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ID: 364

Dia das Mães - João 15.26-16,4a

Prédica

14/05/1972

DIA DAS MÃES

Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim; Ora, estas cousas vos tenho dito para que, quando a hora chegar, vos recordeis de que eu vo-las disse; Não vo-las disse desde o princípio, porque eu estava convosco. - (João 15.26-16,4a) 

Alguém poderia perguntar: Qual o valor, qual o sentido de a gente continuar a ouvir e a ler palavras de despedida de Jesus? Afinal, Jesus já se despediu há tanto tempo, seus primeiros discípulos também já não existem há quase dois mil anos. Digamos assim: não haveria assunto mais urgente, mais importante, a ser examinado no Dia das Mães

A primeira coisa a dizer: Quando Jesus se despede de seus discípulos e fala sobre o futuro deles, essas palavras não se dirigem apenas àquele primeiro grupo de homens e mulheres daqueles velhos tempos. Nós também somos discípulos de Jesus. Os homens e mulheres que hoje formam a comunidade cristã, ,a Igreja, também vivem depois da despedida de Jesus. E é muito provável que nós, assim como os primeiros discípulos, tenhamos algumas necessidades iguais. Por exemplo: Existirá uma única pessoa neste mundo, que nunca precisou de consolo? 

Jesus promete consolo aos homens e mulheres. Jesus até fala de um Consolador: o Espírito da verdade, o Espírito Santo, essa presença de Deus entre nós. Sim, todos nós precisamos de consolo, vez por outra. E o consolo que vem de Jesus, o auxílio com que podemos contar, está muito intimamente ligado com a verdade. Com efeito, não existe consolo sem verdade! As consolações baseadas apenas nos panos quentes, apenas para constar, apenas para tapear — não funcionam. Ou, pelo menos, não funcionam muito tempo. Mais cedo ou mais tarde, vem a desilusão — e o desconsolo. Para alcançar verdadeiro consolo, todos nós precisamos de uma verdade consoladora: a verdade a respeito de Jesus Cristo. 

O que Jesus diz a seus discípulos de ontem e de hoje, é isso: Todo aquele que está aflito e sobrecarregado, não precisa procurar muito, aqui e ali. Procure a mim e eu o aliviarei, eu o consolarei — estabelecendo a verdade a respeito de Deus — a verdade a respeito das relações entre Deus e os homens — a verdade a respeito de cada um. 

É claro que muita coisa poderia ser dita acerca dessa verdade. Para começo de conversa, ela nunca é a nossa verdade, ela nunca está debaixo de nosso controle, nós nunca podemos manipulá-la. Mas se a gente quisesse, uma vez, resumir o que seja essa verdade, talvez baste lembrar e guardar isto: 

A verdade a respeito de Deus é que ele faz questão de ser nosso Deus conosco, Deus no meio de nós. Deus que gosta de nós, Deus que sempre toma partido a favor do homem. E será que, então, Deus nunca dá o contra? Claro que dá. E como dá! Deus é contra tudo aquilo que possa atrapalhar e estragar suas relações com os homens. E por isso Deus é contra a morte e contra tudo aquilo que tem cheiro de morte. Exemplo: o egoísmo, do qual nascem todas as outras maldades, invejas e destruições entre os homens. 

Nesse ponto, é preciso dizer que tanto os que conhecem esse Pai como os que ainda o procuram, estão unidos numa mesma verdade: a verdade a respeito de nós mesmos. Quem somos nós? Nós somos aqueles que provocam, alimentam e até espalham tudo isso que tem cheiro de morte — e que envenena a vida dos homens todos. Nós somos os egoístas a quem Deus ama de verdade. E justamente porque o amor de Deus é um amor de verdade, Deus faz questão de estabelecer a verdade a respeito de nós mesmos, destruindo nosso egoísmo. A destruição de nosso egoísmo é o maior consolo que Deus pode dar. Porque esse consolo nos transforma em testemunhas. 

Todo cristão é uma testemunha desse amor e desse consolo de Deus. Mas que significa testemunhar?

1º.) Confessar, professar algo. Eu creio que isso é assim e assim. Estou certo disso. Estou disposto a defender minha convicção. 

2º.) Comprometer-se com algo que me toca lá no fundo, me pega, me abala, .me comove, mexe comigo, me cativa, que se refere à minha própria maneira de viver. 

3º.) Testemunhar é mais do que ter interesse por algo. Testemunhar não é só transmitir algo, comunicar um fato diante do qual posso permanecer neutro. Ao testemunhar a gente expõe uma parte de si mesmo, põe a descoberto uma porção de coisas intimas: Comigo é assim! É nisso que fundamento minha vida. 

4º.) É um apelo. Como estão as coisas com você? O apelo que eu ofereço é também um pedaço de minha própria pessoa, de minha própria vida. 

5º.) Testemunhar de Jesus Cristo! E mais ninguém! Não é fazer propaganda da própria Igreja. Não é contar como eu sou bonzinho, como eu sei rezar bonitinho, como eu fui batizado pelo Espírito Santo, etc. Isso não seria testemunho porque é traição. 

6º.) Falar do Cristo e de seus pequeninos irmãos neste mundo, Dizer que ele foi morto porque não se enquadrou nas regras do jogo — aquele jogo do egoísmo. Porque ele amou como nós não amamos, porque não pisoteou e condenou como nós pisoteamos e condenamos, porque ele acolheu aqueles que nós, com nosso moralismo barato e hipócrita, só sabemos rejeitar e desprezar. 

7º.) Todos notam: o testemunho leva adiante o consolo aos que precisam ser consolados: os famintos, os desempregados, os que morrem de doenças curáveis. Ao mesmo tempo, o testemunho do amor de Deus se torna bastante incômodo quando toca numa ferida muito funda e sempre aberta, que se chama verdade! 

(Mar de Espanha — 14-5-72)

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Autor(a): Breno Arno Schumann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Juiz de Fora (MG)
Área: Missão / Nível: Missão - Família
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 15 / Versículo Inicial: 26 / Versículo Final: 27
Título da publicação: Esperança - Centro Ecumênico de Informações / Editora: Tempo e Presença Editora Ltda. / Ano: 1974 / Volume: Suplemento Número 7
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 22292

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