Nos Alpes, na região de Salzburgo, viviam famílias que se converteram ao luteranismo. Atendidos por pastores formados nas universidades protestantes, faziam suas reuniões nas casas ou em outros lugares, até ao ar livre, porque toda a Áustria era católica e os protestantes não podiam construir igrejas. Cada vez mais colonos e burgueses das pequenas cidades participavam.
Todo poder daquela região estava nas mãos do arcebispo de Salzburgo, que não gostava da situação. Primeiro, proibiu as atividades dos pastores, que tiveram de sair do seu bispado. Os protestantes então reuniam-se meio às escondidas para ler a Bíblia, cantar e orar, sendo atendidos pelos chamados “leitores”, pessoas dos seus grupos que explicavam os textos lidos. Neste tempo, o número de membros desse movimento aumentava cada vez mais, chegando a milhares. Em 1685, a perseguição aos protestantes aumentou. Muitos foram presos, outros emigraram. Uma Comunidade inteira foi forçada a emigrar.
Nesse período, os evangélicos fizeram o seguinte: sempre escolhiam, além dos leitores, suplentes que, quando era preso o leitor, assumiam essa função. Nas reuniões, muitas vezes realizadas em vales distantes ou outros lugares difíceis de achar, colocavam guardas ao redor para avisar quando soldados chegavam perto. O movimento não enfraqueceu. Ao contrário: pelo conhecimento da Bíblia, a fé e a firmeza espiritual aumentaram.
Em 1727, o novo arcebispo Firmian assumiu o seu cargo. Com ódio no coração, ele disse as seguintes palavras: “Eu vou mandar embora todos os hereges, mesmo que depois só cresçam espinhos e inço nas suas lavouras!” Ele fez de conta que simpatizava com o movimento e mandou fazer uma relação nominal dos membros e dos líderes. A partir desta lista, mandou prender as lideranças e colocar em prisões que, então, ficaram superlotadas.
O arcebispo pediu reforço militar ao imperador. Vieram 7000 soldados que chegaram a morar nas casas dos evangélicos. Mesmo que o comportamento, muitas vezes, fosse provocante, os evangélicos não reagiam com violência. Suportavam com paciência tudo que lhes era imposto.
Em novembro de 1731, veio uma ordem: “Todos os que não possuíam terras devem, dentro de uma semana, deixar o bispado. Os outros, com propriedade, têm que partir no prazo de 1 a 3 meses.” O arcebispo que tinha dado este prazo, não respeitou a sua própria ordem. A partir de 14 de novembro, os soldados tiravam à força as pessoas das suas propriedades, às vezes no meio dos trabalhos que estavam fazendo. No fim de um ano, a 9 de novembro de 1732, os últimos, que eram mineiros, deixaram em barcos, o vale do rio Salzach. Neste ano, ao todo, 30 000 pessoas saíram da região.
Uma carta, escrita pelos evangélicos, foi dirigida ao rei da Prússia, que era evangélico. O Rei mandou examinar os dois homens que trouxeram a carta. Quando ele viu que os evangélicos de Salzburgo não eram fanáticos, mas pessoas simples, com vontade de trabalhar e viver a sua fé, ele deu ordens para recebê-los com muita atenção e carinho. Assim, onde passavam, eram recebidos ao som dos sinos das igrejas. Recebiam alimentos, mas também o que mais desejavam: Bíblias e apetrechos para a Santa Ceia. O Rei também ajudou financeiramente. Depois que chegaram em Berlim, uma grande parte foi encaminhada para o leste da Prússia, para colonizar esta região pouco habitada.
Os ministros do Rei concordaram com a iniciativa, porém com muitas dúvidas e receios. Acharam que a colonização não ia dar certo. Mas Deus abençoou este ato do Rei que agradeceu a Deus pela vinda dos Salzburger, lhe auxiliando assim, na colonização da região ao Leste de Berlim.