Paróquia Evangélica Luterana no Rio de Janeiro - Martin Luther

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A mulher restabelecida

Na busca de um olhar que nos dê a coragem a agir na verdade

24/08/2019

Lucas 13.10 Certo sábado Jesus estava ensinando numa das sinagogas, 11 e ali estava uma mulher que tinha um espírito que a mantinha doente havia dezoito anos. Ela andava encurvada e de forma alguma podia endireitar-se. 12 Ao vê-la, Jesus chamou-a à frente e lhe disse: “Mulher, você está livre da sua doença”. 13 Então lhe impôs as mãos; e imediatamente ela se endireitou e passou a louvar a Deus. 14 Indignado porque Jesus havia curado no sábado, o dirigente da sinagoga disse ao povo: “Há seis dias em que se deve trabalhar. Venham para ser curados nesses dias, e não no sábado”. 15 O Senhor lhe respondeu: “Hipócritas! Cada um de vocês não desamarra no sábado o seu boi ou jumento do estábulo e o leva dali para dar-lhe água? 16 Então, esta mulher, uma filha de Abraão a quem Satanás mantinha presa por dezoito longos anos, não deveria no dia de sábado ser libertada daquilo que a prendia?” 17 Tendo dito isso, todos os seus oponentes ficaram envergonhados, mas o povo se alegrava com todas as maravilhas que ele estava fazendo. ‭NVI‬‬‬‬‬‬

A mulher restabelecida

(Depois de lido e texto faremos uma pequena representação da cena descrita. É sábado. Dia de ir à sinagoga. Colocar “Jesus” lá pregando. Num canto colocar a mulher encurvada, doente. Jesus de forma simples dá um passo à frente e lhe pronuncia a cura. Em outro canto, com a mão no queixo, estão “observadores da lei”, murmurando, fazendo suas críticas. Não poupam a mulher e o próprio Cristo de suas observações legalistas. Jesus responde com rispidez à altura da incoerência das observações feitas por estes senhores. Todos saem maravilhados com a argumentação de Jesus. Por fim, passa alguém com uma placa: “Tudo acontece num sábado”.)

Cada dia, uma nova preocupação.
Dos cantos da vida brotam novas necessidades.
Trazem ansiedade, desespero e dor.
Diante dos olhos, limitações que não gostaríamos de ver.
Vidas aprisionadas no preconceito.
Vidas retidas nas limitações.
Cada dia, uma nova preocupação.
Há dias proibidos para neles fazer o que é urgente.
Dias sem cura, sem esperança, nem liberdade e justiça.
Ocasiões sem dar chances aos outros.
Momentos velhos que nada mudam.
Hora de orar a Deus.

Introdução

Prezada comunidade,
grande parte da inimizade que Jesus cultivava com os doutores se deve à sua atuação na sinagoga. Aqui, mais uma vez, n u m s á b a d o, na sinagoga, se estabelece uma tensão. Desde cedo Jesus frequentava sinagogas. Lucas descreve em 4.16 que o Senhor estava em Nazaré; em 4.31 já estava na sinagoga de Cafarnaum; em 6.6 ensinava em outra, mas não sem antes, em um sábado, colher espigas para matar a fome (6.1).

Seria uma atitude provocativa de Jesus? Uma perseguição religiosa certamente lhe daria mais fama e projeção entre as pessoas pobres e dependentes que faziam questão de o seguir.

Nada disso: Jesus age conforme a necessidade da ocasião. Não joga para a opinião pública e nem se ocupa com os doutores. Uma mulher está precisando de ajuda. Importa agir.

Uma mulher encurvada

O substantivo grego asténeia e o verbo anakypto descrevem a situação da mulher. Ela tinha um espírito de fraqueza, oposto a dynamis (poder) - não se trata de uma possessão - que não lhe permitia ficar completamente ereta, a impedindo de alcançar seu objetivo de ter uma postura natural (eis) tal como as pessoas que a circundavam. Era, portanto, uma limitação física, e não de outro gênero. Não se trata, portanto, de uma problematização social, mas de uma fraqueza física pessoal. Nem mesmo o vers.16 permite admitir uma possessão demoníaca para esta mulher.

(Quando se usa aqui o termo satanás, está se referindo a uma transliteração do hebraico que significa adversário ou enganador, não necessariamente uma personificação. É toda a situação onde algo é colocado contra a vontade de Deus.)

Ela passa despercebida num primeiro momento. Não por estar confinada em um local de menos visibilidade. Estava à margem por sua condição física que a isolava socialmente. Por não poder erguer a coluna, não conseguia fazer o contato olho-no-olho, o que impede a boa comunicação entre pessoas. Mas Jesus a vê.

Condições para a restauração

Jesus viu a mulher encurvada e chamou a doente por sua própria vontade e, literalmente, ofereceu-lhe a libertação de sua doença. Sem impor qualquer condição, o Senhor lhe assegurou a restauração.

O Senhor faz isto, preciso dizer novamente, não para servir de provocação aos doutores, mas simplesmente porque tinha que ser feito. Sua ajuda era necessária naquele momento, naquele dia, naquelas circunstâncias. Seu sofrimento já durava 18 anos. Para os preceitos da época, representa meia vida de sofrimentos. Não há como voltar amanhã pra ver se alguém consegue dar um jeito!

