Paróquia Ferrabraz

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Amós, o profeta do interior | Amós 8.4-7

15º Domingo após Pentecostes | Culto Crioulo

15/09/2022

 

Prendas e peões,

Amós foi um ‘omilde’ vaqueiro nos rincões de Tecoa, região sulista de Jerusalém. Certamente que sua lida não era pouca coisa, pois, além de vaqueiro, era também um riscador. Assim, Amós cortava as frutas para tirar delas seu suco, deixando uma outra porção pra fazer açúcar.

Mas, sabe de uma coisa, Amós tava meio abirchornado, atucanado, andando despacito de cabeça baixa. A verdade é que Israel virou um entrevero de barbaridades. E os mais ‘arreganhado e guapo’ eram justamente os que mais tinham lábia. Amós ficava abatido quando via que gente do seu pago vivia cantando o galo, mas sem coração.

Foi então que o Patrão Celeste chamou a Amós pra uma prosa e fez dele um missioneiro. Amós tinha a obrigação de falar da palavra divina àquela gente que tava ‘fazendo pose de religiosa’. Foi então que Amós, como ‘omilde’ profeta, começou a espraiar, em cima do laço, a mensagem da mudança de vida, da conversão, do descer do palanque, da justiça. Mas, barbaridade, quais eram os ‘probremas’ da gente daquele pago?

1    TRADIÇÃO DESVIRTUADA

As tradições estavam emperiquitadas em Jerusalém. O povo parecia temer ao Patrão Celeste. Nenhum peão ou prenda iria pensar que ali não havia fé de verdade. O desalento é que era tudo aparência/engodo. Na verdade, estava tudo ao avesso do que parecia ser. Era como enfeitar a novilha doente para vendê-la como sadia. Nas aparências, até que a gentarada parecia firme na troteada. Mas, aquilo era tudo vigarice. E diante de Deus, nem aquele que tá de fatiota pode esconder as cousas que carrega no coração. A peonada de Jerusalém podia até lograr a gentarada, mas diante do Patrão Celeste não há floreios que lhe façam acreditar na mentira, pois é o Deus da verdade.

Sem contar que aquela gentarada fez uma misturança de religiões. Já não acreditavam mais no Deus vivo. Pensavam que tudo era válido. A idolatria se fez presente entre a gentarada escolhida por Deus para ser seu povo. Começaram a adorar aos deuses dos povos dos pagos vizinhos, algo que o Patrão Celeste não tolera. Faziam isso para ganhar uns pila a mais, pois assim conseguiam fazer negócio com outros rincões.

E, ainda por cima, não respeitavam nem o dia do descanso que não era apenas pra se espichar e ficar ‘tranquilo tranquilo’ ou para andar despacito. O sábado era o dia pra temer ao Senhor, ir ao culto, celebrar o amor do Patrão Celeste. Deixar de descansar era sinal de falta de confiança em Deus, pois acreditavam que sem um dia de trabalho, não teriam o que ansiavam para viver.
É verdade minha gente. Aquele povo, de fato, se apartou da presença do Patrão Celeste. Era um entrevero de crenças tão grande que o próprio Senhor ficou largado. Quando acontece uma falsidade na tradição, surge um outro problema apresentado por Amós, o profeta do interior: ele alardeia que atras dessa corda tem vaca!

2    JUSTIÇA DESVIRTUADA

Apartado da confiança em Deus, o coração do ser humano se torna em tapera. A capoeira cresce e toma conta. Não há boa conduta, amor e compaixão. Ao invés de amar ao outro, o coração ‘tapereado’ fica de butuca pra pegar os outros no laço, escravizá-los, oprimi-los, humilhá-los. Era isso que estava acontecendo com a gentarada do povo de Deus. E agora, o profeta Amós não estava apenas atucanado, mas também enfurecido.

Quando a gentarada do Patrão Celeste não confia no Senhor, pode saber que haverá também consequências para o próximo. Se a justiça de Deus não ilumina mais as prendas e os peões, não haverá barricada que impeça a injustiça, a opressão, enfim, a corrupção.

Para Amós, a corrupção vem de mão dada com a falsa religiosidade, ou seja, de uma tradição desvirtuada. E, conforme o nosso corajoso profeta do interior, quem mais se arrebenta com a corrupção são as pessoas mais simples, pobres; nas famílias, os gurizinhos e guriazinhas começam a passar fome por causa da corrupção.

Isso fez sangrar a alma do profeta. Ele diz que os pobres e necessitados são pisados e destruídos (v. 4). Além disso, os mais poderosos que mais tinham condições de exercer o amor e a misericórdia são os que mais se aproveitam da situação da indiada faminta, gerando, ainda por cima, a escravidão (v. 5-6). O Patrão Celeste, porém, os acusa, dizendo: “Nunca esquecerei de nenhuma das suas obras!” (v. 7). A prosa do Senhor é como a das professoras quando a gurizada faz arte e quebra um vidro da escola. A professora diz, “que bonito, hein?”, não porque aquilo é bonito, mas porque foi feito algo de errado. Da mesma forma, mesmo eles distantes de Deus, o Patrão Celeste não cessa de vigiar a obra dos que estão mosqueando parados que nem besta, oprimindo ao seu próximo. Eles tão na mira do Senhor.

Diante de Deus, eles não têm lábia. Mesmo que diante os peões sejam os considerados os mais guapos, só o Patrão Celeste é capaz de vigiar o que há em seus corações. Subindo a lomba ou descendo o peral, ninguém pode debandar do patrão celeste. E enquanto há tempo, o desejo de Deus é que os falsos religiosos e verdadeiros corruptos encontrem a picada da salvação revelada em Cristo Jesus, o divino tropeiro.

Prendas e peões, este chasque sagrado é também a nós hoje. É bom atentarmos ao chasque sagrado, pois quando tiramos a poeira da bíblia, ela também tira a poeira do nosso coração.

O chamamento de Amós, o profeta do interior, a nós que vivemos na cidade, é o mesmo: Ouçam! Escutem! É possível viver diante dos homens em boa aparência, mas não é possível tapar nada de Deus. Assim disse o Patrão Celeste a Samuel: “ – o Senhor não vê como o ser humano vê. O ser humano vê o exterior, porém o Senhor vê o coração”. (1 Samuel 16.7). Da mesma feita proseou Jesus Cristo, o divino tropeiro: “ – Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus”. (Mateus 5.8).

Vivamos uma fé honesta. Há muita enganação no mundo. Assim como a Amós, o profeta do interior, que Deus nos deixe atinados para apartar a verdade da mentira tanto quanto sabemos a diferença de uma bergamota para uma laranja. Desta forma, poderemos também campear aos quatro ventos socorrendo as pessoas que precisam e pelejando contra a injustiça e a corrupção. A fome não espera! ‘Vamo que vamo’ minha gente! Amém.


15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES | VEMELHO | TEMPO COMUM | ANO C

18 de Setembro de 2022 | Culto Crioulo


P. William Felipe Zacarias


Autor(a): P. William Felipe Zacarias
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio dos Sinos / Paróquia: Sapiranga - Ferrabraz
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações / Organismo: Capela Luterana
Testamento: Antigo / Livro: Amós / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 4 / Versículo Final: 7
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 68055
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