Fórum de Reflexão da Mulher Luterana


Memória do IX Fórum Nacional de Reflexão da Mulher Luterana

16/12/2012

  Memória do IX Fórum Nacional de Reflexão da Mulher Luterana

Campinas/SP, 18 a 20 de maio de 2012.

1. Sexta-feira, dia 18

Em 18 de maio de 2012, às 20:00 hs, teve início no Lar Luterano Belém em Campinas (SP), o IX Fórum Nacional de Reflexão da Mulher Luterana. Estiveram presentes 54 mulheres, representando os 18 Sínodos da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias e o ministro da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Campinas, P. Marcos Jair Ebeling.

Começando com o hino “Estamos aqui senhor” deu-se início ao IX Fórum de Reflexão da Mulher Luterana. Como sugestões das presentes foram cantados os hinos: “Se me chamam de pequena” e “Vem Espírito Santo”. A seguir Rosane Philippsen, Cristina Guilherme, Eliana Reinhardt e Rachel Pessoa de Oliveira se apresentaram em nome da Coordenação Nacional do Fórum de Reflexão da Mulher Luterana. Na sequencia foi saudada a Pª Rosangela Stange, Coordenadora de Gênero, Geração e Etnias que trouxe a saudação do P. Presidente da IECLB, P. Dr. Nestor Friedrich, da Secretária Geral da IECLB, Diác. Ingrit Voigt e do Secretário de Ação Comunitária, P. Dr. Mauro Souza com votos de um abençoado encontro para todas. O P. Marcos Jair Ebeling, da Comunidade de Campinas também saudou as presentes desejando-lhes que se sintam bem acolhidas no Lar Luterano Belém.

A Coordenadora do FRML Cristina Guilherme realizou com as presentes a dinâmica de integração do relógio que propiciou muitos contatos entre as participantes trocando informações sobre si num clima de muita descontração e alegria. Cristina saudou também as duas assessoras Pª. Ms. Marcia Blasi e a Fil. Herta Costa Scherer desejando-lhes a bênção do Senhor Deus para seu trabalho com as mulheres.

Márcia Blasi iniciou sua reflexão com o hino: “Bom estarmos unidas em comunhão e amor”. Com o texto de Eclesiastes 3: “Há tempo para tudo nesta vida...” esse tempo que ganhamos aqui hoje é um presente de Deus. O que partilharmos e ganharmos aqui é um presente de Deus. Somos desafiadas a partilhar já aqui, nossa partilha já começou e este é um tempo sagrado, um lugar sagrado. O que torna um lugar sagrado? A presença de Deus que já foi invocada na pessoa do Espírito Santo. Numa noite e numa casa onde fomos tão bem servidas com alimento. Mas principalmente servidas com o tempo de conversar, de ouvir, de ver novas ideias. Quem sabe tempo de desconstruir antigas ideias para dar espaço para novos jeitos. Marcia perguntou então: Na dinâmica de integração conversamos, trocamos informações, mas será que nos abraçamos? Propôs então pegar as echarpes e em silêncio, andar pela sala ao som da música “Eu quero ser feliz agora” de Osvaldo Montenegro, e sem conversar, nos abraçarmos com nossos lenços, como uma bênção. A seguir, fomos convidadas a desenhar uma grande espiral com nossos lenços a partir do altar com as velas e a cruz e, ao final, numa grande roda, de mãos unidas de forma a receber e a doar, oramos pelo Fórum, pelas mulheres e também pelos familiares, finalizando com o Pai Nosso. Assim, encerrou-se a programação desta primeira noite.

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Sábado, dia 19

A manhã de sábado iniciou com louvor coordenado por Rosane com os seguintes hinos: “Deus está aqui”; “Mas é preciso que o fruto se parta”; “Momento novo”. A meditação foi conduzida pela Rachel que iniciou com a leitura das senhas diárias para o dia de hoje: 

Deuteronômio 7.9 – Saberás, pois, que o Senhor, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos.

Romanos 3.3-4 – Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma!

