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ID: 341

Viver o Batismo: dons à serviço - o testemunho das comunidades cristãs em Romanos 16 / Estudo Bíblico

Autoria P. Me. Alexander Busch Estudo bíblico a partir de Rm 16.1-7

16/07/2021

“Viver o Batismo: dons a serviço” – Rm 16.1-16
 

Palavra de Saudação
(1) “Assim, quando fomos batizados, fomos sepultados com Cristo por termos morrido junto com ele. E isso para que, assim como Cristo foi ressuscitado pelo poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6.4). “Viver o Batismo: dons a serviço” é o tema do ano 2021. A partir da fé em Cristo, o batismo nos dá uma vida nova e nos compromete em colocar os dons de Deus a serviço das pessoas. A comunidade cristã é um dos espaços onde vivemos o batismo, numa nova relação com Deus e com as pessoas ao nosso redor.
Cantos / Oração / leitura de Rm 16.1-16/ Reflexão

 

(2) Na carta de Paulo aos Romanos encontramos uma lista de pessoas vivendo o batismo, colocando dons à serviço. Esta lista encontra-se no final da carta, entre as saudações pessoais do apóstolo. Nestas palavras de despedida, percebemos Paulo descrevendo uma rede de relações bastante dinâmica. Paulo menciona o nome de 28 pessoas, entre homens e mulheres, incluindo alguns nomes que geralmente eram usados para escravos, como Hermes ou Pérsida. Paulo elogia este grupo misto de pessoas por causa do seu serviço nas comunidades cristãs e seu compromisso com o evangelho. Em relação a algumas pessoas, Paulo conta mais detalhes sobre quem são e como colocam seus dons à serviço. Todas elas, porém, são pessoas que, de uma forma ou outra, exercem liderança e são exemplos positivos para as comunidades da qual fazem parte. Em nosso estudo, queremos destacar algumas destas pessoas que nos ensinam algo importante sobre a vida nova que Cristo nos dá.
 

(3) “Eu recomendo a vocês a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cencreia. Recebam essa irmã em nome do Senhor, como deve fazer o povo de Deus. Deem a ela toda a ajuda que precisar, pois ela tem ajudado muita gente e a mim também” (Rm 16.1-2).
(4) A primeira pessoa a destacar é uma mulher, Febe. O nome Febe é de origem não-judaica. Paulo é judeu, porém se refere a ela como ‘nossa irmã Febe’. Ou seja, a comunidade cristã reúne pessoas de diferentes povos, judeus e não-judeus, que agora fazem parte do mesmo povo de Deus. Febe também é chamada de ‘diaconisa da igreja de Cencreia’, um vilarejo próximo da cidade portuária de Corinto. Neste tempo das primeiras comunidades cristãs, nós não sabemos ao certo qual o trabalho que uma diaconisa exercia. Não temos no NT uma descrição do seu trabalho. O que sabemos é que Febe ocupa uma posição de autoridade reconhecida pelas comunidades, relacionada a algum tipo de serviço a pessoas em necessidade. Por fim, Paulo se refere a Febe como uma pessoa que tem ajudado muita gente, inclusive Paulo. No Grego, que é a língua em que esta carta foi escrita, Paulo dá a entender que esta ajuda inclui ajuda material. Ele usa a palavra prostatis, traduzida como ajudar – uma palavra que inclui compartilhar bens materiais ou dinheiro. Ou seja, Febe é uma mulher, de origem não-judaica, que ocupa uma posição de autoridade e disposta a contribuir financeiramente e com seus bens na comunidade.
(5) Portanto, aprendemos com Febe a importância do servir, incluindo a contribuição na comunidade através de ofertas financeiras ou bens materiais. Pensando nos dias de hoje, porque algumas pessoas insistem em contribuir na comunidade com o mínimo necessário, ou, às vezes, nem querem contribuir? E qual a motivação correta (ou motivações corretas) para ofertar com generosidade?

(6) “Mando saudações a Priscila e ao seu marido Áquila, meus companheiros no serviço de Cristo Jesus. Eles arriscaram a sua vida por mim. Sou muito agradecido a eles; e não somente eu, mas também todas as igrejas dos que não são judeus. Saudações também à igreja que se reúne na casa deles” (Rm 16.3-5).
(7) Com gratidão, Paulo envia saudações ao casal Priscila e Áquila, pessoas que trabalharam junto com Paulo na cidade de Corinto (Atos 18.2-3, 18-19, 24-26). Tanto Paulo como o casal garantiam sua subsistência em Corinto fazendo tendas, e, onde houvesse oportunidade, anunciavam o evangelho de Cristo. Assim como Paulo, o casal era de origem judaica, mas se esforçaram para levar a boa notícia aos não-judeus. Seu servir é motivo de gratidão para Paulo e para as igrejas dos que não são judeus (Rm 16.4). Agora residindo em Roma, o casal faz parte de uma comunidade que se reúne na casa deles (Rm 16.5).
(8) O que também se destaca é a parceria e a liderança compartilhada do casal em prol do evangelho. Em momento algum, Paulo dá a entender que Priscila tem menos valor do que seu companheiro ou que os dons do casal fossem menos importantes do que os dons de Paulo. Ou seja, conforme a boa notícia de Cristo, cada pessoa é digna de ser respeitada e valorizada. E todos os dons que Deus concede para servir na comunidade são importantes e se complementam. Sobre isto Paulo escreve numa outra carta, “Porque vocês foram batizados para ficarem unidos com Cristo e assim se revestiram com as qualidades do próprio Cristo. Desse modo não existe diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus” (Gl 3.27-28).
(9) Aprendemos de Priscila e Áquila, a importância da liderança compartilhada, da parceria, do respeito mútuo, e da dignidade de cada pessoa. Esta á a boa notícia que a comunidade cristã é chamada para viver e promover nos relacionamentos entre as pessoas da comunidade e noutros espaços, como a família, o trabalho, a sociedade em geral. O que atrapalha a parceria e o trabalho conjunto entre as pessoas na comunidade e noutros espaços? O que é necessário para promover uma boa parceria e relacionamento de respeito e dignidade entre as pessoas?

