Nos dias 22 a 24 de agosto reuniram-se, no Lar Luterano de Retiros, em Curitiba-PR, representantes de comunidades e organizações confessionalmente vinculadas à IECLB, que desenvolvem trabalho voltado ao atendimento de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social e que visam à superação das violências a que estão submetidos estes públicos.
A partir de questionários previamente distribuídos, foram mapeadas as organizações diaconais e levantadas ações desenvolvidas nesta área. A construção do programa da consulta foi a partir das experiências e metodologias usadas para desenvolver os projetos e atividades de superação da violência contra crianças, adolescentes e jovens, levando em conta temas transversais da violência como gênero, etnia e deficiência. A Consulta foi assessorada pelo P. Dr. Renatus Porath, a Cat. Dra. Marta Nörnberg e a Profa. Ms. Marilu Menezes. A organização do evento foi de responsabilidade da Secretaria da Ação Comunitária da Secretaria Geral, em parceria com a Fundação Luterana de Diaconia e a Amencar.
P. Renatus trouxe uma importante contextualização bíblico-teológica do tema violência, a partir do Antigo Testamento e de estudiosos do tema. Renatus classificou o século passado como o século das barbáries, onde, citando a filósofa Hannah Arendt, houve profunda banalização do mal. Defendeu também, com o também filósofo Emmanuel Levinas, que o egoísmo é a fonte de toda a violência. Porath declarou-se convencido de que a bíblia surgiu de uma profunda necessidade de sobrevivência e que há muitos relatos de violências em suas páginas. O movimento de Jesus, retratado no Novo Testamento, é muito importante porque com ele se quebra a corrente da violência.
A Profa. Marilu Menezes, assessora de projetos da FLD, falou sobre os diversos tipos de violência. Desafiou a construirmos uma reposta para a superação da violência, que está presente em todos os âmbitos e níveis sociais. Se olharmos os índices, a violência continua se acirrando. Diante desse desafio, e baseada em reflexões em andamento nas organizações ecumênicas de apoio ao desenvolvimento e emergências, Marilu propõe um modelo de trabalho que leve em conta o bem estar integral do ser humano.
A Cat. Dra. Marta Nörnberg, professora da Universidade Federal de Pelotas, trouxe uma ampla conceituação sobre criança, adolescente e jovem ao longo da história, com muitos exemplos das diferenças com que cada cultura trata crianças e adolescentes. Sugere que, ao invés de falar para ou sobre as crianças, o nosso desafio é pensar com as crianças, com os adolescentes, com os jovens sobre as situações de violência e de vida que fazem parte da nossa forma demasiada humana de viver.
A avaliação realizada pelo grupo foi muito positiva, como escreveu uma das participantes: “Me sinto desafiada a construir relações que fortaleçam a missão cristã a partir de nossa ação diaconal comprometida com os direitos das Crianças e Adolescentes”.
O desafio assumido pelo grupo foi o de criar uma rede entre as instituições e comunidades, para continuar a partilha de experiências realizadas, para juntos e juntas se fortalecerem na construção de caminhos que levam ao protagonismo e à superação da violência contra crianças, adolescentes e jovens.