Criador do céu e da terra
Edson E. Streck
I - Considerações quanto ao texto
As formulações da fé cristã mais antigas no seio da Igreja estavam intimamente ligadas ao batismo. Falavam, inicialmente, apenas de Cristo (At 2.38; 10.48). Mas essa confissão, como o próprio batismo, passatam a ser feitos pouco tempo depois em nome do trino Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Assim, ao ser batizado, o pagão não só confessava sua fé em Jesus Cristo, mas também em Deus Criador do céu e da terra, Pai de Jesus Cristo, momento em que abandonava todos os deuses adorados anteriormente (K.D. Schmídt, p. 82 s).
O Antigo Credo Romano, no seu 1 ° Artigo, apresenta em sua formulação original (século II) apenas as palavras Creio em Deus Pai todo-poderoso. Mesmo não constando nessa formulação de fé o acréscimo posterior Criador do céu e da terra, esse ponto já era aceito como fundamental na doutrina cristã. Afirmam alguns pesquisadores que esse acréscimo surgiu principalmente para combater algumas afirmações dos gnósticos. Esses não aceitavam que a ordem da matéria devia sua existência ao bondoso Deus (Kelly, p. 367). Mais tarde, uma outra corrente dentro da Igreja (o priscilianismo) negava-se a aceitar a carne como criação de Deus, atribuindo-a á obra de anjos maus. Essas são as hipóteses menos prováveis a respeito dos motivos que levaram à inclusão de Deus Criador do céu e da terra no credo da Igreja cristã (id., ibid.). Provavelmente essa inclusão deu-se ao acaso e sem maiores intenções. A justificação dessa tese está no fato de que a palavra Pai, inicialmente, incluía a ideia de Deus como fonte e como criador do mundo. Quando, porém, esse título de Pai passou a ser entendido mais em relação ao Filho — Jesus Cristo, passou a fazer falta uma formulação mais clara de Deus como Criador. E, como no ensino aos catecúmenos a doutrina sobre Deus Criador era fundamental, sua formulação, aos poucos e de forma natural, foi fazendo parte do Credo (id. p. 368).
O Credo Niceno (325 d. C.) já apresenta Deus como Criador na formulação de seu Primeiro Artigo: Cremos em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Assim, mesmo não constando na confissão de fé mais primitiva, encontrada no Antigo Credo Romano, a afirmação de Deus como Criador do céu e da terra sempre foi um dos pontos mais importantes da doutrina cristã.
II - Jogo de perguntas e respostas
Provas concretas e prováveis da existência de Deus são exigidas e procuradas. Na falta delas, duvida-se da existência de Deus, e são ridicularizadas muitas pessoas que, mesmo sem provas, confessam crer em Deus. Não é tão estranho ouvir acusações à Igreja e aos cristãos, em particular, condenando a sua fé ingénua por acreditarem num Deus que nem existe ou num Deus que é fabricado de acordo com as necessidades e os interesses de quem ostenta o poder, pretendendo com isso manter o povo submisso e dócil. Em todas as classes sócias, em todas os níveis de formação, encontramos pessoas que realmente não conseguem dizer eu creio em Deus.
Outros o dizem, mas sem muita convicção. Muito mais por tradição, por costume; ou por falta de uma resposta melhor e mais convincente às suas muitas perguntas que ainda permanecem abertas. Então, na falta de melhor explicação em relação a muitos mistérios desse mundo, aceitam por Deus o mesmo que outros preferem chamar de acaso ou de algo inexplicável.
As mesmas dúvidas em relação a Deus ocorrem também em relação à Criação. Entender, aceitar, crer com sã consciência naquilo que a Bíblia relata nas suas primeiras páginas, é inconcebível no mundo de hoje para inúmeras pessoas. Preferem dizer: essa é estória que aceitávamos quando crianças; mas nem a crianças deveriam contá-la!
III - Exemplos de confissões de fé em Deus Criador
Antes de entrar mais a fundo no estudo dos textos bíblicos que falam da Criação, vale a pena ver alguns exemplos de confissões de fé no Deus Criador que encontramos espalhadas no tempo e no espaço, feitas por gente humilde, simples, ridicularizada às vezes, maltratada. São confissões de fé feitas pelas crianças, pelos pequeninos de Deus.
