⁹ O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
¹⁰ Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
¹¹ Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;
¹² Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
¹³ Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;
¹⁴ Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.
¹⁵ Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram;
¹⁶ Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;
¹⁷ A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.
¹⁸ Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.
¹⁹ Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.
²⁰ Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
²¹ Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem
Estimada comunidade:
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam entre nós. Amém
A tendência humana é responder uma provocação na mesma altura. Se alguém me fecha no trânsito eu xingo quem me fechou. É claro que isso é muito perigoso, pois a outra pessoa pode estar armada e situações assim terminam em tragédia. Mas a nossa tendência humana é querer vencer o mal com mais mal.
O apóstolo Paulo escreve a Carta aos Romanos para orientar a vida e as atitudes das pessoas cristãs baseado no amor de Deus. Ele nos oferece uma receita para vencer o mal com o bem. O apóstolo Paulo enfatiza que o amor deve ser a base dos nossos relacionamentos dentro e fora da Comunidade/Igreja.
Já de início o apóstolo adverte. O amor só funciona se ele não for fingido. É preciso amar de forma genuína, sem hipocrisia e sempre detestar o mal, apegando-nos ao bem. A pessoa crente deve ser sincera. Não pode ser uma pessoa fingida. Seu amor precisa ser autêntico, verdadeiro, sem fraude.
Esse amor de que fala o apóstolo é o ágape, o amor sacrificial por meio do qual a pessoa busca o melhor para a outra. Cristo é o maior modelo desse amor sacrificial e o amor é o maior de todos os dons e o princípio básico do verdadeiro cristianismo.
Em seguida o apóstolo diz que devemos amar os irmãos e irmãs em Cristo – ou seja os membros da igreja – como se fossem nossa família, nossos irmãos e irmãs. As pessoas cristãs se ajudam umas as outras em caso de necessidade. Uma igreja desanimada geralmente é uma igreja onde não se pratica o amor uns pelos outros. Em outra passagem o apostolo Paulo diz que esse amor pelos membros da igreja também deve se expressar na manutenção da Igreja-da Comunidade – através de contribuições regulares em dinheiro para a manutenção da Comunidade.
Não sejam vagarosos no cuidado, isso implica que não devemos ser preguiçosos na vida cristã e no trabalho para Deus. Antes precisamos ser fervorosos e colocar sempre os interesses de Deus diante de nós. E quando o apóstolo diz que o sofrimento tem o poder de amadurecer a pessoa cristã para assim torná-la cada vez mais semelhante a Cristo, ele não está dizendo que o sofrimento é bom ou que devemos aceitar tudo com passividade. O sofrimento não é bom, mas sim que o sofrimento também tem algo a nos ensinar.
Em seguida o apóstolo apresenta os deveres sociais de uma pessoa cristã. Além do amor aos membros da Comunidade/da Igreja, o apóstolo também chama a atenção para o amor aos estranhos. Não amaldiçoar, isso é, não desejar o mal, mas desejar o bem e desejar a benção de Deus sobre a outra pessoa. Não retribuir o mal que recebemos com o mal, mas – se possível - tentar viver em paz com todas as pessoas. Não ser vingativo. Deus proverá a punição devida à iniquidade, pois a vingança e a recompensa pertencem ao Senhor.
Quando fazemos o bem a quem nos fez o mal, amontoamos brasas vivas sobre a cabeça da outra pessoa, isso é envergonharemos a outra pessoa fazendo o bem e – quem sabe – ela se arrependa e deixe de fazer o mal a outros. A melhor maneira de se livrar de um inimigo é fazer o bem para ele.
Havia duas vizinhas que viviam em pé de guerra. Não podiam se encontrar que era briga na certa. Certo dia, Maria a prédica sobre esse texto do apostolo Paulo, que devemos vencer o mal com o bem e que se fazemos o bem a quem nos deseja o mal, fazemos a consciência do outro pesar.
Por isso, Maria decidiu fazer as pazes com a Clotilde. Certo dia encontrou a Clotilde na rua e disse:
- Minha querida Clotilde. Já estamos nessa desavença a anos. Estou propondo a você que façamos as pazes. O que você acha?
Clotilde, naquele momento, estranhou a atitude de Maria e por isso disse que iria pensar no caso. Durante vários dias ela pensou o seguinte: Essa Maria não me engana. Ela está tramando alguma coisa contra mim. E eu não vou deixar barato. Vou mandar um presente para ele e ver sua reação.
Clotilde preparou uma linda cesta , com um papel muito bonito, e encheu a cesta com esterco de vaca. Quero ver o que Maria vai achar desse maravilhoso presente. Escreveu um cartão dizendo: Aceito sua proposta de paz e para selarmos nossa nova amizade, envio-te esse lindo presente. Em seguida deixou o presente na porta da casa de Maria.
Maria ficou chocada com o presente, mas não se alterou. Passaram-se algumas semanas e Maria também deixou um presente com um cartão na porta da Clotilde. Era um lindo arranjo de flores e o cartão dizia o seguinte: Estas flores foram cultivadas com o esterco de vaca que você me enviou. Foi um excelente adubo para o meu jardim.
Vencer o mal que recebemos com o bem. Esse é o caminho para parar uma guerra. Por isso, o apóstolo Paulo diz que a vida das pessoas cristãs deve ser consagrada a Deus. Uma história atribuída ao jovem Einstein também fala disso:
Certo dia o professor desafiou seus estudantes perguntando se Deus havia feito tudo o que existe no mundo. Os estudantes responderam em coro dizendo que sim. Então o professor continuou dizendo que Deus também fez o mal. Se o ser humano é mau e se o mal existe, a culpa é de Deus.
Foi ai que o jovem Einstein pediu a palavra e perguntou:
- Professor, o frio existe?
Ao que o professor respondeu
- Mas que pergunta é essa? É claro que o frio existe. Você não sente frio?
O jovem Einstein então disse:
- Nas aulas de física nós aprendemos que o frio só existe por causa da ausência de calor. Também a escuridão só existe pela ausência de luz. Da mesma forma, também o mal não existe por si só. O mal é o resultado da ausência do bem. Quando as pessoas deixam de praticar o bem, o mal se torna mais visível e mais forte.
Pense nisso:
Se você deixar de ser solidário, por estar cansado de ajudar, saiba que o mundo vai ficar mais frio. Se você deixar de praticar o amor, porque teve alguna frustração ou decepção, saiba que o mundo vai ficar mais escuro. Se você deixar de fazer o bem, por achar que a maioria das pessoas somente pensa em si mesmo, saiba que o mal nesse mundo vai ficar mais forte.
Portanto, hoje somos desafiados a rejeitar a maldade, a mentira, a arrogância, somos chamados a tratar a todas as pessoas com humildade e respeito, demonstrando amor sincero, praticando o bem.
Por mais que seja difícil, temos que praticar a convivência fraternal – isso é, aprender a conviver com os espinos dos nossos relacionamentos. É claro que isso nao quer dizer que devemos ser omissos ou coniventes com a maldade. Se vemos alguém agredindo outra pessoa, somos chamados a intervir e parar o mal.
O mal somente pode ser vencido com o bem. Façamos essa experiência. Em nossa casa, em nosso trabalho e em nossa igreja. Dediquemo-nos a fazer o bem.
E sejamos perseverantes nisso.
Amém.