A vida que Deus nos dá nos reserva muitas alegrias, mas dentre estas destaco uma, que têm enchido o meu coração de regozijo, a de ser pai pela primeira vez. O dia que soube que minha esposa Simara estava grávida fiquei muito feliz, pois aguardávamos por isto com muita ansiedade. Mas confesso que para mim a “ficha caiu” de verdade quando participei do primeiro ultrassom e pela primeira vez pude ouvir as batidas do coração de nosso filho. Claro que até então não sabíamos se era menino ou menina, mas isto não era o mais importante, e sim, a experiência surreal de saber que ali, no ventre de minha esposa, havia uma vida que estava sendo gerada. Ainda tão pequenino e informe, mas fascinante vida que pulsava. Eu não pude conter minhas emoções e meus olhos se encheram de lagrimas. Naquele sublime e impactante momento tive a lúcida certeza - sou pai. Na razão eu já sabia disso, contudo, no íntimo do meu ser este foi o instante que se materializou a realidade, visível e audível.
Que mistério de Deus o surgimento da vida humana! No Salmo 139.13-14 o salmista exulta:
“Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção.”
Fico a pensar que se o salmista pode expressar tamanha admiração pela grandeza de Deus em criar a vida humana, mesmo não tendo a oportunidade que nós pessoas do século XXI temos, de visualizar e ouvir nosso filho no ultrassom. Quanto mais seria o seu louvor a Deus se ele tivesse o mesmo acesso a tecnologia que nós temos hoje. O salmista segue este salmo detalhando o milagre da vida como um evento sem igual e ao qual Deus determinou cada dia de nossa existência (Sl. 139.15-16).
Embora não tivesse expressado palavras, no meu íntimo também louvei ao Senhor no instante que soube que seria pai.
Eu e minha esposa optamos por fazer a cesária, pois pelos cálculos os dias possíveis da chegada de nosso menino seriam bem na época da páscoa. Bom, não preciso nem dizer que para um pastor esses dias são naturalmente muito corridos e não queria correr o risco de não poder acompanhar minha esposa a maternidade e ter a oportunidade de estar ali do seu lado, na hora do nascimento de nosso filho Caleb.
Chegado o dia da cesária, em 25/03/10, fomos para o hospital e lá, uma vez que já estava avisado, um pouco antes do nascimento de nosso filho, eu seria chamado. Então, quando me chamaram pude ter a oportunidade de ver o meu filhinho nascer, o seu primeiro choro e pela primeira vez o pude tomar nos braços. Que emoção e que experiência maravilhosa!!
Contudo, o Senhor reservou ainda um outro momento único entre eu e meu filho. Na hora de sua medição e primeiro banho, obviamente ele chorou muito. Após o banho, pude segurar em sua pequenina mãozinha e encostar o meu rosto sobre o seu e sussurrar ao pé de seu ouvido “filho, o papai está aqui, tudo está bem, eu te amo filho”. O que mexeu demais comigo foi que quando falei com ele, o Caleb parou de chorar e algo aconteceu, pois senti como que uma conexão entre pai e filho. Foi sublime e desde então tudo mudou dentro de mim e para melhor, pois ser pai é uma grande bênção.
Hoje o nosso menino está com um ano, dois meses e um dia. A cada dia que passa tomo mais consciência de que não fomos feitos para viver em função de nós mesmos. Sou casado a quatro anos e cinco meses, e o casamento já me fez perceber isso com mais clareza. No entanto, a paternidade abriu horizontes em meu ser como nunca antes, me fez ver que a vida só têm sentido com Deus, em primeiro lugar, e quando nos doamos uns aos outros, de forma especial ao filho (a) que amamos.
Talvez o leitor, pai ou mãe, esteja pensando consigo: “ele diz isso porque ainda é o começo, deixe os anos passarem e veremos se permanece com esta ideia”. Entendo se assim pensaste, pois parece que estou romantizando demais a paternidade. Contudo, tenho consciência de que ser pai não é apenas feito de momentos bons, bonitos e sem crise. Já vivi instantes em que o cansaço das atividades pastorais me fizeram ficar impaciente com meu filhinho Caleb. Pois uma criança nesta idade tem energia de sobra e pega tudo o que estiver pela frente. Só que nada disso e muito mais que virá, me faz desanimar e tirar a alegria de ser pai. Pelo contrário, desafia-me a sair de mim mesmo, a superar meus limites e aprender a ser um pai cada vez melhor.
Tenho consciência de que já falhei com o meu filho, que sou imperfeito e preciso aprender com o Senhor a grande missão de ser pai. A Simara, como esposa e mãe é um exemplo de dedicação, autodoação e amor. Estou aprendendo demais com ela. Fico admirado como ela, que nunca foi mãe, ter tamanha sensibilidade, paciência e enfrentar renúncias por nós. Eu amo demais meu filho e anseio ser um bom pai, mas estou na escola da vida, na formação de cada dia no temor do Senhor.
Confesso que não poucas vezes me angustio por correr tanto no ministério e ter tão pouco tempo para meu filho. Falo isso num tom de desabafo. Por outro lado, sei que não sou o único que enfrenta as pressões das responsabilidades da vida e tenho realização no meu chamado pastoral. Contudo, quero lhes dizer que o meu primeiro ministério é a minha família. Deus em primeiro lugar e a família em seguida, vinda tudo o mais a ser consequência desta ordem estabelecida por Deus.
Afirmo isto com convicção e no exercício diário para melhor ser pai e esposo. Tome também este lema para a sua vida em obediência a Deus, pois assim somos exortados com seriedade pela sua Palavra:
“Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente” . I Tm 5.8.
Com temor e tremor reconheço que somente pela misericórdia de Deus posso viver o que prego. A pessoa que mais sabe de minhas falhas é minha esposa e meu filho, embora que ainda seja pequeno. Todavia não me justifico, estou a caminho, e não posso retroceder, pois este é o meu chamado como pessoa cristã. Que Deus nos ajude em nossa missão de sermos papais e mamães com muita responsabilidade e amor!
FELIZ DIAS DOS PAIS!!!