No centro da Bíblia, encontramos o Livro dos Salmos. Ele é o preferido de muitos. Ele foi escrito por Davi e outros tantos “poetas”. Sim! Salmos é um livro de poesia. Suas palavras expressam o louvor, a oração e o testemunho de pessoas que experimentaram Deus em suas vidas. Elas acharam por bem colocar tais experiências pessoais em forma de poesia, preservando seus testemunhos geração após geração. Hoje meditamos com os Salmos e agradecemos. Aliás, até mesmo nos identificamos com os poetas. Tal identificação é muito natural, pois o coração das pessoas não muda com o passar do tempo. Todos precisam experimentar Deus em suas vidas. Quando o reconhecemos, nosso testemunho flui naturalmente. Alguns louvam e outros oram. De fato, não se pode ficar sossegado diante do que Ele faz.

No Salmo 68, Davi relata um pouco de sua vivência familiar. Ele é bisneto de Rute, aquela estrangeira que escolheu pertencer ao Povo de Deus. Foi ela quem disse à sogra: “O teu Deus é o meu Deus” (Rute 1.16). Ou seja, Davi cresceu ouvindo tal história. Na casa de Jessé, ele era o caçula dentre oito. Era o pastor de ovelhas que vivia no campo, o qual Deus já preparava para conduzir um povo. Era o poeta e músico, que observava a natureza. Através deste talento, ele foi chamado à presença do rei Saul para acalmar o seu ânimo. No palácio, encontrou Milcal, que se tornou sua esposa. Encontrou também Jonatas, seu grande amigo. Os relatos bíblicos em torno de Davi apontam uma grande família na origem. Dirigido por Deus, adentrou à realeza, formando outra família enorme. Davi, segundo o costume da época, era polígamo. Ele teve 5 esposas legítimas, assumindo outras 3 mulheres, com as quais teve 20 filhos, sendo seu sucessor Salomão, filho de um relacionamento suspeito com Bate Seba. Seja a solidão dos campos com suas ovelhas, quanto a solidão das batalhas com seus soldados ou ainda a solidão do coração pesado pelo pecado levara Davi a expressar o testemunho de que Deus não fez ninguém para viver sozinho. O sacerdote Samuel ungiu o jovem pastor ao reinado. O gigante Golias transformou-o em herói do povo. O profeta Natã tirou-o do pecado levando-o à maturidade. Jamais esteve só. Deus se fez presente, tirando-o da solidão.

Aliás, assim somos convidados pelo Salmista a refletir sobre a família e sua relação com a nossa fé. Com certeza e com alegria cada qual pode olhar à sua origem, agradecendo pela família onde foi criado. Com certeza, não é uma família perfeita, assim como nós também não somos perfeitos. Mas, ali Deus nos colocou, dando base à nossa existência. Com o passar dos anos, a maioria escolheu um (a) parceiro (a) à caminhada. Viemos de uma casa. Em seguida, formamos nossa própria família. Mas, nada é perfeito. Há aqueles que não encontraram um cônjuge. Outros, acharam e perderam pela separação ou morte. Vivemos num mundo com diferentes realidades, algumas mais confusas do que outras. Contudo, uma certeza podemos ter, nem se comparam às confusões em torno de Davi. Entretanto, deve ser dito que aquilo que levou Davi adiante foi seu FOCO em Deus. A fé permitiu que ele vencesse os desafios, chegando ao propósito maior. Deus sempre esteve ao seu lado. Deus sempre colocou outras pessoas ao seu lado para o reconduzirem ao seu chamado.

Por tudo isso, podemos afirmar, com certeza, que hoje também Deus não nos deixa sozinhos. Até podemos errar nas escolhas ou experimentar o gosto amargo do pecado. Mas, Deus sempre de novo vem ao nosso encontro. Tal aproximação percebemos com intensidade plena na pessoa de Jesus, que nos incentiva a chamar Deus de Pai. Noutros palavras, se torna nosso “mano” na caminhada. Ele nos concede, por sua infinita graça, muitos irmãos na caminhada. Assim, a igreja (na expressão local, a comunidade) se torna a nossa família. Quão grande dádiva! Portanto, finalizo com um desafio: Olhe aos céus e agradeça pela sua família de origem. Agradeça também pela família que você formou. Olhe aos céus e diga “obrigado” pela sua comunidade, onde você escolheu viver a fé. Que Deus continue te abençoando hoje e sempre!