A seguir foi feita a leitura do texto “As mulheres junto ao poço” de Kathy Galloway em forma de jogral com as falas distribuídas entre as participantes. Após a leitura foi realizada uma conversa duas a duas, trocando impressões sobre o texto a partir de perguntas para reflexão:

1. A partir de sua própria situação, você se identifica com algumas dessas mulheres?

2. Que pessoas foram portadoras de água da vida para você?

3. Que significa para você, em sua situação, apontar para outras a água da vida?

Relatos da plenária:

Sempre tem alguma dessas realidades no grupos, nas famílias. De apontar para as outras a água da vida. Estar aqui... nós tínhamos na comunidade uma senhora muito tristonha, e na comunidade se abriu, que trouxe uma história de abuso e que teve apoio do grupo para superar sua história. Vinha de uma região onde os homens são muito “cascudos”, mas aprendeu que no grupo e na comunidade as mulheres podem ser acolhidas.

Somos um pouquinho de cada uma dessas mulheres, e podemos nos colocar no lugar de cada uma destas mulheres!

Abandono, eu vivi uma situação de abandono quando do divórcio. E quem trouxe a água da vida foram as mulheres.

Como passar adiante, não é só para mim. Como passar adiante sem saber o que vai dar? Por ex.: ser alfabetizadora onde você “dá” a alguém algo muito especial...

Como pequenos gestos, considerados insignificantes, fazem diferença. Numa celebração foi ensaiada uma música gauchesca, foram aplaudidas, e uma das participantes disse: ”foi a primeira vez que fui aplaudida”, descobrindo que pode ser alguém que pode ser aplaudida.

Numa OASE que é OASE mesmo, foi sorteado um ramalhete de flores, mas a sorteada não podia levar e passou adiante. Que alegria daquela que recebeu as flores que disse o quanto foi importante recebê-las naquele dia.

Temos uma pitada de cada uma destas mulheres em nós.

Para finalizar este momento, foi feita a leitura conjunta do Credo da Mulher de Rachel Wahlberg. E Cristina Guilherme conduziu a oração matutina. Foi mencionada a presença de dois estudantes de teologia (Ezequiel e Jean) e depois teve a palavra o P. Guilherme Lieven, Pastor sSnodal do Sínodo Sudeste, que muito feliz saudou as participantes na certeza de que estejam bem no Lar Luterano de Retiros e na UP de Campinas.

P. Guilherme disse: “Eu tenho comigo agora uma consciência muito grande do presente que ganhei das mulheres da minha história, das minhas avós, mãe, esposa, filha e tantas outras mulheres da minha vida. Vocês nos assustam com seu modo de ser e viverem. Os homens duvidam, jamais fariam uma meditação com os homens a falar com Jesus. Eles não perguntam pelos homens da Bíblia, têm um outro jeito... como homens a gente não vê. E continuo aprendendo e que vocês continuem ensinando as mulheres e aos homens este jeito de ser, viver, olhar sua vida e não fugir dela, não se amedrontar com a cruz.

Numa região onde milhões de mulheres estão trabalhando, ajudando, mulheres fantásticas abraçando, dando as mãos, segurando a barra, ajudando a Deus a fincar sinais de vida, que a paz acompanhe a todas. Sejam todas bem vindas.”

A seguir a palavra foi passada para a Pª. Ms. Márcia Blasi que coordenou os trabalhos do dia, começando com uma dinâmica de apresentação: cinco grupos de cinco onde as participantes puderam se apresentar, contando um pouco de si. A seguir individualmente, todas se apresentaram de forma bem simples dizendo: “Eu sou...”

Pª. Márcia começou referindo-se às mulheres da meditação, muitas não tinham nome: são relacionadas a um lugar, a um homem. Sr. Fulano de Tal e esposa, ou viúva de Fulano de Tal. Nos relatos da multiplicação de pães e peixes se falam em tantos homens, mas não se especificam quantas mulheres e crianças estavam presentes. E quem são as mulheres de hoje pela manhã? Agar, Maria Madalena, Siro-fenícia e sua filha, a hemorrágica... mas um nome de mulher é pouco citado: Eva. E a pergunta: “Quem é Eva para nós?” 

Novamente em grupos de cinco, as participantes escrevem nas folhas, o que o nome de Eva evoca no imaginário.

