O Príncipe da Paz não se calou diante da negociação de animais e dinheiro dentro do Templo (João 2.13-16), expulsou os vendedores, os animais e os cambistas, derramando o dinheiro no chão. Neste momento, Jesus sentiu ira, raiva.
Raiva é um sentimento que nos acompanha no nosso íntimo e dispara através de uma espécie de “botão”. Em determinado conflito, sentimos medo e a sensação de que não podemos fazer nada, de que ocorreu uma injustiça. Na maioria das vezes, quando acionado o “botão”, não sabemos expressar este sentimento sem violência e mostramos nossa discordância ou indignação com a maneira que aprendemos a lidar com a raiva em nossa educação familiar, na sala de aula e na “escola da vida”.
O primeiro passo para uma mudança pessoal é querer mudar. “A única pessoa que você pode mudar é você mesmo”, disse o facilitador Marc Forget, numa oficina do projeto de Alternativas à Violência. Ter plena consciência de podermos cometer violência e causar sofrimento à vida, a outras pessoas e a si mesmo, será conseqüência.
Quando eu cometo violência?
Ao não aceitarem minha opinião, eu insisto até cederem. Sei que eu sou capaz de cometer violência à vida e às pessoas. Tente também fazer este auto-questionamento e partilhe com alguém num ambiente confortável, na família ou na comunidade. É importante estarmos amparados, pois nossa educação não permite que reconheçamos nossa falta, nossa violência. Só ao percebermos nossas violências podemos encontrar alternativas a elas.
A violência é construção social, faz parte da cultura, portanto, pode ser aprendida. Do mesmo modo, a paz pode se aprendida e tornar-se parte da cultura.
Nossa linguagem contribui para causar sofrimento, quando pessoas amigas são apelidadas com nomes pejorativos ou quando suas características e debilidades viram deboches. Ressaltar seus dons e dizer o quanto gostamos delas pode ser uma alternativa criativa à violência da nossa linguagem.
Aprendemos muito com as notícias dos jornais e com filmes. Pena que sempre o assassinato sangrento, o tiroteio na periferia e o assalto ao banco são apresentados nos mínimos detalhes e se tornam assuntos para nossos bate-papos. Temos a necessidade de notícias positivas e libertadoras com sugestões criativas para estas situações violentas.
“Se queres a paz...
Defende a vida!
Se queres a paz...
Educa para a paz!
Se queres a paz...
Defende os Direitos Humanos teus e de outros seres humanos também”,
proclama Aguirre, da Anistia Internacional. Estes clamores podiam estar nas faixas e nas nossas vozes, juntamente com ações não-violentas de resistência ao uso da “casa do Pai” ou da Bíblia para negócio de petróleo e de dinheiro por presidentes e sacerdotes.
Fica o convite para o serviço de paz e o testemunho cristão, através da Campanha Nacional de Desarmamento e da Campanha da Fraternidade, que neste ano foi organizada e realizada ecumenicamente. O tema da Campanha da Fraternidade foi Solidariedade e Paz - Felizes os que promovem a paz.
Com este espírito, a comunidade pode realizar ações concretas como conhecer a situação de pessoas que viveram uma situação com arma de fogo e divulgar os postos de entrega voluntária de armas. Participar ativamente destas duas campanhas é erguer uma comunidade de paz aí no lugar em que você vive!
Atividade
Campanha de Desarmamento
Em 15 de julho de 2004 teve início a Campanha Nacional de Desarmamento, criada para incentivar a devolução de armas no Brasil. Programada para durar seis meses inicialmente, a campanha foi prorrogada por mais seis meses. Durante 12 meses, portanto, a população terá oportunidade de entregar voluntariamente armas de fogo e ainda ser recompensada por isso. Até junho de 2005, quem entregar uma arma vai ter direito à indenização, conforme tabela estabelecida pelo governo federal, não importando em que estado a arma se encontre ou se tem registro.
Divulgue – Para que a campanha envolva toda a sociedade é necessário que o maior número possível de pessoas esteja consciente da importância do desarmamento e conheça os postos mais próximos para a entrega de armas. Para colaborar, você pode divulgar a campanha, convencer pessoas que você conhece a entregar suas armas e falar sobre este tema nos grupos em que você está inserido: escola, universidade, associação de bairro, igreja, empresa.
Sua comunidade também pode ser um posto de recolhimento de armas. Informe-se como fazer no site www.desarme.org
No site www.armanao.com.br há orientações e depoimentos que podem ajudar nestas tarefas.
Mauriá Zwetsch, acadêmico de Ciências Sociais e membro do SERPAZ
Dia Nacional da Diaconia - 10 de abril de 2005