Acolhemos vocês neste Domingo da Reforma 2020. Apesar da distância física queremos através deste vídeo estar junto de vocês e em união celebrar culto ao nosso Deus. Celebrar que em seu amor, Deus nos acolhe, anima e conforta. Celebrar que a justiça divina é maior que a justiça humana e que apesar de nossa realidade através de Cristo nos perdoa. Celebremos o Deus da vida que nos motiva seguir adiante e enfrentar os desafios.
Pregação baseada em Gálatas 5.1-11
503 anos desde aquele 31 de outubro de 1517. Muitas pessoas estudiosas da história indicam que com esse evento houve um antes e um depois. Com certeza a igreja na Europa não foi a mesma. Mas, também a sociedade em geral mudou. Hoje, os membros da Paróquia Bom Samaritano e das demais comunidades luteranas espalhadas pelo mundo somos herdeiras desse acontecimento. Mas, e se não tivesse acontecido nada daquilo, o mundo seria diferente sem a igreja luterana? Com certeza, o curso da história seria outro.
Isso aconteceu há 503 anos, mas e hoje, será que na rua é possível reconhecer pessoas luteranas, evangélicas de confissão luterana ou como Lutero mesmo preferia, pessoas cristãs?
É uma pergunta difícil de responder de forma curta. Na resposta deveríamos incluir aquilo que são considerados os sinais da igreja luterana: os sacramentos, seu conceito de igreja, a diaconia e a sua forma de ler a Bíblia. Tudo isso que nos leva a uma ética cristã específica. A partir do Batismo todas as pessoas têm acesso a Deus, não existe uma casta especial que possa comunicar-se melhor com Deus. Em comunhão recebemos a Santa Ceia, no qual Cristo está realmente presente e nos permite a nós mesmos sermos corpo de Cristo. Por isso, a Igreja somos todos nós, com dons e funções diferentes, mas todos parte do mesmo corpo. Mesmo aqueles que não se identificam com a visão luterana, esses também são parte do corpo de Cristo. Nós lemos a Bíblia não como um livro que traz soluções mágicas, mas como a manjedoura onde Cristo está deitado. Assim, ao lermos a Bíblia usamos a ciência e a consciência para aprender a vontade divina a partir daquilo que promove Cristo. Deixamos Deus ser Deus, nos deixamos guiar pelo Espírito Santo e por isso agimos em serviço. A fé que nos é dada, nos leva a amar com gestos concretos, por isso existem tantas atividades relacionadas com a igreja luterana que agem em benefício das pessoas menos favorecidas.
Então respondendo, será que podemos reconhecer alguém como luterano pela rua? Acredito que sim, mas nem sempre. É como se Paulo tivesse escrito para nós pessoas luteranas e não somente para os gálatas: “Vocês vinham correndo bem! Quem foi que os impediu de continuar a obedecer à verdade?” O que responderíamos? Qual seria a nossa desculpa? A quem apontaríamos? Onde foi que perdemos o rumo? Quando foi que deixamos de importar-nos com o próximo, principalmente aquele em necessidade? Quando foi que começamos a pensar que a religião estava ligada a certa etnia, posição social ou cultura? Quando a sede de poder, o egoísmo humano, a visão estreita do meu grupo político, econômico ou social ficou por cima do Evangelho? Quando foi que nos esquecemos de seguir o exemplo de Cristo, o como rememora nossa paróquia, o exemplo do bom samaritano?
Quero voltar atrás, não por saudosismos, sonhando por aquela época que supostamente foi melhor. Quero voltar atrás para beber novamente da fonte. Reconhecer a necessidade de reforma, procurar por aquilo que deve ser arrumado e voltar a promover a Cristo. Fazer diferença neste mundo. Que as pessoas possam dizer de forma admirada: uau, por que vocês fazem isso? Por que cuidam dessas pessoas? Por que se interessam por aqueles que ninguém quer? Por que vivem uma vida com dignidade e amor? Ou simplesmente, por que vocês são assim? E que a nossa resposta seja pelo amor que Deus mostrou para nós em Cristo. Assim de simples, irmãos e irmãs, vivamos o amor de Cristo em nossas vidas para que mais pessoas possam sentir a diferença de Cristo nas suas vidas. Sejamos cristãos, evangélicos de confissão luterana, sejamos luteranos e luteranas de verdade, aquelas que apontam para Cristo, fonte de toda salvação. Amém.
Culto com participação de Eder Targino (órgão/piano), Lélia Brazil (flauta), Coral e Flautas Bom Samaritano, Reinhard Braun (leitura) e Pastor José Kowalska.