1. Todos os anos realiza-se entre os nordestinos a Missa do Vaqueiro, celebrada em memória do vaqueiro Raimundo Jacó — o vaqueiro morto no desempenho do seu trabalho, morto pela inveja, perfídia, ódio e maldade, como consta na capa do disco que traz as músicas dessa missa. O Credo cantado pelos vaqueiros na missa é o seguinte:
Creio em Deus pai, pai generoso, pai tão amoroso, carinhoso pai
Creio na minha gente, na terra e na semente, no amor que a gente sente, no amor que a gente dá
Creio na esperança, nas minhas lembranças, vaqueiro e criança, o tempo a passar
Creio na paisagem, pobre pastagem, que ensina a coragem e como esperar
Creio, creio, na luz da madrugada, nas chuvas, trovoadas, no céu bonito a prometer
Creio, creio, no passo da boiada, que em meio à caminhada descansa em meu viver...
2. Uma outra confissão de fé em Deus feita por um velho negro. Essa confissão foi extraída de um livro para confirmandos:
O homem velho, da África, chamava-se Daniel.
Ele acreditava em Deus.
Alguém queria divertir-se às suas custas.
E perguntou:
De onde tu sabes, Daniel, que existe um Deus?
Daniel respondeu:
De onde eu sei, que um homem
ou um cachorro
ou um burro andou, durante a noite,
ao redor da minha cabana?
Nos rastos na areia eu o vejo.
Também na minha vida
estão impressos rastos,
rastos de Deus (Leben entdecken, p. 32).
3. Uma bem longa (aqui resumida) e vibrante confissão de fé no Criador e confissão de amor à Criação foi feita pelo cacique índio Seattle, em 1854, quando o grande cacique branco de Washington pretendia comprar a terra pertencente aos Índios. Eles sabiam que não tinham outra alternativa a não ser vendê-la e aguardar a morte nas reservas indígenas que lhes seriam destinadas. Eis sua confissão e seu pedido:
Como é possível comprar o céu ou vendê-lo?
Ou o calor da terra? Nos não podemos imaginá-lo.
Pois nós não possuíamos o ar fresco, nem o brilho da água.
Como vocês, então, podem comprá-la?
Cada parte dessa terra é, para o meu povo, sagrada...
Nós somos parte da terra, e ela é parte de nós.
As flores cheirosas são nossas irmãs;
o veado, o cavalo, a grande águia — esses são nossos irmãos...
Se, portanto, o grande chefe de Washington manda dizer
que quer comprar nossa terra,
então ele pede muito de nós.
O grande chefe manda dizer que quer nos reservar um lugar,
para que possamos viver confortavelmente.
Ele quer ser nosso pai, e que sejamos seus filhos.
Assim nós vamos pensar a respeito de sua oferta de comprar nossa terra...
Nós sabemos que o homem branco não entende nossa raça.
Um pedaço de terra vale para ele a mesma coisa que o outro,
porque ele é um estranho, que vem de noite,
e toma para si a terra de que necessita.
O chão não é seu irmão, mas seu inimigo,
e quando ele o conquista, segue adiante.
Ele deixa atrás de si o túmulo de seu pai
e não se preocupa com isso. Ele rapta a terra de seus filhos.
Mas isso não o preocupa; os túmulos de seus pais
e o direito de nascer de seus filhos são esquecidos.
Ele trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu,
como coisas que se pode comprar, que se pode saquear,
que se pode vender como ovelhas ou pedras brilhantes...
Assim nós vamos meditar sobre a sua oferta de comprar nossa terra.
Se nós decidirmos aceitá-la, vou impor uma condição:
o homem branco deve tratar os animais dessa terra
como seus irmãos.
Eu sou um selvagem e eu não o sei de outro modo.
Eu vi milhares de búfalos apodrecendo na pradaria,
deixados para trás pelo homem branco que,
de um carro em andamento, os matou.
Eu sou um selvagem e eu não entendo como o fumegante cavalo de ferro
pode ser mais importante que um búfalo,
o qual nós somente matamos para permanecermos com vida.
O que é o homem sem os animais?
Se todos os animais desaparecessem, os homens morreriam
em grande solidão.
Porque tudo o que venha a acontecer aos animais
logo acontecerá também ao homem.
Todas as coisas estão ligadas entre si.
Vocês devem ensinar aos seus filhos que a terra está cheia
da vida de nossa geração.
Ensinem a seus filhos o que ensinamos aos nossos filhos,
que a terra é a nossa mãe.
Tudo o que vier acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra.
