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Planos para o Ano Novo

05/01/2016

“Ano novo, vida nova”, dizem muitos. Tem a ver com a renovação da esperança que o fim de um ciclo (2015) e o início de outro (2016) traz. Promessas são feitas para este novo ciclo, por vezes, na mais pura empolgação, sem planejamento e, em especial, comprometimento. Sonhar e ter objetivos são importantes na vida, mas é preciso colocar os pés no chão da realidade e não viver apenas de ilusões. No fim, acabam sendo frustrações. Ou, como alguém já disse: “Tem gente que passa a metade da vida planejando e a outra metade, se lamentando porque não fez”.

Sonhar e planejar são parte da essência do ser humano. Quem não sonha, planeja e busca alcançar novos objetivos para a vida corre mais riscos de ser tomado pela tristeza, apatia ou até depressão. Porém, é preciso continuamente ter a consciência de que não temos o controle da vida.

A Bíblia permanece bem atual quanto a este assunto, como em Tiago 4.13-17:

13Ouçam agora, vocês que dizem: Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro.
14Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa.
15Ao invés disso, deveriam dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.
16Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna.
17Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.

 

Tiago – irmão terreno de Jesus, por parte de Maria, mas que preferia ser conhecido como “escravo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (1.1) – toca na questão; é um livro bem prático da fé. Martim Lutero, por defender com tanto zelo a salvação por graça e fé, numa época em que se valorizava por demais as obras no meio cristão, tinha dificuldades com esta Carta. Mas, se for corretamente lida, visando a uma fé genuína e com frutos no dia-a-dia (“a fé sem obras é morta” – 2.17,26), é Palavra de Deus que mexe com nossos conceitos equivocados.

Para ilustrar, Tiago compara com os planos de mascates judeus – os representantes comerciais de hoje (4.13). A princípio, não há erro ou pecado em planejar, mas quando se confia exclusivamente no “próprio taco”, descartando a soberania e a vontade de Deus, nos iludimos e pecamos. A ilusão é achar que se controla a vida, que colocando “A” de um lado vai sair “B” do outro, conforme nosso planejamento “perfeito”. Por isso, Tiago nos compara a uma neblina, a vapor de água que, com o calor do dia aumentando, se dissipa (4.14). Como diz o ditado: “Neblina baixa, sol que racha”. Essa é a vida do ser humano. Parece forte, dá a impressão que vai permanecer, mas desaparece sem deixar vestígios...

A boa notícia é que Deus ama seus filhos e filhas. Ele participa de todas as etapas e momentos da vida, já desde o ventre onde iniciou nossa jornada até a hora do nosso último suspiro. Tiago orienta as pessoas de fé: “Se o Senhor quiser...” (4.15). Talvez, daí tenha surgido expressão “se Deus quiser”, tão usada que parece ter perdido o sentido. Levada a sério, é o reconhecimento que Deus é o Doador e Mantenedor da vida. Sem Ele, não somos nada e não conseguimos fazer nada. Como Jesus disse: “Qual de vocês, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar ‘meio metro’ ao curso de sua vida?” (Mateus 6.27). Aliás, falando em vida, somente por meio de Jesus é que desfrutaremos vida abundante (João 10.10). Vida esta sob a vontade, a orientação, a soberania e a autoridade do Pai.

Tiago finaliza este conselho prático da fé afirmando que a pessoa que con-fia unicamente na sua autossuficiência comete pecado (4.16). É arrogante e se vangloria por não se submeter a Deus. Peca por tirá-lo do centro de sua vida, transgredindo o 1º mandamento (Eu sou o Senhor, teu Deus, não terás outros deuses além de mim), ao se transformar no seu próprio “deus ou deusa”. Assim, em nossos planos e ações, é preciso levar em consideração Deus e o próximo. Se busco algo para meu próprio bem, mas à custa da desobediência à Palavra de Deus e/ou do prejuízo a alguma pessoa, isto se torna mal. Como também deixar de fazer o bem (omissão) é agir mal e pecar (4.17).

Conhecemos o conselho de Jesus: “Busquem, pois, em primeiro lugar, o seu Reino e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6.33). Primeiro, a vontade, a orientação, a soberania e a autoridade do Pai. Ele conhece nossas necessidades (comida, bebida, vestuário, etc) e nos permitirá formas de obtermos o sustento e desfrutarmos as bênçãos do seu amor por nós. Não invertamos as prioridades, nem “sufoquemos” a vontade de Deus por causa de nossa arrogante autossuficiência. Cumpramos o que oramos no Pai Nosso (“seja feita a tua vontade...”).

2016 mal começou. Teoricamente, temos um ano todo pela frente. Porém, não controlamos nada, nem saberemos como irá ser. Sonhemos, planejemos e tenhamos novos objetivos, sim! Todavia, que seja como o Senhor quiser. E isso inclui paciência, perseverança, esperança e gratidão.

Para finalizar, qual é a participação de Deus nos seus sonhos, planos e objetivos para 2016? Você o tem colocado à frente de tudo? Pense nisso...
 


Autor(a): P. Alexandre Fernandes Francisco
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Joinville - São Mateus
Natureza do Domingo: Ano Novo

Testamento: Novo / Livro: Tiago / Capitulo: 4 / Versículo Inicial: 13 / Versículo Final: 17
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 36495

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