Uvas azedas
Como é gostoso num dia de calor saborear uvas fresquinhas e docinhas. Hum.. uma delícia! Exceto, se ao invés de doces e agradáveis as uvas forem azedas. Que decepção!
Quem já não se frustrou ao comprar uvas, ou outras frutas, esperando delas um sabor agradável, mas ao prova-las, perceber que eram de gosto ruim. Pior ainda para aquele que plantou na expectativa de uma colheita de bons frutos e acabar tendo o resultado de uma safra repugnante. Temos esta imagem no texto bíblico de Isaías 5.1-7, onde está a Canção da Vinha.
De forma poética está descrito neste texto a expectativa de Deus em relação ao seu povo. Aliás, por diversas vezes o povo de Israel – povo de Deus é descrito na Bíblia como uma vinha plantada por Deus.
Deus plantou a vinha. Mas não apenas a plantou. Selecionou as melhores mudas. Preparou muito bem o campo. Fez o melhor possível para que as videiras pudessem crescer e frutificar com qualidade. Protegeu o seu parreiral. Construiu, inclusive, uma infraestrutura para o processamento da colheita. Qual não foi a decepção ao perceber que todo esforço, todo trabalho, todo investimento não trouxeram bons resultados.
Penso no exemplo de um pai, de uma mãe que se dedicam, se esforçam e oferecem do bom e do melhor para os seus filhos. Muitas vezes fazem “das tripas, coração” para que seu filho tenha as melhores oportunidades de ser uma pessoa bem sucedida. E infelizmente, em diversas situações, estes filhos só lhes trazem problemas, decepções e amargura. “Onde foi que eu errei?” – questionam os pais.
Também assim com aquela pessoa que investe na sua vida profissional. Se prepara, realiza investimentos, trabalha duro e no fim das contas, parece que nada dá certo. prejuízo. Fracasso. Decepção. Frutos azedos.
Vemos esta experiência de Deus em relação à humanidade descrita nas páginas da Bíblia: Deus criou o ser humano, o colocou em um jardim. Deu-lhe todo o necessário para que produzisse frutos agradáveis a Deus. Mas, o ser humano escolheu outro caminho e produziu frutos azedos. A semelhança de uma videira que cresceu muito, produzindo lindos e longos ramos, repleto de folhas vistosas, tornando se uma linda parreira, mas, que não produziu frutos de qualidade.
Temos em nós este desejo de autossuficiência, de querer crescer na vida. Queremos ser vistosos, reconhecidos, valorizados. Usamos o campo fértil que Deus preparou, os dons que Deus nos concedeu e nos beneficiamos disso. Todavia, produzimos frutos azedos. Frutos de ingratidão. Frutos de injustiça, de violência, de ódio.
Querido irmão, querida irmã. Para Deus não interessa uma videira ornamental, com ramos fortes e lindas folhas. Para Deus interessa que os frutos sejam agradáveis. E como ele sabe que, se depender de nós, só iremos produzir frutos ruins, ele produziu um enxerto em nossa vida.
Em João 15.1 Jesus Cristo diz: “Eu sou a videira verdadeira...” no v. 6 diz novamente: “Eu sou a videira, e vocês são os ramos.” Somente Jesus é a videira verdadeira, a única capaz de produzir os frutos que Deus espera. Portanto, a única forma de nós produzirmos os frutos doces da verdade, da justiça, da paz, do amor e da gratidão, é estando unidos à esta videira verdadeira.
No Batismo, somos enxertados em Cristo Jesus. Mas é preciso permanecer nele e assim produzir os devidos frutos. Por meio de Cristo somos sim, capazes de produzir os frutos esperados por Deus.
Que a sua vida produza a melhor safra para a apreciação e alegria do Senhor. Amém.