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Mesmo sofrendo a dor da rejeição, Deus persiste em vir ao nosso encontro. Lc 13.31-35

Prédica em Lucas 13.31-35 para 2º. Domingo na Quaresma. Autoria Pa. Adriana Busch e P. Alexander Busch

08/03/2022

Estimada comunidade,
A rejeição é uma das feridas emocionais mais difíceis de lidar. Pode levar uma pessoa ao fundo do poço e até entrar em um estado de depressão profunda. Infelizmente, é comum as pessoas lidarem todos os dias com situações de rejeição. E exemplos de rejeição não nos faltam: João era um empregado fiel, que dedicou mais de 20 anos de sua vida trabalhando em uma mesma empresa. Até que um dia, pela manhã, recebe um recado pedindo que ele passasse na sala de recursos humanos para assinar sua demissão. No mesmo instante ele sente que perdeu o chão debaixo dos seus pés e uma tristeza profunda invade o seu coração. Como pode ser dispensado assim da empresa que ele ajudou a construir? João se sente traído, abandonado e rejeitado por aqueles a quem tanto se dedicou.

Maria é uma jovem sonhadora que há cinco anos conheceu o homem de sua vida. Tem planos de casamento, construir família, ter filhos. Até que um dia, uma mensagem em seu celular acaba com todos esses planos. Era seu noivo terminando o namoro, pois havia se apaixonado por outra pessoa. Maria experimenta a dor da rejeição.

Dora e Vicente criaram 4 filhos. Agora todos já adultos e ocupados com seus muitos afazeres e compromissos de trabalho e família. Eles não têm tempo para estar com os pais idosos. Para completar, Dora caiu e fraturou a perna e não consegue mais caminhar, cuidar da casa e do esposo que também tem muitos problemas de saúde. O casal vai morar em uma casa de repouso para pessoas idosas. Eles se sentem bem lá, são bem cuidados e amados pelos funcionários. Mas sentem saudades dos filhos e principalmente dos netos que quase não os visitam. Sentem-se abandonados e rejeitados por eles.

Pergunto! E você já sentiu a dor da rejeição? Já teve de lidar com uma situação de abandono? Já se entristeceu com alguém que lhe virou as costas no momento em que mais precisava dela? Na história do evangelho de hoje podemos ouvir e sentir a dor Jesus que é rejeitado pelo seu próprio povo. Jesus está a caminho de Jerusalém, o caminho que o levará até a cruz. Neste caminho, alguns fariseus se aproximam de Jesus, trazendo aparentemente uma mensagem para seu próprio bem: Vai embora daqui, porque Herodes quer te matar. O aviso de alerta tem um objetivo: através da ameaça e medo, convencer Jesus a ir embora e desviar Jesus do seu caminho. Herodes era o rei, designado pelo império romano, para reinar sobre Jerusalém e regiões próximas e que governava com mão de ferro e violência. Jesus, porém, conhece a astúcia de seus interlocutores. Os fariseus agem com esperteza, como uma raposa. Por isso, Jesus os manda de volta para dizer a Herodes que ele não se desviará de seu caminho. Nesta resposta de Jesus, percebemos uma sutil ironia porque os fariseus não eram aliados de Herodes. Muito pelo contrário, o rei Herodes poderia mandar matar estes fariseus como bem o fazia contra outras pessoas. Jesus, portanto, se mantém firme no caminho para cumprir a missão que Deus lhe confiou.

E em tom de lamento, Jesus revela a dor da rejeição: “Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda! Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas, mas vocês não quiseram!” Jerusalém, Jerusalém – a repetição das palavras são expressão de lamento ao falar desta cidade e deste povo que Deus tanto amou e cuidou. Ao longo da história, Deus cuidou de seu povo como bons pais cuidam de seus filhos. Aconteceu, porém, que em muitos momentos, o povo se afastou de Deus e da sua vontade caindo em pecado e em desgraça. Neste momento, Deus agia enviando mensageiros e profetas para conduzir o povo de volta a sua vontade. Por vezes, os profetas eram ouvidos, mas muitas vezes o povo não dava ouvidos aos mensageiros de Deus. Rejeitavam a mensagem e mais ainda, se tornavam hostis e violentos, a ponto de acabar com a vida de muitos desses profetas. Tal como uma galinha que ajunta seus pintinhos debaixo de suas asas para protegê-los, Deus agia em favor de seu povo, mas o povo rejeitava seus cuidados e orientação.