Relatos dos grupos:

Eva como: desafiadora, transgressora, curiosa, estar ao lado, auxiliar idônea, audácia, vida, corajosa, mulher desafiadora, corajosa, guerreira, tentadora, rejeitada, persuasiva, chave de cadeia. 

Se olharmos, a Eva está coberta simbolicamente pelas folhas coladas nela. Cheia de adjetivos que falamos para ela, o que ela tem a ver com este encontro, o que ela tem a ver comigo?

Curiosa, porque quer aprender. Cansou de fazer o que diziam para ela... como o povo contou e recontou sua história, assim chegou a história de Eva, como se lembra o que foi contado, como esta história passou de geração em geração. Ela nos dá pistas muito interessantes. Ela foi curiosa, cansou de andar no jardim o inteiro, a chatice do paraíso (risos). Pensem em vocês, se tivessem que ficar o dia inteiro na cozinha? Deus nos deu esta curiosidade.
Audaciosa/corajosa características que a tornam desafiadora. Ela desafiou o não de Deus.

Rejeitada: ao lembrar de Eva sempre vem o adjetivo ruim. Quantas mulheres com o nome de Eva nós conhecemos. Nós mesmas rejeitamos a Eva, de procurar saber um pouco mais dessa mulher... isto veio muito forte ao grupo.

No outro grupo: que ela só ofereceu, e o próprio Adão aceitou, não questionou. Pela curiosidade ela foi atrás de um mundo melhor. Nós estamos aqui hoje porque estamos começando a ocupar nosso espaço. Sempre fomos muito submissas, principalmente na igreja.

Qualquer mulher que transgride a lei é duramente punida. Eu comi o fruto. Quem se atreve a sair do pátio da igreja... arrependimento e reencontro de ações.
Olhar para Eva e redescobrir a história e se redescobrir na história e se dar conta com quem transgride. O que acontece com quem sai deste quadrado. Na nossa vida, muitas coisas nos são ditas. No contexto atual as meninas são criadas no rosa, a mulher no estereótipo imposto por outros: cor, roupa, pensamento, comportamento...

Quando a gente pergunta, vem a consequência. É importante saber que na igreja é punida ou excluída quem pergunta. Carregar o compromisso de se fazer compreender... será que adianta eu estar aqui?

Quando a gente fala de Deus, como a gente reproduz esta imagem, como autoridade e não como relação entre as pessoas.
Trazer a perspectiva das mulheres no falar, da dificuldade de se fazer entender. Até que ponto o sistema está aberto para te ouvir... a acusação do sistema que nos faz sentir culpadas por não estarmos adaptadas.


Pª Márcia: Será que foi desobediência? Este texto responde a pergunta de quem? A quem interessou e interessa este texto?

A redescoberta... como esta questão ficou marcada em nós... a culpa de Eva. Esta culpa foi introjetada e aprendida em nós. Quem tem o poder de dizer que é isto ou aquilo? Para quem este texto foi escrito? O que o justifica hoje? E esta ainda é uma teologia transmitida em nossas TVs. 

Quando uma mulher vai numa reunião seja de Presbitério ou do Conselho da Igreja, como é chamada? Audaciosa ou atrevida?

Somos muito cruéis com nós mesmas e umas com as outras. 

Sempre nos lembramos das transgressoras como algo negativo, mas podemos ver isto de forma positivo. Quando conquistamos algum espaço, é porque temos capacidade para isto. 

Transgressão é um ato de coragem e nem sempre é pecado. Veja Gn 3.6-7:

6 Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. c

7 Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, d coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.

Somos esses saberes que acontecem quando abrimos os olhos... o fruto que ela comeu (talvez uma romã) foi criado por Deus e certamente era gostoso.
Que a benção criadora de Deus nos presenteie com ousadia, criatividade, curiosidade, sabedoria, coragem, amor... e tudo mais que vocês desejarem.
Vamos com esta benção sem culpa, deixar Eva nos inspirar no almoço e depois voltaremos com ela.

Preparando-se para a refeição do almoço as mulheres cantaram o hino: “A mesa posta”.

