Um “antes” e um “depois”.
Hebreus 1.1-2; Romanos 1.1-7
Tudo, absolutamente tudo em nossa vida se distingue entre um antes e um depois. Como muito bem disse a pequena Alice em nosso Culto da Noite de Natal, “antes eu estava na barriga da minha mãe e depois eu fui para a creche”. Bem isso, um antes e um depois claro e definido. Já a Ester, de 3 anos, disse que antes não tinha um cachorro e agora tem, e se chama Kimy.
Refletimos sobre este tema em nosso Culto no último dia 24 de dezembro. Obviamente o nascimento de Cristo é o mais conhecido divisor temporal em toda a humanidade, mas por que se resolveu começar a contagem do nosso tempo a partir do Seu nascimento?
Há notícias de que os gregos foram os primeiros a fazer a contagem do tempo. Em sua forma profunda e refletida de analisar a realidade através de seus filósofos, consideraram que seria necessário um fato realmente marcante e incomum que pudesse ser chamado de Ano Um. Assim definiram que seria o ano das primeiras olimpíadas. De nossa perspectiva seria o ano 776 antes de Cristo. Os romanos discordaram e decidiram que o Ano Um seria o da fundação da cidade de Roma, em 753 a.C. Por sua vez, a Igreja de Alexandria determinou que o fato marcante foi a ascensão do imperador Diocleciano ao poder. Assim o ano de 284 da nossa era foi o Ano Um. Os nossos vizinhos, os maias, tinham um calendário cíclico de 3114 anos. eM 21/12/2012 teria começado o novo ciclo. O calendário judaico aponta agora para o ano 5778, enquanto que pelo calendário muçulmano, cujo ano começa em 622, estaríamos no ano de 1396 da era cristã.
Somente por volta do ano 600 se cogitou em marcar a história pela contagem do ano de nascimento de Jesus Cristo. O monge Dionísio propôs, e a Igreja acolheu, marcar o 25 de dezembro como data do nascimento de Cristo. Assim estaria sobrepondo uma data cristã à festa pagã romana do solstício de inverno. A partir das fontes cronológicas dos Evangelhos, foi marcada a época do nascimento do Messias como Ano Um. Hoje se sabe que há um erro de contagem e este ano inicial deveria ser marcado entre 7 e 6 antes de Cristo. Mas isso não vem ao caso para nosso tema.
Um ano marcante, realmente decisivo e impactante em sua vida. Você saberia dizer qual foi? Ou você acha que ele ainda está por vir? Se Cristo Jesus não tivesse nascido teríamos outras formas de fazer as contas do nosso tempo. Mas se Jesus não tivesse nascido não poderia haver um antes e um depois na nossa história de reconciliação com Deus. Entendo que isso é decisivo na vida de toda a humanidade.
Entre o “antes” e o “depois” acontece o que seria totalmente improvável considerar neste tempo chamado de mágico e cheio de luzes, ou neste tempo de descrédito e relativização dos fundamentos bíblicos: a criança nascida em Belém é, ao mesmo tempo, Deus que nasce entre nós (Emanuel) e é Deus que nasce para ser nosso servo salvador. Quem quer conhecer o mistério entre o “antes” e o “depois” tem em Jesus Cristo a melhor de todas as indicações. A promessa profética da vinda de Deus em nosso meio foi feita muitas vezes e de diversas maneiras. (Veja o texto indicado da carta aos Hebreus.) Os antigos livros do Primeiro Testamento já prenunciavam a encarnação de Deus, anunciado pela estrela capaz de guiar toda a humanidade. Isso tudo é anunciado de forma quase poética. Mas nunca antes a materialidade da promessa havia sido concretizada. Antes a humanidade não tinha conseguido se sentir contemplada concretamente com a promessa. Afinal, promessas são apenas promessas. Enquanto não se concretizam, dificilmente trazem alguma transformação.
Sim, a tragédia humana se estabelece onde promessas são apenas promessas. Sem promessas, porém, novos desafios não nos movem e novas perspectivas não podem ser visualizadas. Certamente por isso Deus intervém tão radicalmente em nossa história, providenciando de forma irrefutável o cumprimento de Sua promessa colocado um “depois” depois do “antes”. Isto não poderia ser realizado sem Sua ação, a de se dirigir a nós na forma de Filho e, percebam, como escravo, como quem nos serve até a reconciliação na cruz do Gólgota.
É assim que o apóstolo Paulo reconta a história do nascimento de Cristo, ou seja, após ter sido feita a promessa de Deus através dos profetas, nasceu na carne Seu Filho e, segundo o poder do Espírito de santidade, o fez ressuscitar dos mortos para ser Jesus Cristo, nosso Senhor. (Veja o texto sugerido da carta aos Romanos.) De forma inconteste o Deus nascido como Filho detentor de toda autoridade e de todas as coisas providencia o “depois” da reconciliação e paz definitiva pela ressurreição. Ele se escraviza em nosso favor, carregando o pecado meu, seu e da humanidade na cruz do Gólgota, tudo para dar condições na vida de cada pessoa crente que promessas sejam realizações.
Olha para o presépio. Ali está a cruz! Ali você e eu temos a oportunidade de considerar em nossa existência o “antes” para vivermos com esperança e alegria o “depois”. Vamos viver esta experiência juntos? Qual é, portanto, sua experiência de vida marcante para dividir seu tempo em um antes e um depois?