O conceito que adquirimos acerca das pessoas com deficiência, conceito esse construído desde nossa fase da infância, se caracteriza por fragilidade e invalidez. A deficiência foi caracterizada durante muito tempo como incapacidade.
As pessoas com alguma deficiência, durante as diferentes épocas da história, sofreram com marginalização, violência, opressão e ações assistencialistas. Isso é tão verdade que muitas vezes agimos com sentimentos de “pena” em relação à pessoa que tem a deficiência ou sua família.
Historicamente a identidade de uma pessoa com deficiência foi limitada a sua deficiência, ou seja, uma pessoa nada mais é ou pode porque tem uma deficiência. Com isso, sua identidade, dons e capacidades foram ignorados.
Essa realidade está sendo transformada quando as pessoas com deficiência vêm ocupando e conquistando seus lugares na sociedade, contribuindo com seus dons e serviço como qualquer outra pessoa.
A problemática se evidencia quando a exclusão, que nasce do preconceito, não permite que as pessoas com deficiência ocupem esse lugar. O problema não está nas pessoas com deficiência, o problema está nas diversas barreiras e obstáculos que foram construídos ao longo dos tempos.
O Versículo bíblico que é lema deste ano, “Deus ama quem oferta com alegria” nos desafia a desconstruir nosso preconceito e todas as barreiras, permitindo que pessoas com deficiência participem e contribuam também com a sua oferta, seja de tempo, dons ou dinheiro.
O padrão da perfeição e da agilidade é imposto como requisito para integrar a classe das pessoas que podem ofertar alguma coisa. Logo, a oferta fica limitada às pessoas que aparentemente se enquadram nesse padrão. Um exemplo: o mercado de trabalho, tradicionalmente, é daqueles que foram avaliados, pelo método exclusivista, como os melhores. Aos poucos este padrão vem sendo desconstruído, por dedicação e reivindicação de várias pessoas com deficiência e movimentos organizados que reconstroem a visão e o entendimento acerca das pessoas que têm alguma
deficiência, evidenciando o seu valor e a capacidade protagonista de cada ser humano na dinâmica de sociedade e da vida. A conquista por voz e vez, é evidenciada quando as empresas abrem a possibilidade de vagas de emprego para pessoas com deficiência, compreendendo que não é a pessoa que não está apta a servir, mas sim, reconhecendo que o ambiente das empresas é que geralmente não está acessível e não atende às exigências de uma pessoa com deficiência.
O desafio da inclusão é de nos desacomodar para compreendermos as pessoas com alguma deficiência ou em qualquer outra situação, como membro da sociedade e aceitá-la com suas características, respeitando a sua identidade que vai muito além da deficiência ou da característica diferenciada que possui.
Todos e todas temos algo com que contribuir. Nossos dons e oferta só podem ser valorizados em relações de igualdade e fraternidade.
Que pelo Espírito de reconciliação e pelo amor incondicional de Deus, nós ofertemos com alegria nossos dons e serviços para a construção de comunidades inclusivas.
Atividade – Gincana
1° momento
Objetivo: Realizar a atividade em menor tempo possível sem derrubar o ovo da colher.
Formar duas colunas de pessoas. Em linha reta, a dez passos, deverá se posicionar um dos participantes. Os demais participantes da coluna devem cada um na sua vez, levar nas mãos uma colher equilibrando um ovo, bater na mão do participante que está posicionado ao lado oposto da coluna e retornar para o final da fila. Assim, até que todos tenham cumprido essa mesma tarefa. Ganha a equipe que terminar a tarefa em menos tempo. A coluna campeã recebe balas ou algum prêmio/brinde pela conquista.
Tempo para refletir: O que esta gincana tem a ver com a atualidade? O que esta gincana tem a ver com a inclusão das pessoas com deficiência e comigo mesmo? Esta tarefa poderia ser diferente e mesmo assim alcançar o objetivo? Quem recebeu o prêmio? Por que recebeu o prêmio?
2° momento
Objetivo: Realizar a tarefa sem deixar o ovo cair da colher.
Repetir a gincana.
Tempo para refletir: O que foi diferente? O objetivo da gincana foi alcançado? Quem recebe o prêmio dessa vez? Porque todos recebem o premio dessa vez? Alguém saiu perdendo alguma coisa? Que alternativas foram necessárias? Foi preciso se transformar as regras exclusivas em regras inclusivas?
Observação. A pressão dos padrões tempo e agilidade impedem a inclusão de todas as pessoas nas tarefas seja de uma empresa, seja da comunidade de fé ou de qualquer outro espaço social. A gincana possibilita vivenciar a experiência de que a inclusão possibilita que todas as pessoas participem e tenham a possibilidade de ofertar seus dons, seja uma pessoa com deficiência ou não. Cada um no seu tempo, de acordo com suas possibilidades e capacitação pode contribuir para alcançar o objetivo. Todas as pessoas participaram e igualmente cumpriram o objetivo e por isso todos recebem o prêmio ou compartilham de um prêmio.
Sharlene Leber é Bacharel em Teologia com ênfase em Diaconia. Coordenadora do
Programa Diaconia Inclusão na Secretaria da Ação Comunitária – Porto Alegre/RS.