À tarde, a volta aos trabalhos foi com o hino 323: “O profeta”. A seguir Pª. Márcia continuou com a temática iniciada pela manhã:

No texto de Genesis 2.18, a palavra “idônea” no hebraico significa igual, no mesmo nível. Porém a Eva tem muitas camadas, tem muita culpa, punição, poder. As coisas que são atribuídas a ela como boas, nem todos as veem como boas.

Marcia desdobra as “camadas” da Eva e aparece um painel, com uma pessoa como todas nós. Que não tem medo de seus erros e acertos. Que tem vergonha também dos seus acertos. 

O que esta Eva nos oferece? Abrir os olhos, conhecimento, possibilidade, nos aceitar como bonitas, sábias.

Temos uma dificuldade muito grande de aceitar nossos erros. No senso comum nosso erro é atribuído simplesmente por sermos mulheres. 

Eva foi além, assumiu um novo capítulo de sua história ao pegar a maçã. Não deu para voltar atrás, tinha novas responsabilidades.

Como poderia ser diferente se Adão e Eva tivessem assumido perante Deus a responsabilidade sobre o fruto que foi comido. E até hoje ninguém quer assumir responsabilidade, que tem seu custo, tem consequências. 

Quando começamos hoje pela manhã, começamos pela nossa história, contando de si...

O grande desejo do encontro no Fórum: se ver, se ouvir, abrir os olhos. O que queremos como mulheres luteranas no Brasil. Como nós mulheres luteranas no Brasil vamos celebrar os 500 anos da Reforma no Brasil?

Como ficam as pastoras luteranas que não podem subir no altar numa celebração conjunta com a IELB?

E aí somos desafiadas. O que vamos falar? E as mulheres que estão nesta história? Qual a contribuição que nós como mulheres da IECLB temos? O que as mulheres do Brasil vão propor? Na república Tcheca as mulheres estão bordando a história das mulheres luteranas, e no Brasil?

Onde estão as informações? Tudo acontece em S. Leopoldo e Porto Alegre, e o resto do Brasil? Falta comunicação... publicar nos jornais, na internet. 

No Brasil, não estamos falando ainda sobre 2017. Houve um lançamento oficial na cúpula entre as duas igrejas, mas nas comunidades não estamos pensando ainda nisto. Na Europa as mulheres já estão se mobilizando. Precisamos pensar em como podemos fazer esta troca de informações entre nós, para ir articulando isto para 2017. Para que os trabalhos nas comunidades sejam planejados tendo em vista esta data. Sonhar que isto tem consequências sim, e que fazemos parte de um movimento mais do que local, e sim global. Mas precisamos ver como fazer isto... Ex.: Jardim de Lutero Sinodal, onde cada paróquia tem uma árvore nominada.

O Vale do Itajaí ficou sabendo por acaso do Fórum de Reflexão da Mulher Luterana, pois já se está no IX Fórum e não sabiam que existia.

Ao experimentar do fruto, não dá para voltar atrás, é preciso assumir a responsabilidade, mesmo tentando se esconder atrás da serpente. Temos que aprender a lidar com esta responsabilidade, de ser cobrada, e que isto faz parte do nosso amadurecimento. Quando Eva sai do “quadrado” ela cresce.
É fundamental não ficar sozinha, seja no pastorado, seja em qualquer lugar.

Sempre tem alguém que diz como tem que ser feito, em qualquer área. Sofremos, faz com que avancemos, gera inquietação. Mas muitos sofrimentos poderiam ser evitados, se nós mulheres fôssemos mais compreensivas, menos julgadoras, etc. Um olhar complacente e menos julgador faz muita diferença e podemos com isto aliviar a caminhada das outras mulheres.

É preciso ver que também há a realidade da violência, da crueldade. Também temos que ouvir que não dá mais para aguentar, a sabedoria de ter o equilíbrio das coisas, às vezes tem que desistir, às vezes tem que lutar. 

Em Gen 1, “... depois de tudo criado, Deus viu que tudo era bom”, esta percepção também era da Eva.. 

O que nos faz sofrer tanto é que queremos que as outras pessoas pensem como nós... 

A beleza aqui no Fórum é que eu me vejo no olhar da outra. Quando nos reconhecemos umas nas outras. Há saídas além da vitimização...
Olhar os textos bíblicos, sempre de novo, ter novas percepções, interpretar estes textos nós mesmas. Redescobrir mulheres e homens com novos caminhos... sempre se perguntar quem está contando a história e porquê.