Essa atitude, essa situação, não é própria apenas do povo de Israel, dos moradores da Jerusalém da época de Jesus. Ainda hoje, muitas pessoas dão as costas para Deus, abandonam a mensagem de amor e compromisso que vivenciaram na comunidade cristã para abraçar o mundo e seu estilo de vida. São como a terra dura, cheia de pedras e espinhos, na qual as sementes lançadas em suas vidas não germinam tampouco produzem uma colheita farta. Sim, como igreja lamentamos os filhos e filhas da comunidade cristã que se perderam no caminho e oramos para que retornem.

Mas também é preciso fazer aqui um alerta, não com segundas intenções como os fariseus o fazem, mas sim como profeta de Deus. Pois não são somente as pessoas que deixam de congregar que rejeitam o amor de Deus e dão as costas para Jesus. Também na comunidade, entre nós, muitas vezes nós rejeitamos o amor de Deus e damos as costas para Jesus. Penso, por exemplo, naquelas situações onde nos consideramos bons o suficiente para resolver sozinho todos os problemas, todas as situações complicadas da vida sem a orientação, a ajuda, a compreensão da Palavra de Deus. Ou ainda, quando insistimos em guardar rancor, rejeitando o perdão e a fé porque não confiamos que o perdão de Deus tem poder para restaurar e transformar relacionamentos. Ou ainda, damos as costas a Jesus quando estabelecemos tantos itens na nossa lista de prioridades, que mal sobra tempo para se dedicar à leitura e oração com a Palavra de Deus ou tempo para servir na comunidade e outros espaços onde nós podemos nos doar ao próximo. Nestes exemplos e muitos outros que poderíamos citar, corremos o risco de rejeitar o diálogo, a reconciliação e a paz que Jesus nos oferece e, ao invés disso, destinar nossos recursos e talentos para promover fofocas, mentiras, hostilidades e guerras. Há momentos, talvez mais do que queremos reconhecer, em que Jesus olha para nós com tristeza porque, com braços estendidos, ele quer nos acolher, mas nós rejeitamos seu amor. A dor da rejeição machuca.

Mas eis algo surpreendente. Mesmo ao dar as costas para Deus, mesmo que recusemos o abraço e cuidado de Jesus, Deus é fiel em continuar insistindo e persistindo conosco. O evangelho segundo Lucas está repleto de estórias que apontam para estas boas novas. Jesus certa vez contou a estória de um jovem que desperdiçou a herança de seu pai, e mesmo assim o pai aguardava seu retorno para acolher o filho perdido. Outra palavra de Jesus nos remete ao bom pastor que deixou suas ovelhas no aprisco para buscar a ovelha que estava perdida, um sinal do amor persistente de Deus, um amor que não nos abandona à própria sorte. E ainda hoje ouvimos da boca de Jesus esta imagem de uma galinha que abriga sob suas asas seus filhotes. Deus não descansa enquanto não estivermos seguros e protegidas sob suas asas. Aliás, o texto em Lucas que ouvimos hoje termina num tom de promessa. Jesus diz, “Eu afirmo que vocês não me verão mais, até chegar o tempo em que dirão, “Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor!”. Esta palavra é promessa de Jesus de que ele vai permanecer firme na missão que Deus lhe confiou. O tempo há de chegar em que Jesus vem e o amor de Deus prevalece acima da rejeição humana.

E foi assim que, numa festa de Páscoa, a muito tempo atrás, Deus chorou a dor da rejeição. Jesus foi pendurado na cruz para ali morrer abandonado. Entretanto, a dor da rejeição não são obstáculo para impedir a missão de Jesus e o amor de Deus em nosso favor. Por isso, vamos também nós, neste tempo de quaresma, refletir e andar com Jesus em direção a Jerusalém, e neste caminho anunciar que Deus não se intimida com a dor da rejeição, mas com determinação e persistência nos convida para encontrar um abrigo seguro debaixo de suas asas. Vamos hoje anunciar o amor e a paz de Jesus para este nosso mundo tão conturbado, levando um abraço e uma palavra amiga para as pessoas que sofrem, uma palavra de perdão com quem nos desentendemos. Vamos hoje servir a Deus neste mundo colocando nossos dons a disposição aqui na comunidade, ou lá onde moramos, estudamos, trabalhamos. Pode ser que, às vezes, ao fazermos isso não sejamos compreendidos, ou sejamos até rejeitados como Jesus foi. Deus, no entanto, estará sempre conosco, sua mão sobre nós é como as asas da ave que protege seus filhotes, hoje e sempre. Amém.
 


Autor(a): Pa. Adriana Kuhn Busch - colaboração de P. Me. Alexander Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 13 / Versículo Inicial: 31 / Versículo Final: 35
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 66321

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