“E não vos conformeis com esse século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente!” Romanos 12.2
Quando nossa filha nasceu, eu tinha 19 anos. Morava em Concórdia, SC. O pediatra que a atendeu nos passou informações incorretas do seu diagnóstico, deixando-nos apavorados, num primeiro momento, e sem saber o que fazer. Após o recebimento da notícia de que nossa filha havia nascido com deficiência, começaram a surgir as tão temidas e, por vezes, inescrupulosas dúvidas. Também nos sobrevieram muitas preocupações decorrentes da falta de conhecimento sobre o que é deficiência em si. É aquele tão conhecido medo do desconhecido”!
Na fase inicial, passamos por choro e decepção, uma sensação de que éramos impotentes e solitários. De fato, no momento de “cabeça quente” e refletindo muito, não aceitamos isso que estava acontecendo conosco. Porém, logo depois, entendemos que, para aceitar os fatos, primeiro precisávamos nos “debater” e confrontar com a situação.
Não podemos negar que passamos pelo momento de achar que DEUS não estava olhando por nós. Tivemos que nos dar esse tempo, pois faz parte do processo. Não conseguiríamos seguir em frente fazendo o que era necessário para o bom desenvolvimento da criança se tudo isso não estivesse bem assimilado. Passamos do momento do luto para a luta – foi isso que aconteceu em nossa família. Jamais devemos aceitar a deficiência por si só, mas aceitar o nosso filho ou nossa filha como é, fazendo com que seja cada vez mais incluído na sociedade.
É normal ouvirem-se comentários indesejados, não porque as pessoas sejam maldosas, mas porque muitas vezes são desinformadas e, sem querer, acabam nos derrubando em vez de ajudar. Contudo, não nos sentimos abatidos; e, sim, a motivação pela vida de nossa filha se tornou maior. Decidimos, então, procurar orientação e saber tudo o que fosse possível sobre a deficiência.
Não foi fácil. Mas a tarefa feita por amor, dedicada a alguém por quem temos grande estima, se tornou prazerosa. E a cada dia que ia passando percebíamos que todo sofrimento se revertia em imensas alegrias; que nossa filha sempre foi uma grande bênção em nossa vida e que DEUS nos deu um anjo para conviver conosco.
Em seguida, fomos à busca de conhecimento e orientação sobre o que poderíamos fazer para melhorar a vida de todos, a nossa, mas principalmente a dela, em seu processo de desenvolvimento. Assim sendo, descobrimos que nada disso era um “bicho de sete cabeças”, e que não éramos os únicos a passar por semelhante situação. A partir da informação, vimos que era possível que ela se desenvolvesse como todas as outras crianças sem deficiência, dentro do seu próprio ritmo, assim como todos.
Depois de dois anos de fisioterapia, ela andou. Seguindo o curso da vida, foi avançando na idade, tranquilamente, como qualquer criança, sempre muito amada e feliz. O seu relacionamento com outras crianças também transcorreu da melhor forma possível.
Graças a DEUS, sempre tivemos, meu esposo e eu, o apoio incondicional de nossos familiares. Não nos restam dúvidas de que isso foi fundamental para passarmos por esse momento e para hoje podermos olhar para trás e ver quão bonitos aprendizados e passos demos nessa caminhada.
Hoje, nossa filha tem 27 anos. É uma mulher adorável, amada por todos. Fez a confirmação sem faltar a um encontro. Adora participar do grupo de jovens de nossa comunidade e ajuda no culto infantil. É muito participativa e bem aceita por todas as pessoas na sociedade. E, assim, seguimos firmes e cheios de fé, nos desafios e nas tristezas, mas sobretudo nas alegrias que temos na jornada.
Sônia Pasini
Joinville/SC
Índice do Caderno de Subsídios da Semana Nacional das Pessoas com Deficiência - 2012