Numa palavra o que ficou do encontro até este momento: força, coragem, companheirismo, conhecimento, consciência, perseverança, determinação, maravilhosa, identidade, fé, entusiasmo, mais coragem, amor, vitória, união, igualdade, serenidade, enxergar, fortalecimento, desafio, admiração, ousadia, benção, diversidade, não ter medo, alegria, encantada, entusiasmo, mais solta, partilhar, desafiar, indignação, força, esperança, surpresa.

Após o intervalo, Cristina Guilherme coordenou o trabalho “As sacolas da vida”, texto do P. Danilo Starosky. Nesta atividade, as mulheres foram convidadas a confeccionar suas sacolas para levar as coisas boas do fórum.

Após o jantar as mulheres foram convidadas a assistir a apresentação da bailarina, coreógrafa e pesquisadora, graduada em Dança e Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP Kamilla Mesquista. Tem como ênfase de pesquisa Danças Étnicas de Cunho Feminino. Kamilla apresentou uma dança cigana e mostrou alguns movimentos básicos desta dança. A seguir as mulheres foram convidadas a participar em conjunto com os movimentos básicos aprendidos. Ao final, com uma oração noturna dirigida pela Pª. Rosangela, encerraram-se os trabalhos do dia.

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Domingo, dia 20 

Com os cantos: “O sol nasceu é um novo dia, bendito seja Deus quanta alegria!” e “Como é bonito Senhor”, iniciaram-se os trabalhos do último dia do IX Fórum. A meditação de domingo foi coordenada por Cristina Guilherme a partir do texto de 1Co 3.9 fazendo referência que de Deus somos cooperadoras. “Se nós fazemos as coisas, Deus coopera. Estamos à serviço de Deus, é uma responsabilidade muito grande, não é um peso, que vindo do coração, flui” (D. Wilhelmina)

A seguir foi criada a comissão da mensagem do IX Fórum, tendo como voluntárias: Vera, Anne, Ivanir e Márcia que se propuseram a elaborar a mensagem do IX Fórum de Reflexão da Mulher Luterana.

Os trabalhos da manhã foram coordenados pela filósofa Herta Costa Scherer com o tema: “Onde estou?” e “para onde vou?” Estamos em Campinas e voltaremos logo mais para nossas casas, queremos nos ocupar com a pergunta: quem sou?

Nós somos seres existentes e estamos aqui através de um corpo, um corpo feminino. Precisamos ter consciência da nossa forma para saber por que estou aqui. Esta é a nossa existência, que se faz presente pelo corpo.

Nós estamos aqui porque temos pernas e pés que nos trouxeram aqui. Nossos pés e pernas são maravilhosos e merecem uma alongada. Nossas pernas precisam ter força para nos carregar. Nossos braços são lindos... Observemos nossas mãos e lembremos a sensualidade que vimos ontem na dança. O movimento sinuoso delas. Mas nem sempre... elas também dizem não, ferem, socam, também pode ser arma que machuca. E fazem parte do nosso corpo. O nosso tronco inferior que é o nosso ventre. Parte extremamente importante: desde a eliminação dos excrementos como o segredo da vida. Nossos desejos estão aí. O desejo que nos faz inflar quando jovens (não só – d. Guilhermina). O tronco superior, nossos seios, a primeira nutrição da vida, os pulmões, o folego da vida, o coração... os sentimentos diversos. E temos então a cabeça, com olhos, ouvidos, nariz, boca e massa cinzenta – tão bem guardada atrás de um osso duro, e cabelos que enfeitam nosso rosto. Todo corpo é a nossa existência.

Nosso corpo é uma forma de estar aqui – eu apareço a partir deste corpo. Nem sempre estou neste corpo, muitas vezes meu pensamento voa longe do meu corpo. Se fechar meus olhos podemos ir para muito longe, qualquer lugar. 