Quando homens cospem sobre o chão
estão cuspindo sobre si mesmo.
isso nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence
à terra.
isso nós sabemos: todas as coisas estão ligadas entre si,
assim como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas entre si...
Mas por que estou eu a lamentar o fim do povo?
Povos são constituídos por pessoas, nada mais.
Pessoas vêm e vão, como as ondas do mar.
Também o homem branco, cujo Deus vai com ele e fala
como um amigo fala ao amigo, não pode esquivar-se do destino geral.
Talvez sejamos, um dia, depois de tudo, irmãos.
Veremos.
isso sabemos: o que o homem branco talvez venha a descobrir — :
nosso Deus é o mesmo Deus.
Talvez vocês pensem agora que pertencem a ele
assim como desejam que a nossa terra lhes pertença.
Mas não é assim.
Ele é o Deus do homem, e seu sofrimento é o mesmo
pelo homem vermelho como pelo homem branco.
Essa terra lhe é preciosa, e machucá-la significa juntar desprezo sobre
o seu criador.
Porque nós amamos essa terra assim como um recém-nascido ama as
batidas do coração de sua mãe.
Se nós, portanto, lhes vendermos a nossa terra, amem-na,
como nós a amamos. Zelem por ela como nós zelamos por ela.
Retenham em sua memória a terra assim como ela é agora, quando a
tomam.
E com toda a sua força, com todo o seu entendimento,
e com todo o seu coração,
conservem-na para os seus filhos, e amem-na
assim como Deus ama a todos nós. (traduzido a partir de Vom Glauben erzählen, p. 46 ss).
4. A explicação que Martim Lutero dá ao Primeiro Artigo, no seu Pequeno Catecismo, também é uma confissão de fé de alguém que viveu a partir do Deus Criador:
Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas; e me deu corpo e alma, olhos, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva; além disso me dá vestes, calçado, comida e bebida, casa e lar, esposa e filhos, campos, gado e todos os bens. Supre-me abundante e diariamente de todo o necessário para o corpo e a vida; protege-me contra todos os perigos e me guarda de todo o mal. E tudo isso faz unicamente por sua paterna e divina bondade e misericórdia, sem nenhum mérito ou dignidade de minha parte. Por tudo isso devo dar-lhe graças e louvor, servi-lo e obedecer-lhe. Isso é certamente verdade (Catecismo Menor, p. 6 s).
5. Eis uma confissão de fé que vai em sentido oposto, feita por alguém não tão criança, não tão pequenino como Deus o quer: a confissão de um representante do governo ao falar no dia da inauguração de uma grande empresa, exatamente nos dias em que este trabalho estava sendo elaborado.
Creio no capitalismo ... Não lembro o restante do discurso. Mas, precisa dizer mais?
6. Por fim rnais duas confissões de fé em Deus, o Criador do céu e da terra, certamente as mais conhecidas: os relatos bíblicos da Criação, que encontramos em Gn 1.1 — 2.4a e Gn 2. 4b — 24. Em torno desses dois vale a pena meditar mais um pouco.
IV - Os hebreus confessam sua fé em Deus Criador
No princípio criou Deus os céus e a terra — essas são as primeiras palavras encontradas nas primeiras páginas da Bíblia. Ambos os relatos da criação que ali encontramos não podem ser vistos isoladamente, separadas das demais centenas e centenas de páginas da Bíblia. Os relatos da Criação são como que uma Introdução, exatamente como são as introduções que aparecem em trabalhos, até mesmo em muitos nesse livro. Toda a introdução é colocada no início de um trabalho, mas ela é escrita somente quando uma grande parte da pesquisa, da leitura e do trabalho já está em pleno andamento. Assim devemos entender também esses relatos da Criação: procurar entendê-los no seu contexto.
