Georg Müller (1805-1898)

O pai dos órfãos em Bristol

01/03/2010

Em 1825 encontramos, em Halle, um estudante de teologia que não era muito diferente dos outros estudantes. Ele aproveitava a sua liberdade para participar de tudo que tinha na cidade universitária: aulas, festas, excursões, etc. Seu nome era Georg Müller.

Certa vez, recebeu o convite de um colega para acompanhá-lo a uma reunião de pietistas que se encontravam na casa de um seleiro. Müller ficou impressionado pela sinceridade dos homens e, em especial, pela maneira deles de fazer suas orações. Ele se ajoelhou também e entregou a sua vida a Deus.

Não demorou e foi para a Inglaterra. Primeiramente, trabalhava na missão entre judeus, depois tornou-se pregador duma comunidade independente.

A partir de 1832, Georg Müller e sua esposa Anna moravam em Bristol. Bristol, uns 200 km a oeste de London, com o seu porto e com muitas indústrias, era uma cidade bem diferente de London. Por causa dos marinheiros que vinham com os navios, havia muitos bares e boates. Por causa das indústrias, famílias pobres, à procura de emprego, viviam na cidade. O casal Müller fundou a pequena Comunidade “Igreja Aberta de Irmãos”. Paralelamente, Georg Müller iniciou uma Instituição para a impressão e divulgação de folhetos bíblicos na Inglaterra e no Exterior, produzindo e distribuindo livretos, folhetos e livros.

Muito impressionado pela situação dos muitos órfãos, Müller começou a pensar em como estes poderiam ter uma vida melhor. Ele observou que, além de viverem na rua, muitas vezes alguns órfãos eram recolhidos e aproveitados para trabalhar duramente ou, no caso das meninas, para a prostituição. A idéia de criar um orfanato, cada vez mais, tomou conta de Müller. Mas ele não sabia como iniciar uma obra dessas sem dinheiro.

O ano de 1835 foi difícil para Georg e Anna. Anna perdeu o pai, e houve outra perda: o filho de 15 meses morreu. Os dois estavam doentes e sem dinheiro. Anna sofria de depressão e Georg tinha problemas de estômago. Em fins de novembro lemos, no diário de Georg: “Eu pedi a Deus que tirasse a idéia da criação de um orfanato da minha cabeça, se este plano não for dele!”.

Em 5 de dezembro, quando abriu a Bíblia, ele leu no Salmo 81: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito. Abre bem a tua boca, e vou enchê-la”. A partir deste dia, os pedidos de Georg ficaram diferentes, já que o plano da construção de um orfanato continuou com ele. Ele pedia a Deus meios financeiros e pessoas para ajudar. Müller que lia sempre do novo a Bíblia do começo até o fim – até o fim da sua vida leu a Bíblia duzentas vezes! – contava com as promessas de Deus e, nas suas orações, falava a Deus das promessas feitas. Para não confiar em pessoas, Müller resolveu fazer os seus pedidos só a Deus. Quando faltava algo, Müller ia ao seu quartinho para orar. Às vezes, isso acontecia seis ou sete vezes por dia.

Levou quatro meses, até que Müller abrisse a primeira casa para os órfãos. No final do ano de 1836, esta casa abrigava 60 órfãos. Aos poucos a instituição cresceu e, finalmente, tinha capacidade para abrigar 2000 órfãos em cinco orfanatos. Eles recebiam não só roupa, comida e cama, mas também uma educação baseada nos ensinamentos cristãos. Nos 65 anos que Müller viveu em Bristol ele ajudou, assim, dez mil crianças e jovens.

Müller anotava tudo no seu diário e, ao mesmo tempo, era minucioso na contabilidade do dinheiro que chegava a ele. Folhando nos cadernos, onde ele anotava tudo, também o que era dinheiro particular dele, observa-se que ele não dava o dízimo para a obra de Deus. Ao contrário: em vez de dar um dízimo, ele só ficava com um dízimo, porque gastava quase tudo para os orfanatos, a gráfica, a missão ou outras necessidades.

Além de cuidar dos orfanatos, Müller, a partir de 1875, viajou como missionário para a América, Índia, Austrália, África, China, Japão, Alemanha, Suíça e Áustria.

Müller, relatando as suas experiências, contou: “Normalmente, a nossa previsão de alimentos para os órfãos era para três dias. Uma vez entristeci Deus, ficando preocupado, achando que Deus não tinha escutado a oração. Quando, naquela vez, veio a ajuda, e quando eu vi que Deus só queria por à prova nossa fé eu fiquei fortalecido. Desde lá, nos 50 anos que seguiram, graças a Ele, sou um dependente da sua graça.”
 


Autor(a): Isolde Mohr Frank
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Da nuvem de testemunhas / Ano: 2007
Natureza do Texto: Artigo
ID: 11549
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