A família de Charles Haddon Spurgeon tinha vindo da Holanda, de onde emigrou por motivo de sua religião. Na Inglaterra, ficaram membros de uma Igreja que insistia na mudança de vida dos convertidos. O menino Charles mostrou interesse nos assuntos da Bíblia, mas faltava-lhe convicção. Como adolescente, não achou paz nas Igrejas que frequentava. Uma vez, por motivo de muita neve, não foi para a Igreja de sempre e chegou numa capela pequena dos Metodistas Primitivos. O pregador, um homem simples, pregando sobre Is.45, 22, dirigiu-se a Spurgeon e lhe disse: “Você está triste. Olha para Jesus! Olha! Olha!” Isto foi a hora decisiva para Spurgeon. Agora, convertido e convencido, queria levar mais pessoas para Jesus e começou a pregar, sem ter freqüentado um seminário.
Aos 16 anos, foi batizado na Igreja Batista de Cambridge e logo fez pregações nas vilas ao redor da cidade. Quando fez 20 anos foi chamado, como pregador, para Londres. A recepção deste “Menino-Pregador” não foi muito cordial. Como é que um rapaz podia fazer prédicas boas? A sua estatura – baixinho e socado – também não ajudavam.
Neste ano, em 1854, a cólera tomou conta de Londres. Spurgeon foi solicitado a visitar os doentes e ajudar nos enterros. Uma vez, muito cansado, entrou numa sapataria e leu na parede a palavra do Salmo 91: “O Senhor é o meu refúgio, fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda.” Ele continuou o seu trabalho com novas forças.
As pregações de Spurgeon atraíam cada vez mais ouvintes. Foram alugados diversos espaços até que, com muita fé e trabalho – também do próprio Spurgeon – se iniciou a construção do “Tabernáculo”. Em 1861, ele foi inaugurado, tendo 7000 lugares.
Tal como o apóstolo Paulo, Spurgeon colocou Jesus, o crucificado, no centro de suas pregações. Alertou a comunidade que a luta contra o pecado dura até a morte e, por isso, ninguém pode sentir-se mais que o outro. Antes da sua morte, Spurgeon falou o seguinte: “A minha teologia é muito simples. Ela se resume em quatro palavras: “Jesus morreu por mim.”
Spurgeon também motivou a comunidade para ações concretas. Foram erguidas casas para pobres, fundadas Escolas Dominicais, um seminário para pregadores e um orfanato com 20 casas. Cada casa tinha 25 órfãos. A divulgação da Palavra foi tão importante, que Spurgeon, nas segundas-feiras, revisava a prédica do domingo anterior, que era logo impressa em grande número. Às vezes, saíam 200 000 exemplares. Encontramos, assim, 2242 prédicas de Spurgeon, muitas vezes em lugares bem distantes, como na Austrália ou nos Estados Unidos.
Spurgeon faleceu em 1892. Sessenta mil pessoas despediram-se desse grande pregador, quando foi velado em Londres.
Aqui, da segunda prédica de Spurgeon, sobre a Arca de Noé, alguns pensamentos:
A água levou todos: as águas levaram o gari, o filósofo, o professor, o doutor de teologia. A água levou todos. O trabalho bem feito não salvou. A sabedoria não serviu como bote de salvação, a lógica não serviu de colete para ser salvo. Mas vocês, que hoje falam bem de Noé, que dizem : “A fé cristã é muito boa! Os cristãos ajudam, isso é ótimo! Eu gosto de ouvir uma prédica boa....” Pessoal, falar bem do cristianismo não salva! Gente, também aqueles que trabalharam para Noé, que serraram as tábuas, que ajudaram a construir a Arca, os empregados de Noé, não se salvaram. E assim, também o zelador da Igreja, os anciãos, os membros da diretoria, os líderes, o pregador, o bispo e o arcebispo, todos que trabalham neste barco que é a Igreja, não se salvarão – como o gari e os que estão fora da Igreja. A diferença está unicamente naquilo: Quem não está em Cristo, está perdido.”