Katharina von Bora (1499-1552)

01/03/2010

Katharina era uma das muitas meninas que, na época, foram colocadas em monastérios. As famílias nobres, muitas vezes, tinham poucos recursos para dar educação e, mais tarde, um enxoval para suas filhas. Além disso, era bom ter alguém da família num monastério, para orar pela família. Assim, Katharina, em 1509, aos 10 anos, foi deixada com as freiras do monastério de Nimbschen, onde a sua tia era Superiora.

Katharina acostumou-se a viver nos horários rígidos do monastério. Além de aprender as matérias básicas, dadas na escola do monastério, ela ganhou conhecimentos e experiência em muitas áreas: culinária, cuidados com a horta e o jardim, enfermagem, costura, artesanato e música.

A partir de 1517, começaram a circular no monastério os escritos de Martim Lutero com as críticas sobre os escândalos na Igreja. Nove freiras jovens leram, às escondidas, o que Lutero escreveu e resolveram, em 1523, fugir do monastério. Katharina era uma delas.

Lutero, preocupado com essas jovens, conseguiu que algumas famílias em Wittenberg as recebessem. Katharina, assim, fez parte da família do renomado pintor Lucas Kranach.

Um jovem, de família rica, queria casar-se com Katharina, mas isso não aconteceu porque a família do jovem não aceitava uma moça sem bens.

Lutero gostava de Katharina e Katharina de Lutero, mas Lutero não queria casar, porque sabia que podia ser morto a qualquer instante a mando da Igreja Católica, que não tolerava pessoas como ele.

Mas em 1525, aconteceu o casamento. O Duque, na ocasião, cedeu o abandonado monastério dos Augustinos ao jovem casal, para morar lá.

Graças aos conhecimentos e a disciplina de Katharina - que levantava às 4 horas de manhã – Katharina conseguiu conciliar as múltiplas tarefas da esposa de Lutero. Ela era a conselheira de Lutero, a mãe de cinco filhos, a administradora da grande casa com várias empregadas, a chefe de cozinha e a pessoa que cuidava da horta e dos animais domésticos. O monastério, aos poucos, ficou em boas condições. Ao redor do monastério, cresciam frutas e verduras e as estalagens abrigavam cavalos, vacas, porcos e galinhas. Katharina também aproveitou o antigo direito do monastério de fazer sua própria cerveja.

A família de Lutero não era pequena. Além dos 5 filhos, estava lá uma tia de Katharina, alguns jovens órfãos (familiares de Lutero), o empregado aleijado de Lutero e alguns estudantes pobres da Universidade, que moravam nas celas do monastério. Muitas vezes, Lutero trazia para o almoço mais gente, ou por necessidades, ou por serem amigos.

Assim, não faltaram provas da fé em Deus porque, muitas vezes, a comida ou o dinheiro eram escassos.

De manhã, ao meio dia e de noite, havia leitura da Bíblia e cantavam-se hinos, muitas vezes escritos pelo próprio Lutero.

Katharina conseguiu cuidar de tudo. Ela era uma obediente e sábia auxiliar de Lutero. Ele amava e respeitava muito a sua companheira, dizendo do seu matrimônio o seguinte: “Não existe coisa melhor do que a união entre marido e esposa e não há coisa mais amarga do que a separação de um casal. Essa separação deve ser tão amarga como a morte de filhos. Eu sei como isso dói, porque experimentei a dor da separação, quando morreram minhas duas filhas.”

Lutero faleceu em 1546, Katharina, 6 anos mais tarde. Sofreu um acidente, quando tombou a carruagem em que fugia da peste negra que reinava em Wittenberg e veio a falecer em consequência desse acidente.


Autor(a): Isolde Mohr Frank
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Da nuvem de testemunhas / Ano: 2007
Natureza do Texto: Artigo
ID: 11525
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