(10) “Saudações a Andrônico e à irmã Júnia, meus patrícios judeus, que estiveram comigo na prisão. Eles são apóstolos bem-conhecidos e se tornaram cristãos antes de mim” (Rm 16.7).
(11) Por fim, destacamos ao irmão Andrônico e à irmã Júnia. Os dois nomes são de origem judaica. Não sabemos quando ficaram com Paulo na prisão, tampouco se acompanharam Paulo em suas viagens missionárias. Entretanto, Paulo os chama de apóstolos - uma palavra grega que significa ‘enviado’. É a mesma palavra que Jesus usa com o seu grupo de 12 seguidores, ao enviá-los para anunciar o Reino de Deus (Mt 12.5). No NT outras pessoas também foram chamadas de ‘apóstolos’, entre elas Barnabé e o próprio Paulo. O trabalho de apóstolo está relacionado ao envio para regiões distantes a fim de anunciar o evangelho. A irmã Júnia, porém, é a única mulher em todo o NT que recebe este título. Assim como seu companheiro Andrônico, não sabemos onde e quando ela atuou. Fato é que Paulo cita seu nome e ela é bem-conhecida entre as comunidades como uma apóstola.
(12) O que também sabemos sobre Júnia é que, por muito tempo, na história da igreja, sua identidade como mulher não foi questionada. Pessoas conhecidas liam a carta aos Romanos e passavam adiante os seus ensinos, sempre reconhecendo a irmã Júnia como apóstola. Contudo, no século XIV, o arcebispo Giles em Roma questionou a identidade de Júnia e insistiu que, na realidade, Paulo se referia a um nome masculino: Júnias. Para Giles, era impossível que uma mulher exercesse na igreja a função de ‘apóstolo’ – isto explica sua resistência ao nome Júnia. Esta interpretação foi passada adiante e prevaleceu por longo tempo. Somente nas últimas décadas, as pessoas que estudam o NT em Grego perceberam a injustiça e corrigiram o erro, colocando Júnia no seu devido lugar, como mulher e apóstola, assim conhecida por Paulo e pelas comunidades cristãs em Roma.
(13) O que aconteceu com a irmã Júnia é um exemplo entre muitos de momentos na história do cristianismo, quando mulheres permaneceram invisíveis e muitos dos dons que elas receberam de Deus foram negados. Graças ao Espírito de Deus, em tempos recentes, as igrejas, entre elas a IECLB, repensaram as relações entre homens e mulheres e deram devido valor aos muitos dons que Deus concedeu às mulheres. Assim sendo, na IECLB, desde a década de 1980, mulheres tem compartilhado com homens posições de liderança nos presbitérios das comunidades, nos sínodos e na igreja a nível nacional. De modo semelhante, mulheres, chamadas por Deus e se preparando no curso de teologia ao lado de colegas homens, têm sido ordenadas na IECLB. Como pastoras, missionárias, catequistas e diáconas, ou como lideranças na comunidade e seus grupos, as mulheres, lado a lado com homens, estão vivendo seu batismo e colocando dons à serviço das pessoas na comunidade e no mundo.
(15) Da irmã Júnia aprendemos que, infelizmente, a comunidade cristã e a igreja como um todo podem cometer um ato de violência contra os próprios membros do corpo de Cristo. No exemplo de Júnia, as mulheres podem permanecer invisíveis e suas contribuições e dons são negados. Será que existem outros exemplos de violência contra as mulheres (e também outras pessoas) que nós, comunidade cristã, cometemos? Como prevenir entre as pessoas todas as formas de violência, desde a violência sutil e aparentemente insignificante, como a violência aberta e escancarada? Como garantir um espaço de acolhimento, de valorização dos diferentes dons e a participação de todas as pessoas sem discriminação entre homens e mulheres, ou discriminação por causa da idade, classe social, pessoa com deficiência ou origem étnica (raça)?

 

Canto / Oração final e Pai Nosso / Benção
©Pastor Me. Alexander Busch


  


Autor(a): P. Me. Alexander R. Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Área: Missão / Nível: Missão - Formação / Subnível: Missão - Formação - Educação Cristã
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Bíblia
Testamento: Novo / Livro: Romanos / Capitulo: 16 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 7
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 63711

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