“Sobre o que vocês estão conversando pelo caminho?” (Lc 24.17).
Quero começar esta “nossa conversa”, neste dia especial em que celebramos o exercício do nosso ministério eclesiástico na IECLB (10 de junho), agradecendo a Deus por cada um e cada uma de vocês. Obrigado pelos diálogos que até aqui pude ter com um número expressivo de colegas! Obrigado pelos diálogos que ainda teremos! Obrigado por sua dedicação no ministério que o Senhor da Igreja nos confiou!
Entendo o exercício do Ministério com Ordenação não como uma caminhada solitária, mas como caminhada solidária, comunitária. Na condição de Ministr@, não estou sozinh@. Há pessoas ao meu lado! Sou Ministr@ numa igreja sinodal, onde caminhamos junt@s. E é para essa perspectiva do Tema do Ano que lhes convido, inspirado pela palavra de Deus, a nos vermos e a nos percebermos enquanto Ministros e Ministras da IECLB.
A convicção da presença de Cristo que nos pergunta e nos faz interagir é fundamental! Trata-se de uma experiência de fé! A convicção da presença amorosa, instigadora, capacitadora e de cuidado por parte de Deus neste caminhar ao lado de irmãos e irmãs em Cristo é fonte de fortalecimento e de renovação diária da esperança e a confirmação da convicção acerca da missão confiada por Deus a nós Ministros e Ministras no contexto em que vivemos.
Tarefa fácil? Não! Este é o sentimento compartilhado por colegas ao longo de nossa caminhada. Diante disso, em muitas Conferências de Ministr@s tenho compartilhado uma palavra do sociólogo Sygmunt Bauman, que diz o seguinte:
“O desafio que enfrentamos é, por assim dizer, o de que estamos todos no mesmo barco; temos um destino comum e nossa sobrevivência vai depender da cooperação ou da luta entre nós. Em todo o caso, às vezes, diferimos muito em alguns aspectos vitais. Temos que desenvolver, aprender e praticar a arte de viver com as diferenças, a arte de cooperar sem que os cooperados percam sua identidade, a beneficiarmo-nos uns dos outros, não apesar, mas graças às nossas diferenças.” (Zygmunt Bauman, entrevista IHU, 17.07.2009. “O velho mundo está morrendo. Mas o novo ainda não nasceu!”).
Ministr@s exercem funções de liderança. É fundamental que a gente se dê conta disso! James C. Hunter observa o seguinte:
“Todos vocês têm cargos de liderança e pessoas confiadas aos seus cuidados. Eu gostaria de desafiá-los (...) a começarem a refletir sobre a terrível responsabilidade que assumiram quando optaram por serem líderes. Isso mesmo, cada um de vocês se comprometeu voluntariamente a ser pai, mãe, esposo ou esposa, chefe, treinador ou treinadora, professor ou professora, ou o que quer que seja. Ninguém forçou vocês a desempenhar nenhum desses papéis, e vocês estão livres para deixá-los quando quiserem. No local de trabalho, por exemplo, os empregados passam a metade do dia trabalhando e vivendo no ambiente que vocês criam como líderes. Eu me admirava, quando estava no mercado de trabalho, ao constatar a forma displicente e até petulante com que os líderes desempenhavam essa responsabilidade. Há muita coisa em jogo e as pessoas contam com vocês. O papel do líder é extremamente exigente.” (James C. Hunter, O Monge e o Executivo, p. 23-24).
O que essas duas citações têm a ver com o exercício de nosso ministério? Entendo que muito! Exemplifico: na Presidência, seguidamente recebemos boletins informativos de comunidades. Depois de ler um destes boletins de comunidade, para minha enorme alegria ficou perceptível o seguinte:
Ministr@s, apesar da crise de autoridade que caracteriza a pós-modernidade, exercem uma função com autoridade no contexto da IECLB. A questão-chave, contudo, é: como, para que e no que canalizamos esse “poder”, essa autoridade?
Lendo o boletim que recebemos, ficou claro que a Pastora dessa comunidade exerce seu ministério, sua vocação com autoridade, autoridade que se mostra em sua capacidade para influenciar, para dar rumo, para animar e, certamente, para admoestar e corrigir. Isso tudo, com um detalhe: influencia, ajuda a dar rumo, anima e corrige para edificar, para congregar, para chamar, para convidar, para dar vasão à criatividade e aos dons dos membros, envolvendo os diferentes grupos da comunidade na Missão de Deus. Não por acaso esse boletim traz uma lista de membros novos, e por isso nos perguntamos: esse povo todo vem de onde?
Não menos significativas são as manifestações de colegas que estão convalescendo. O P. Sinodal Breno Willrich, por exemplo, em nossa última conversa, manifestou sua gratidão a Deus pela forma como tem sido carregado e cuidado pela comunidade. Cuidado não é mais apenas um conceito, mas um valor que experimentamos na caminhada em nosso dia a dia e se manifesta em gestos concretos.
Sobre o que estamos conversando no caminho do Ministério que o Senhor nos confiou? Proporcionemos mais momentos para passos solidários, para o diálogo franco e fraternal, assumindo que enfrentamos desafios e dores. Ao mesmo tempo, abracemos com alegria e gratidão ao Senhor o presente que Dele recebemos para pastorear com autoridade que influencia, dá rumo, anima – sempre em fidelidade ao Evangelho.
Que o Senhor da Igreja continue a te iluminar, inspirar e guiar!
Fraternalmente,
Nestor Paulo Friedrich
Pastor Presidente