São obra do povo de Israel. Esse povo, que se sabia eleito por Deus, sentiu por inúmeras vezes a mão de Deus, aluando de maneira maravilhosa e redentora na sua História. A saída do Egito, de um regime de escravidão para a liberdade, foi o maior sinal para os hebreus de que Deus os tinha como seu povo, que Deus os amava e protegia. Essa experiência tida com o Deus vivo marcou profundamente toda a História do povo de Israel, foi o sinal mais marcante e concreto da presença e da força de Deus. Mais tarde, já na terra de Canaã, os hebreus entraram em contato com outros povos que criam em outros deuses. E esses povos tinham, entre outros, também relatos da criação do mundo feitos de acordo com sua fé. Isso levou os hebreus a tomar um posicionamento teológico, a redefinir e a confessar a sua fé no Deus vivo, no Deus que os conduzia e que lhes revelava seu amor. E reconheceram que esse mesmo Deus que os protegia não podia ser outro a não ser o mesmo Deus que havia criado a terra os céus: o Criador do mundo todo, o Criador de todo o mundo. Colocaram, então, em palavras a sua fé no Deus Criador, a partir de sua vivência de fé, usando o conhecimento e o saber daquele tempo (não poderiam falar em átomos!) e reinterpretando completamente alguns aspectos relacionados com as outras religiões. Se, por exemplo, para outros povos o sol e a lua e as estrelas eram nomes de deuses e recebiam adoração, os hebreus declararam em seu Credo que o sol e a lua e as estrelas eram apenas luzes que Deus colocara no céu para que servissem ao homem. Uma confissão de fé corajosa!
Cronologicamente, o primeiro creio em Deus Criador, dito pelos hebreus, é o que encontramos em Gn 2.4b-24, escrito por alguém que nos é desconhecido, mas que recebeu o nome de Javista, por empregar no seu relato o nome Javé para Deus. Foi escrito em torno do ano 950 a.C., provavelmente nos círculos do palácio real de Salomão.
O segundo creio em Deus Criador dos hebreus surgiu na época do cativeiro babilônico, escrito pela mão de sacerdotes (Escrito Sacerdotal), em torno do ano 550 a.C.
Ambos diferem em algumas colocações, como são distantes também no tempo e na situação em que surgiram. Mas concordam no essencial. Trabalham a partir de relatos conhecidos na sua época, confessando a sua fé total no Deus Criador e na aceitação total de sua criação.
Além disso, pode-se ver algo muito importante no fato de esses dois relatos estarem lado a lado na Bíblia: esse é um sinal evidente de que os hebreus realmente não estavam (como a própria Bíblia não está) Interessados em explicar e dizer aos curiosos o como Deus criou o mundo, mas em afirmar com toda a clareza que Deus criou o mundo. O Deus de Israel o fez. Os dois relatos, colocados lado a lado, também são um convite a nós: para que, usando nossas palavras, nossos conhecimentos e, sobretudo, a nossa experiência e vivência com Deus (Sem isso seria uma grande farsa!) confessemos, hoje e sempre, claramente a nossa fé em Deus, o Criador.
Ciência e fé — isso é importante — não se excluem, mas devem complementar-se: a Bíblia nos diz que Deus criou o mundo, a ciência explica como Deus o fez (Thielicke, Informationen... p.4). Justamente assim esses textos em Gn 1 e 2 querem ser entendidos: como confissões de fé a partir de uma experiência com Deus. Muitas pessoas não conseguem entender isso.
Querem ler a Bíblia como livro de arqueologia, biologia ... Thielicke o expressa assim no mesmo folheto: Se nós abrimos um livro de geografia certamente não esperamos encontrar nele a resposta à pergunta pelo sentido da vida... Do mesmo modo não devemos ler a Bíblia como livro sobre geografia, paleontologia...
Só uma pessoa, portanto, que conhece Deus, atuando em sua própria vida, dia por dia; somente alguém que reconhece tudo que lhe é dado e lhe acontece como um presente de Deus: somente esse consegue dizer eu creio em Deus... criador do céu e da terra, criador de tudo o que existe, meu próprio criador. De nada adianta falarmos de Deus usando chavões, afirmações gerais usadas para definir Deus — tudo isso ainda não nos compromete com ele! Mais uma citação de Thielicke: Diga-me como você fala de Deus através de lugares comuns, e eu lhe direi quão indiferente ele é para você. Diga-me quão distante você o imagina além das estrelas e eu lhe direi o quanto você o humilha e tem vergonha dele e o quanto você deseja resolver suas coisas bem sozinho (Unser Leben..., p. 26s). Deus não quer ser entendido, explicado, imaginado — ele quer, sim, é ser vivido!
