Diaconia - Saúde e Alimentação



ID: 2783

IECLB participa do IV Fórum Latino Americano e Caribenho de HIV-Aids e DST

08/05/2007

 
Ocorreu entre os dias 15 e 20 de abril de 2007, em Buenos Aires/AR, atividades ligadas ao IV Fórum Latino Americano e Caribenho de HIV-Aids e DST. A IECLB esteve presente em todas as atividades representada por Valquiria Eloisa dos Santos – Secretária do Deptº de Educação Cristã e pela Cand. ao Pastorado Nádia Cristiane Engler. Também esteve conosco, enquanto EST e ASPA, o Teólogo André Musskopf.

- Oficina de Desenvolvimento de Projetos Sociais em HIV-Aids

Nos dias 15 e 16/04 aconteceu a Oficina de Desenvolvimento de Projetos Sociais em HIV-Aids, financiado pela Federação Luterana Mundial. A oficina reuniu um grupo de 23 pessoas, todos/as representantes de Igrejas Luteranas da América Latina. A oficina tinha o propósito de capacitar as Igrejas a elaborar projetos com vistas à captação de recursos junto ao Fundo Mundial.

Em toda a América Latina, somente o Brasil e a Argentina possuem programas de combate à pandemia da Aids assumidos e desenvolvidos também pelos respectivos Governos. Honduras é o país Latino-americano com o maior número de pessoas soro positivas, considerando o número de habitantes.

No decorrer da Oficina o que também nos deixou muito impressionadas, positivamente, é que praticamente todas a Igrejas Luteranas ali representadas, desenvolvem projetos de prevenção ao HIV-Aids, aconselhamento, e pastorais. Chamou a atenção tanto nossa, como principalmente, do restante do grupo, a IECLB devido a sua importância e referência em articulação e, enquanto maior Igreja Luterana da América Latina, não ter um programa, projeto ou uma pastoral que desenvolva ações referentes ao HIV-Aids para suas paróquias e membros. Desta forma, fica mais difícil contribuir efetivamente com a tarefa de eliminar, ou pelo menos diminuir, o sofrimento das pessoas que vivem e convivem com o HIV-Aids.

- Pré-Fórum Ecumênico

No dia 17/04, ocorreu o Pré-fórum Ecumênico Latino-americano e Caribenho, na Associação Mútua Israelita-argentina – AMIA, tendo como proposta coletar respostas das Igrejas frente ao HIV-Aids. Participar do pré-fórum foi uma experiência muito rica e significativa a começar por estarmos na AMIA, que em julho 1994 sofreu um terrível atentado, causando mais de 80 mortos, centenas de feridos e muitos danos, que ainda hoje permanece impune. Hoje está lindamente reconstruída atrás de um alto muro com grossas paredes de concreto e enormes portas de aço, de forma a se proteger da intolerância e do ódio racial. A AMIA acolheu o pré-fórum ecumênico, que reuniu um grande número de denominações religiosas (Muçulmanos, Luteranos, Católicos, religiões Afro-descendentes, Judeus, entre outras). Todas reunidas com um único propósito: ter respostas e ações concretas frente à pandemia da Aids que assola as comunidades de fé de todo o mundo.

Durante a plenária foram apresentados dados cada vez mais alarmantes sobre o HIV:

- a cada 24h 7.000 (sete mil), pessoas contraem HIV na América Latina;
- até o ano de 2010 teremos aproximadamente 400.000 (quatrocentos mil), órfãos da Aids no mundo;
- há 17,7 milhões de mulheres HIV+ no mundo;
- na África Sub-saariana, de todas as pessoas infectadas pelo vírus, 74% são jovens entre 15 e 24 anos e são mulheres;
- fenômeno da feminilização da pandemia;
- 10 milhões de jovens no mundo são HIV+ destes, 740 mil só na AL;

Alguns métodos que estão sendo divulgados e trabalhados como forma de prevenção ao vírus, causam muitas controvérsias tanto na área da saúde, como no meio religioso. O método de combate a Aids assumido pelo governo dos Estados Unidos, o abc (a = abstinência, em inglês; b = Be faithful, ser fiel e c = condon, preservativo), é um dos mais questionados em função de trabalhar insistentemente a abstinência e a fidelidade como métodos seguros de prevenção, os quais todos os estudos indicam como sendo um fracasso. O que foi apontado, com indignação por várias instituições presentes, é justamente o fato de uma das maiores potências econômicas do mundo reverter bilhões de dólares da sua economia anual para a produção de armamentos, não revertendo 1/3 deste valor em prevenção e tratamento aos seus doentes de Aids.

Independente de números e métodos de prevenção ao HIV-Aids, a intenção e proposta das comunidades religiosas deve ser acolher seus fiéis. Pessoas emocionalmente abaladas procuram respostas nas Igrejas. As Igrejas têm de estar preparadas para receber e acolher estas pessoas. As pessoas que vivem e convivem com a Aids são parte da Igreja, elas não precisam pedir permissão para participar da Igreja. A Aids trouxe para dentro das Igrejas a necessidade de se trabalhar a sexualidade, um tema que geralmente não se aborda. Junto com a sexualidade vem estigmas, preconceitos, tabus e crenças distintas que na maioria das vezes se prefere deixar de lado a trabalhar o assunto com a devida importância que ele exige. Enquanto Igreja, não podemos mais fechar os olhos para essa necessidade.

- IV Fórum Latino Americano e Caribenho de HIV-Aids e DST

O Fórum iniciou dia 17/04 à noite e encerrou dia 20/04 à tarde, sob a temática “Unidos na diversidade para o acesso universal”. Reuniu em torno de 3.500 participantes. Quando se fala em acesso universal, refere-se a acesso a medicação de tratamento a Aids e assistência digna à saúde. Na América Latina, somente o Brasil e a Argentina possuem programa federal de combate a Aids (que assume o acesso a toda a população as formas de prevenção e medicação anti-retroviral). Pouquíssimos países no mundo desenvolvem um programa desse tipo. Alguns não o fazem por falta de recursos financeiros e estruturais, como é o caso de alguns países do Continente Africano, outros por falta de interesses políticos e econômicos.

No Fórum, estavam reunidos e representados diversos seguimentos da sociedade. Organizações governamentais e não governamentais, movimentos organizados da sociedade civil e instituições religiosas. A programação do Fórum estava apresentada sob forma de mesas de discussão, mesa redonda, plenárias, estandes de instituições e organizações e Fórum Comunitário. O Fórum Comunitário era o espaço desenvolvido para articulação mais direta e aproximada das instituições, organizações e movimentos que desenvolvem trabalho com HIV-Aids. Percebeu-se no decorrer do fórum a necessidade das Igrejas se posicionarem frente à pandemia da Aids. Isso foi constatado nas mesas de discussão sobre ‘religiosidade e Aids’, que contavam com participação ativa das pessoas e nos estandes das instituições religiosas. Estes espaços foram muito visitados pelas pessoas que estavam em busca de material que respondesse as suas inquietações referentes à temática Aids.

Do que foi brevemente descrito acima, fica a rica experiência de ter podido conviver e aprender com a diversidade representada nos três espaços (Oficina, Pré-Fórum Ecumênico e Fórum). Mas, sobretudo, estando lá, enquanto luteranas e enquanto representantes da IECLB, fica a angústia e a necessidade de ter respostas a toda a demanda apresentada por essa doença que cerca nossas vidas, mexe com nossos conceitos e exige ações de todos os seguimentos da sociedade inclusive e principalmente das Igrejas.

Valquiria Eloisa dos Santos


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