Moisés viu que o arbusto estava em chamas, porém não se queimava. Então pensou: “Que coisa estranha! Por que será que o arbusto não se queima? Vou chegar mais perto para ver.”
Quando o Deus Eterno viu que Moisés estava chegando mais perto para ver melhor, ele o chamou do meio do arbusto e disse:
- Para aí e tire as sandálias, pois o lugar onde você está é um lugar sagrado!
E Deus continuou: - Eu ouvi o clamor que brotou neste lugar. Eu ouvi o clamor das pessoas, dos familiares, dos amigos e amigas entre o povo. (Conforme Êxodo, Capítulo 3)
Passaram-se 10 anos! Muitos foram até o local. E, como haviam reparado na primeira celebração, resta uma árvore que não foi consumida pelo fogo, nem danificada na remoção dos escombros.
Passado todo esse tempo, o alerta continua válido: - Parem aí, pois o lugar onde vocês estão é sagrado!
Entre pousos e decolagens, podemos ouvir ainda: - Eu sou o Deus dos parentes, das pessoas queridas que estavam no Vôo JJ 3054. Agora venham, e eu os enviarei aos líderes que devem responder pelo ocorrido.
Familiares, amigas e amigos, dirão:
- Falar o quê? Já falamos tudo. Nossas lágrimas falaram. Nossas mobilizações falaram. Nossas reuniões, em todos esses anos, falaram. O memorial, esse lugar, por si só, continua falando...
As 199 estrelas que lá deixaram suas vidas, preservam seu brilho eterno. São luzes mais intensas do que o brilho dos sinalizadores da pista do Aeroporto de Congonhas.
Sim, esse lugar está marcado pela ação e omissão humanas. Nessa sucessão de procedimentos, não prevaleceu à prioridade da vida. Surgiu ali um segundo ´marco zero´ no coração de São Paulo!
Arquitetos, urbanistas e paisagistas deram uma nova forma a esse lugar. O sentimento, a dimensão, e a profundidade não mudaram. Eles estão irreversivelmente marcados nos corações e mentes dos atingidos e envolvidos. Marcas reais que ficarão para sempre.
Passada uma década, ficou ainda mais presente o imperativo da vida que quer ser protegida, cuidada e preservada.
Temos uma árvore que, mesmo envolvida pelas chamas, continua verde. Sinal de que o clamor de Deus resiste nesse lugar e ressalta o imperativo da vida.