Nesta Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, queremos lembrar que as temáticas ligadas à acessibilidade não são novas na nossa igreja. Há moções que foram debatidas nos concílios da IECLB e que tratam deste assunto e de suas implicações práticas.
O Concílio Geral de Três de Maio, em 1990, por exemplo, aprovou a moção sobre barreiras arquitetônicas e deu um prazo de 10 anos para que as edificações das comunidades fossem adequadas às normas pertinentes, em especial no que se refere às instalações sanitárias. Já o Concílio Geral de Foz do Iguaçu, de 2010, ratificou as moções sobre barreiras arquitetônicas e ampliou a percepção para a acessibilidade de comunicação, além de sugerir ações na área da formação teológica e questões de inclusão em geral.
Vinte anos se passaram desde Três de Maio. Muita coisa aconteceu de lá para cá. Houve muitos avanços, certamente; mas também muito ainda falta a resolver.
A reflexão sobre o assunto não parou! Agora, além de buscarmos a eliminação das barreiras físicas, queremos eliminar toda e qualquer barreira que impeça pessoas com deficiência de viverem sua liberdade e expressarem sua fé cristã. Para isso, seguimos falando sobre os diversos tipos de acessibilidade.
ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA
É a forma de acessibilidade que prevê a eliminação de barreiras ambientais físicas: nas residências, nos edifícios, nos espaços e equipamentos urbanos, nos meios de transporte individual ou coletivo. Ela traz consigo a expressão da luta para que não haja impedimentos para que as pessoas com deficiência exerçam seu livre direito de ir e vir. Propõe que haja rampas, banheiros adaptados, classes adaptadas, etc. Vale lembrar que “Onde uma pessoa com deficiência passa, todas passam com maior qualidade de vida”.
ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL
É a acessibilidade que se dá sem barreiras na comunicação interpessoal: face a face, melhorando a dicção e falando pausadamente com pessoas com deficiência auditiva, não obstruindo a visualização da boca; língua de sinais, intérprete de Libras; gesticulação; na comunicação escrita: jornal, revista, livro, carta, apostila, incluindo textos em braile, fontes ampliadas, etc., e virtual: acessibilidade digital, DVD em Libras, arquivo para programas de computador, leitores de tela, vídeos com audiodescrição, etc.
ACESSIBILIDADE ATITUDINAL
Refere-se à acessibilidade que visa a acabar com preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações em relação às pessoas em geral, de qualquer país, etnia ou grupo social. Deseja-se, então, que haja acolhimento, inclusão, respeito e estar disposto e disposta a aprender com as pessoas diferentes ou com deficiência, com suas famílias e cuidadores e cuidadoras. Aqui vale lembrar que devemos entender a deficiência como uma diferença e que cada um e cada uma de nós possui características únicas, que fazem parte daquilo que somos. Por isso, as pessoas com deficiência não devem ser tratadas como “pobrezinhas” ou incapazes, mas devem ser respeitadas como pessoas que são, acima de tudo.
ACESSIBILIDADE METODOLÓGICA
A acessibilidade metodológica visa a eliminar as barreiras nos métodos e técnicas de estudo e considera as diferenças ao realizar dinâmicas, trabalhos em grupos, brincadeiras, utilização de imagens.
Diversos não são os outros, diversos somos todos nós (Reinaldo Bulgarelli). A partir desta afirmação, podemos entender que cada pessoa possui o seu jeito de aprender e de ensinar e que simplesmente decorar o conteúdo não é garantia de aprendizado. A diversidade nos métodos de ensino é que enriquece o conhecimento.
ACESSIBILIDADE INSTRUMENTAL
A acessibilidade instrumental busca eliminar as barreiras existentes nos instrumentos, utensílios e ferramentas e se propõe a elaborar materiais adaptados. Exemplos de instrumentos e utensílios:
- estudo - lápis, caneta, transferidor, régua, teclado de computador, materiais pedagógicos;
- trabalho - ferramentas, máquinas, equipamentos;
- atividades da vida diária - tecnologia para comunicar, fazer a higiene pessoal, vestir, comer, andar, tomar banho, etc.;
- lazer, desporto e recreação - dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais etc.
Assim, de acordo com as necessidades que uma pessoa com deficiência possui, adaptem-se os seus instrumentos e utensílios, lembrando sempre que pessoas com deficiência visual são diferentes entre si, o mesmo acontecendo com auditivos, físicos, etc.
ACESSIBILIDADE PROGRAMÁTICA
A acessibilidade programática quer extinguir barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias, etc.), normas e regulamentos (institucionais, empresariais, etc.). Além do mais, deseja informar e divulgar que todas as pessoas com deficiência têm direito a participar de espaços públicos e dar motivações para que se insiram em discussões do dia-a-dia da vida comunitária, em específico da vida da igreja.
O contato e convívio de todas as pessoas dentro da comunidade promovido por nossas ações inclusivas é a chave para que vivamos as boas novas do Evangelho de Jesus, onde todos e todas, em todas as circunstâncias, têm lugar. É através dele que o processo de crescimento da comunidade cristã se dá, a partir do testemunho público de nossa fé, com grandes e pequenas ações que visam à inclusão de todas as pessoas.
Carlos Alberto von Muhlen
Índice do Caderno de Subsídios da Semana Nacional das Pessoas com Deficiência - 2012