O Fórum de Reflexão da Mulher Luterana e o grupo assessor de Gênero elaboraram e estão lançando a cartilha de estudos e celebrações intitulada Temas e conversas – pelo encontro da paz e superação da violência doméstica.
A incidência da violência doméstica é ainda altamente preocupante na nossa sociedade. As estatísticas e os registros disponíveis revelam que 70% das práticas de violência acontecem dentro de casa, sendo agressor o próprio marido ou companheiro. Mais de 40% destas ações violentas resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, queimaduras, espancamentos e até estrangulamentos. A cada quatro minutos, uma mulher sofre violência e, em média, ela denuncia o fato só depois da décima agressão. Em 2006, deu-se um passo significativo em nosso país no enfrentamento à violência contra a mulher, com a promulgação da Lei Maria da Penha (Lei nº. 11340, de 07/08/2006), que coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher. A promulgação da nova lei é um forte incentivo a que as mulheres rompam o silêncio, que é o maior aliado da violência e da impunidade.
“Como comunidade cristã nos deparamos com esse cenário das relações de gênero, que oferece novas e ricas possibilidades, mas que também nos alerta para os riscos, as omissões e as evidentes distorções”, confirma o pastor presidente da IELCB, Walter Altmann, no texto em que apresenta a publicação.
“Como IECLB, participamos junto com as demais igrejas da ecumene, na Década Ecumênica: As Igrejas em Solidariedade com as Mulheres – 1988-1998. Em 2005, publicamos o documento produzido pela Federação Luterana Mundial, As igrejas dizem NÃO à violência contra a Mulher. Esse documento exorta a que se chame a violência pelo seu nome: pecado. O mesmo foi amplamente distribuído para ser lido, estudado e compartilhado em grupos comunitários. Esse compartilhar de estudos e experiências não parou, mas continua dando impulsos. E um deles é a presente cartilha, que sistematiza reflexões desenvolvidas em nossas comunidades”, confirma Altmann. A sua publicação objetiva alcançar um público ainda mais amplo da IECLB.
A cartilha reúne textos, celebrações e propostas de trabalho em grupo para abordagem do assunto. “No geral, as mulheres ainda estão pouco inseridas na discussão sobre a violência”, avalia a presidente da Associação Nacional de grupos da OASE, Ani Cheila Kummer, no artigo escrito em conjunto com o pastor Varno Senger. “Cada vez mais, elas precisam conhecer as leis, seus direitos e ocupar espaços de liderança no trabalho. Quanto menos compreensão têm de si próprias e do mundo, mais vulneráveis estão aos riscos da violência.”