Ao dizer eis-me aqui, Senhor (Êxodo 3.4), Moisés acolhe o chamado de Deus para dispor-se a Ele, como seu Senhor. ‘Eis-me aqui’ é diferente do ‘sim, Senhor’ de um fiel soldado que responde ao seu capitão! Eis-me aqui significa entrega, total confiança e disposição em servir ao Senhor.

Quem é aquele que se entrega? Quem se entrega é aquele que não aguenta mais. Aquele que sabe que não pode mais sozinho. Aquele disposto a receber ajuda!

Então, eis-me aqui não é disposição – que nem tenho mais – que Deus espera de nós. Vivemos em tempos em que as pessoas são a quantidade que produzem ou fazem. A frase “não tenho tempo”, ou “minha agenda está cheia”, é comum. Eis-me aqui é antes de tudo uma confissão de humildade. “Toma, Senhor; eis aqui a minha vida, pois não sei mais que caminho seguir.” Ou “Pai, minhas forças se esgotaram. Leva Tu o meu barco”.

Deus quer ser o nosso Deus, aquele que nos serve, que nos ampara, que nos carrega nos braços. Deus quer ser Deus. Nós temos que aprender a ser humanos, do jeito que Ele nos quer e como nos criou. E ser humano é saber-se com dons e limites. É saber-se servo e servidor.

A que senhor nós temos respondido eis-me aqui? Ao consumismo desenfreado? À exploração moderna do ser humano cuja ideia é quem tem mais chora menos? Servir a Deus é, em primeiro lugar, deixar-se servir por Ele. Só quem se deixa servir por Deus conhece a dimensão maior do que é cuidado. Pois é a partir do servir de Deus que aprendemos o servir a outra pessoa. Logo após Moisés ter respondido a Deus, ele confessa sua dificuldade em falar (Ex 3.11). Mas Deus responde ao seu escolhido: “Eu serei contigo” (Ex 3.12).

Graças, Senhor, por nos amar humanos. Graças por nos servir em amor e cuidado. Graças por nos acolher. Graças por nos chamar a servir mesmo com nossos limites. E muitas graças por ser conosco. Amém!