Atividade de reflexão: Anne vestiu uma saia com muitos bolsos. Em cada bolso tinha envelopes coloridos com mensagens. Cada mulher foi convidada a pegar um envelope, que continha uma frase sobre a qual deveria dedicar 10 minutos de reflexão. No envelope, estava escrito um número: o número do grupo. Após a reflexão individual, as mulheres deveriam se reunir em grupos. Cada grupo representava uma parte do corpo. Após um momento de reflexão, elaborariam uma forma de apresentar o resultado da discussão para a plenária.

Apresentação de grupos: 

Membros inferiores: esta mulher precisa de algo para se apoiar. As vezes nossas pernas não querem nos acompanhar, e podemos precisar de ajuda. Tronco inferior: uma trama de músculos que sustentam o corpo. Esta trama que pode ser flexível a ponto de possibilitar o nascimento de uma filha e/ou um filho, que segura ou solta nossas emoções.

Tronco superior: sentimentos, coração um pouco maior, onde esta nossa essência, nossa vida, nosso pulsar, o alimento que nos sustenta, o pulmão com qual respiramos. Nosso coração muitas vezes fala mais alto que a razão, que nos leva a sermos pessoas melhores e mais compreensivas.

Membros superiores: os braços, o movimento. As mãos, os dedos e a sensibilidade do toque. O braço acolhedor da mãe, da amiga... esta sensibilidade próprio da mulher que se pode oferecer – aconchego. O charme. A música da Anita: uma criança num braço e no outro um fuzil.

Cabeça: os ouvidos devem estar abertos (como as pinhas), os cabelos em pé, registrando muitas vezes a surpresa. As velas como olhos. A boca onde recebemos o alimento e a água. A boca é também um lugar muito especial que merece muito cuidado e atenção, principalmente com a língua. Também tem o outro lado para expressar o que sentimos.

Herta – conclusão: Esta mulher é maravilhosa! Esta é a nova mulher. Come da maçã e não precisa se culpar por isso. Culpar-se das decisões (Rute e Noemi), Retrair-se é morrer. Dizer sim, um passo a frente, rumo ao desconhecido. A decisão: que passos esta mulher daria no Fórum, na IECLB?
Após o intervalo, a avaliação do Fórum foi conduzida por Rachel, que usou a metodologia do World Café, aqui chamado “Café da Reflexão” com as seguintes proposições: O que foi significativo para mim/nós neste encontro? O que desafio levo/levamos deste encontro?

No resumo das mesas ficou registrado como significativo: as surpresas positivas, desafiadas, diversidade de grupo, propostas, somos de todos os lugares, troca de experiências, acolhimento, planejamento anterior, dedicação da coordenação, a “nova Eva”, feminismo delicado, impecável organização, crescimento pessoal, compartilhar, convivência, reencontro, aprendizado, formação, atividades, caminho sem volta (Rute), leitura bíblica na perspectiva da mulher, faltou o histórico, caminhada, conhecimento, descoberta, “paz na terra entre as mulheres”, sabedoria, novo horizonte, consciência (mente/corpo), sagrado.

E como desafio leva-se: novo ânimo, motivação para participar, multiplicar, influenciar e resgatar. Aprender a acolher, somar para crescer, intercambiar, levar a mensagem para a comunidade e para fora dela, divulgar, comunicar e partilhar com todas e todos. Somos iguais sim, mas diferentes (sem julgar pelo que se diz, veste). Trabalhos mistos. Femininos, clareza, equilíbrio, família e trabalho. Iniciar projetos com mulheres, ampliar. Não permitir subjugação pelo outro gênero nem mesmo pelo próprio gênero, estatísticas sobre mulheres. Viabilizar economicamente estes eventos. Como nos organizar? Formar parcerias. 

Abrir os encontros de OASE para outros grupos, desde o planejamento. Convites para Casa Matriz e Comunhão Diaconal. Data a ser marcada, mini fóruns sinodais entre os fóruns nacionais.

Ao meio dia do dia 20 de maio de 2012, no Lar Luterano Belém, a celebração dirigida pelas pastoras Rosangela Stange e Márcia Blasi marcou o encerramento do IX Fórum Nacional de Reflexão da Mulher Luterana.

Coordenação Nacional do Fórum de Reflexão da Mulher Luterana
 

A música é o melhor remédio para quem está triste, pois devolve a paz ao coração, renova e refrigera.
Martim Lutero
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