Na Igreja Primitiva havia a concepção de que Jesus salvaria somente a nação judaica. Por isso, os judeus convertidos ao cristianismo questionavam Paulo porque, evangelizando fora de Israel, trazia gentios para a Igreja. Diante desta situação, eles queriam exigir que, pelo menos, estes novos cristãos fossem circuncidados, criando um embate com Paulo, que discordava dessa exigência.
Quando escreve para a comunidade colossense, Paulo traz uma nova abordagem quando à circuncisão, dizendo que o Batismo e o triunfo de Cristo na cruz se tornaram uma “circuncisão” espiritual e o triunfo sobre o pecado para àqueles que seguem a fé em Deus, através do cristianismo.
Ainda hoje vivemos tempos de muitas contendas religiosas, onde muitas igrejas se “apropriaram” da salvação, assentadas num discurso exclusivista de pureza cristã. São tantas privações e proibições sem nexo que se impõe nalguns ambientes religiosos, que a fé aparenta ser um fardo. Ao invés de testemunharem e viverem a partir do Evangelho, pregando a unidade e o amor de Deus, muitas pessoas ainda estão apegadas a determinados códigos legais, assim como os judeus cristianizados estavam presos à prática da circuncisão. Mas é isso que Deus espera nós?
O amor está na essência do ser Deus e, segundo afirma São Tomás de Aquino, “a essência de Deus não comporta o mais e o menos. Logo, nem seu amor. Então, não ama mais a uns do que a outros”. Por isso, o Espírito Santo não é prisioneiro de nenhuma igreja e, da mesma forma, ninguém, além de Deus, pode determinar quem é o alvo da salvação divina. Deus ama, porque Deus é o próprio amor, caso não fosse, Deus negaria a si mesmo. E, por causa do seu amor, nos é dito no livro deuterocanônico da Sabedoria 6.7: “Porque Deus não excetuará pessoa alguma, nem se deixará impressionar pela grandeza de ninguém: o pequeno e o grande, foi ele quem os fez, e ele cuida igualmente de todos”.
Ler: Colossenses 2.6-15
P. Luciano Ribeiro Camuzi (Telefone: 19 9 7108-4619)