Prontamente Jesus a toma para perto de si e declara: “Mulher, você está livre da sua doença” seguido da imposição das mãos. Epitítemi pode significar impor as mãos de forma pesada ou de maneira ajudadora. Jesus não quer ser mais um peso para esta mulher curvada. Ela não precisa de mais uma carga. Precisa de libertação do seu mal e de todos os males que lhe são causados em decorrência deste primeiro. Ou seria o inverso?

Jesus não impõe nenhuma condição à mulher. Pelo contrário, impõe a si mesmo a condição da ajuda por amor.

A mão pesada

O dirigente da sinagoga fica irritado. Com palavras pesadas fez pesar suas mãos sobre o Mestre e a doente. Sem demonstrar sensibilidade o funcionário faz valer a lei e a ordem, tudo como estava prescrito.

No entanto a falta de sensibilidade não se restringe ao dirigente da sinagoga. Todas as outras pessoas não tinham visto a doente. Certamente não era a primeira vez que ela se dirigia ao lugar da oração procurando a misericórdia divina. Ademais, a mulher encurvada nada, absolutamente nada estava fazendo. Lucas, que era médico, nem sequer menciona que ela tenha pedido algo. Provavelmente nem erguia os olhos. Não sei. O importante aqui é constatar que a mulher doente não cometeu nenhum delito naquele sábado na sinagoga.

A mão pesada se faz sentir com novas regras: “Há seis dias em que se deve trabalhar. Venham para ser curados nesses dias, e não no sábado”. (v.14) Isso significa que foi pedido ao povo que não buscasse a proximidade e ajuda de Deus no dia santo. Foi proibido que as pessoas fizessem seu exercício de amor ao próximo todos os dias. Aos sábados, não! Aceitar um presente gracioso de Deus, uma cura, um restabelecimento de confiança, tudo se torna proibido porque isso poderia estar significando trabalho.

Libertação da dissimulação

Jesus solta um sonoro ypokrites, palavra que nem preciso traduzir do grego. O Senhor percebeu que estava ali um velhaco que oculta os seus vícios e incoerências sob a capa da religião. Dentro daquele contexto, e diante do xingamento de Jesus, se percebe que este dirigente era um dissimulador que pretendia fazer nome e fama e, quem sabe, uma promoção de cargo.

Logo em seguida, Jesus se dirige às pessoas ali presentes. Naquele sabbat, dia da cessação do trabalho, Jesus não está falando de alguém que caiu em uma cova e não pode ser resgatado, não fala de puxar o gado pequeno para fora do estábulo, não fala de tirar água do poço para matar a sede de um passante. Jesus fala, isto sim, de libertar, de soltar as amarras, para que cada ser em necessidade encontre o caminho da restauração (v.15b).

Uma filha de Abraão – uma filha de fé - se torna liberta das amarras do enganador. Estamos diante de um exemplo de tomada de consciência que muda toda a vida de uma pessoa que não tinha forças para erguer os olhos e encarar a vida de frente.

Conclusão

Enquanto alguns dos ouvintes de Jesus se envergonharam pelo que tiveram de constatar em si mesmos, outros se maravilharam porque nunca tinham sido esclarecidos desses fatos. Pessoas frias de coração, ainda assim, poderiam dizer: se esta mulher já sofria há dezoito anos, por que Jesus não poderia esperar mais um dia? Quem pode garantir que um dia a mais não poderá ser tarde demais?

Adolescentes cada vez mais praticam o suicídio. Há relatos de casos onde crianças com seis anos começam a falar disso e com 12 ou 13 consumam as ameaças. Um dia a mais pode ser tarde para indicar a libertação. Enquanto isso a família é pega de surpresa porque não olhou olho-no-olho de seus filhos.

A Amazônia legal está com milhares de focos de incêndio exatamente neste momento. O assunto se tornou uma histeria mundial. Todos os lados têm razão: tanto em denunciar a gravidade do assunto como ao dizer que não é bem assim. Acho que dá para ouvir, em ambos os contextos, a palavra grega usada por Jesus: ypokrites. Há muita dissimulação e inúmeras notícias falsas no ar, e estas são tão ou mais perigosas que a fuligem que se respira com as queimadas. Governantes não olham olho-no-olho dos que sofrem, para assim serem curados de suas loucuras.

A poderosa resposta de Jesus, por um lado, e o ato de curar, por outro, aumentaram grandemente a admiração do povo. A situação faz com que Jesus fale da futura expansão do reino de Deus para dois lados complementares em duas parábolas curtas que vêm na sequência do nosso texto. São as parábolas do grão de mostarda e do fermento.

Querida comunidade!
Diante dos desafios de nossos dias incendiários, encaremos as questões de frente, como pessoas libertadas e que podem se colocar altivas e convincentes diante dos problemas. Não sejamos reféns do medo de erguer a cabeça. Vamos defender a vida com as armas da verdade. Que a fé resgatadora e salvadora de Jesus em nossa vida, nos liberte de preconceitos e comportamentos, nos tornando pessoas que ama e ajudam sem perguntar pelas circunstâncias.

Levanta os olhos e diga “sim” para Cristo Jesus. Todas as demais coisas lhe serão acrescentadas.

Amém.
 


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 13 / Versículo Inicial: 10 / Versículo Final: 17
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 52935

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