O apedrejamento era uma forma brutal de execução. O condenado era levado para fora da cidade. Ao longo do caminho ele podia pedir mais uma vez para ser ouvido novamente pelo tribunal. Além disso, os juízes tinham que jejuar neste dia. No caso de Estevão, o juízo não foi adiado, tampouco teve ele a chance de ser ouvido pela segunda vez. Ele foi linchado com fúria. O que causou esta arbitrariedade foi o que Estevão viu: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé à destra de Deus.” Nem por um momento passou pela mente destes homens que o “céu aberto” também era testemunha de sua violência. Como no caso de Caim, não foi possível pará-los, ainda que o céu interviesse (Gn 4.5-8). Jesus, que está assentado à direita do Pai (Cl 3.1), ressuscitou. E o moribundo Estevão olhava fixamente para o céu. “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”, pediu ele. Com suas últimas forças ele orou por seus “irmãos e pais”, que o apedrejavam: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” A cena lembra muito a morte de nosso Senhor na cruz (Lc 23.34 e 46). Há, porém, claras diferenças: Jesus, o Salvador, não recebeu nenhum conforto do céu, mas clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mt 27.46). O céu não se abriu, mas ficou escuro quando ele morreu (Mt 27.45). “Tenho sede”, disse o torturado homem na cruz (Jo 19.28). Quando Jesus morreu, teve que suportar o distanciamento de Deus, por causa de nossos pecados (Gl 1.3-5). Estevão pôde contemplar o seu Senhor. “Se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8).