Hoje é o Dia do Pastor (a). Há algum tempo atrás, escutei um jovem dizer brincando: “Vou criar uma igreja para tirar dinheiro do povo”. Parei e recordei a minha jornada. Na adolescência, recebi o chamado ao pastorado. Para entender, o “chamado” é um desejo interior colocado por Deus, o qual precisava ser confirmado pela comunidade a qual pertencia. Então, recebi o aval do pastor, de professores, de presbíteros e, principalmente da comunidade onde congregava. Isso tudo, documentado e assinado. Todavia, após o chamado e sua confirmação, veio a parte mais árdua. Além do formação normal de qualquer jovem, o Bacharelado em Teologia previa 5 anos e meio de estudos, abrangendo disciplinas teológicas ou relacionadas ao ministério. Conclui o curso superior e, pela graça de Deus, consegui fazer ainda uma pós-graduação. Posteriormente, alcancei a integralização, tornando meu diploma válido nos requisitos do MEC. Por 34 anos estou servindo a Deus na IECLB, prestando contas à direção da igreja e aos presbitérios locais. De acordo com o previsto regimentalmente, recebo um salário pré-determinado e aquilo que se faz necessário ao exercício do ministério. Todos os membros têm consciência das necessidades e dos valores. Do chamado em 1980 à realidade ministerial de 2022, a IECLB segue os mesmos padrões (ou até melhores) de cuidado com seus ministros. Todavia, me vejo cercado de pequenas congregações com inúmeros “pastores” sem um mínimo de formação, que arrecadam “valores” do povo, muitas vezes, sem prestar contas a ninguém. Via de regra, o surgimento de novas congregações não está relacionado ao chamado pessoal, mas divergências entre indivíduos ou, pura e simplesmente, o desejo de “pastorear” visando os recursos ou fama decorrentes, cumprindo-se assim a previsão feita pelo jovem. Mas, como diz a Palavra: “Aquilo que você semear certamente também vai colher” (Gálatas 6.7). Assim me coloco na presença de Deus. Aos meus colegas, acrescento: “Continuem fiéis à vocação, servindo sempre ao Senhor da Seara” (Colossenses 1.23 e 27).
Do pastor metodista, Sérgio Marcus Lopes, “Não Dá Pra Dividir” com Gente de Casa.