Confessar sua fé no Deus Criador é, ao mesmo tempo, assumir responsabilidades pela criação. O cacique Seattle nos mostra de forma muito clara como deve ser essa responsabilidade; os relatos de Génesis vão nessa mesma direção: não é a vontade de Deus que tomemos de assalto essa terra, a criação toda, usando-a de modo egoísta e para fins imediatos. É sua vontade que nós a cultivemos como um jardim. Na Bíblia a figura do Paraíso não é apenas algo lindo que permanece num passado inatingível e lembrado com saudades, mas é como uma ma-quete do futuro, é um impulso para dar aos homens esperanças em relação a um novo céu e uma nova terra criados por Deus (e, por que não, já com a colaboração do homem?). A criação como algo constante, como algo colocado nas mãos do homem na esperança de que ele a trabalhe com responsabilidade, corre um grande risco. Sinais de destruição da criação de Deus, por parte do homem, sinais de evidente abuso do poder por pretender ser senhor sobre tudo e todos: infelizmente os temos em número que já deveria ser suficiente para nos fazer confessar, arrependidos, nossa culpa, para nos conduzir de volta a Deus e para nos fazer reconhecer nosso lugar na Criação.
V - Sugestão para pregação
Primeiramente todos devem ser colocados a par do tema da pregação: Creio em Deus ... Criador do céu e da terra.
Em segundo lugar citar um (ou mais) dos credos citados acima (III), tecendo alguns comentários a seu respeito: todos eles (exceto o Creio no capitalismo) são confissões de pessoas simples, que sentiram a presença do Deus vivo ao seu lado, que vêem, por isso, a sua vida cheia de sentido, que encaram a criação de Deus com olhos totalmente diferentes dos olhos usados pelos céticos e pelos destruidores da criação.
Prosseguindo, relatar algo sobre o modo como podemos e devemos ler Qn 1 e 2 (a partir de uma experiência de fé do povo hebreu, também como contestação a um modo de viver contrário à vontade de Deus).
Concluir com um convite para confessarmos a nossa fé no Deus Criador: fazê-lo a partir de uma vida diária com Deus (só assim essa confissão é possível!), assumindo o nosso lugar na criação e respondendo com gratidão ao amor que Deus nos dá.
VI - Subsídios litúrgicos
1. Confissão de pecados: Pedimos-te perdão, Senhor, reunidos aqui em teu nome, por não permitirmos em nossa vida que tu sejas nosso Senhor. Preferimos, nós mesmos, decidir sobre o que é bom e mau para a nossa vida. Permitimos tão pouco que tu sejas o nosso Criador, porque nós mesmos preferimos construir uma vida e mundo que estejam de acordo com nossos planos e sonhos. Aproxima-nos hoje, mais uma vez, de ti. Chega a nós, já agora, dando-nos o teu perdão, pois pedimos arrependidos: Tem piedade de nós, Senhor!
2. Oração de coleta: Dúvidas assaltam a nossa vida. Senhor. Dúvidas sobre o teu poder, em relação ao teu amor, a respeito do sentido de nossa própria vida. Tu já nos alimentaste hoje com o teu perdão: constrói agora em nossa vida. através da tua Palavra, uma fé que te reconheça ao nosso lado em todos os momentos.
3. Intercessão: Deus onipotente, Criador do céu e da terra! Nós te somos agradecidos pela tua Palavra, pela paciência com que tu nos procuras sempre de novo, pelo perdão que nos reergue, pela tua força que nos acompanha Dá que nós possamos sentir-te sempre ao nosso lado, viver de ti, viver contigo e para o nosso irmão (que tu criaste ao nosso lado), dando valor à natureza (que tu colocaste à nossa disposição e sob os nossos cuidados). Corrige-nos, e perdoa-nos continuamente, porque continuamente nos revoltamos contra tua vontade. Auxilia-nos a continuarmos responsavelmente a tua obra, construindo um mundo mais justo em teu nome, tomando decisões mais humanas em teu nome, indo ao encontro de ti sempre, em todos os momentos de nossa vida. Envia o teu Espírito Santo á tua Igreja, no mundo inteiro, para que ela possa confessar, mesmo sob pressões, que tu és o Criador, que tu és Pai, que tu és Onipotente. Amém.
VII – Bibliografia
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MOLTMANN, J.Die ersten Freigelassenen der Schöpfung. München, 1971.
REIMER, H./RELLER, H. ed., Leben entdecken. Gütersloh, s.d.
SCHMIDT, K.D. Kirchengeschichte. 5. ed. Göttingen. 1967.
SCHMIDT, L./STEINWEDE, D. ed. Vom Glauben erzählen. Gütersloh, 1981.
THIELICKE, H. Informationen über den Glauben.Hamburg, s.d.
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THIELICKE, H. Wie die Welt begann. Stuttgart, 1964.
Proclamar Libertação – Suplemento 1
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia