuir para erradicação do preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, diversos tipos de violência e abusos, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
A Bíblia também nos fala de mulheres que se uniram para reivindicar seus direitos. O texto encontra-se no livro de Números 27.1-11. O texto nos diz que cinco mulheres foram falar com Moisés e com todas as autoridades do povo de Israel (Nm 27.2). Elas tinham uma contestação a fazer, algo para solicitar, uma injustiça para denunciar. Diante da morte do pai e da inexistência de irmãos, elas sentem-se injustiçadas e requerem o direito da herança da terra. A lei dizia que a herança da propriedade poderia ser concedida somente aos filhos homens. Na inexistência destes, passaria para outros parentes do sexo masculino. Assim elas pedem, diante das autoridades do povo, que estes revisem a Lei a fim de lhes conceder a terra como um direito.
A história destas mulheres é relembrada em outras partes da Escritura (Números 36 e Josué 17). Seus nomes são citados como sinal de valorização pela forma que agiram para reivindicar uma mudança que promovia justiça e vida digna. Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza agiram juntas, unidas, tiveram coragem e foram ousadas em suas atitudes. Agiram com determinação para que a justiça fosse feita. Assim aconteceu. Deus disse a Moisés: “O que as filhas de Zelofeade estão pedindo é justo. Você deve dar a elas uma propriedade. A herança do pai deve passar para elas”. Deus decidiu que a Lei poderia mudar, pois estava desfavorecendo pessoas de seu povo. A Lei era boa, mas suprimia direitos. Tinha de ser alterada. O nosso Deus é justo e age com sabedoria e amor.
As cinco mulheres se uniram, entraram em concordância, não se intimidaram diante das circunstâncias que a levavam a não terem direito a herança do pai, não permitiram que a timidez e a injusta situação tivesse domínio sobre elas, não tiveram dúvidas ou medo para irem até Moisés e requisitar os seus “direitos”.
Hoje elas nos ensinam que não devemos temer mesmo diante das circunstâncias negativas que nos rodeiam. Elas nos encorajam a correr atrás dos nossos direitos sem desistir de buscar aquilo que nos pertence. Diante das dificuldades, não podemos recuar, entregar os pontos, achar que nada mais tem solução e que a injustiça terá a última palavra. A coragem delas trouxe uma emenda para a Torá e, a partir daquele momento, as mulheres passaram a ter direito à herança em Israel. Elas se uniram e conseguiram mudar um sistema legal existente na época de Moisés. Aquelas mulheres tornaram-se plenamente conscientes de seus problemas e compreenderam que é possível agir juntas para promover justiça, dignidade e equidade nas relações humanas. Elas louvaram a Deus pela sua justiça e fidelidade para com todo o povo, também para com as mulheres.
Que este exemplo motive nossa vida e nosso agir como Igreja a fim de que cada vez mais as mulheres e todas as pessoas tenham seus direitos garantidos e sejam valorizadascom relações de justiça e equidade!