Nos últimos meses, culto após culto, estamos refletindo nas palavras do evangelista Marcos. Cada momento da vida de Jesus traz desafios claros de como ser igreja hoje. Não são apenas histórias antigas de Jesus com os discípulos. Antes, são motivações para expressarmos de maneira clara a nossa fé, trazendo um novo rumo ao mundo. Na última quinta refletimos sobre a multiplicação dos pães. Jesus ensina a agradecer, repartir e não desperdiçar. Hoje celebramos o Culto da Colheita. Ou seja, expressamos nossa gratidão pelo que fizemos e pelo que recebemos de Deus. O altar está colorido de produtos e talentos, expressando as riquezas de nossa comunidade. Como Presbitério, elaboramos uma estratégia onde todas as ofertas serão transformadas em recursos à nossa comunidade ou para alegrar uma família presente. Nada será desperdiçado. Doravante, na pregação retomaremos a reflexão iniciada na quinta sobre a importância do repartir. Mas, antes convido-os para escutarem o trecho do Evangelho.
OS FARISEUS VIERAM E COMEÇARAM A INTERROGAR JESUS. PARA PÔ-LO À PROVA, PEDIRAM-LHE UM SINAL DO CÉU. ELE SUSPIROU PROFUNDAMENTE E DISSE: POR QUE ESTA GERAÇÃO PEDE UM SINAL MIRACULOSO? EU LHES AFIRMO QUE NENHUM SINAL LHE SERÁ DADO. ENTÃO, SE AFASTOU DELES, VOLTOU PARA O BARCO E FOI PARA O OUTRO LADO (MARCOS 8.11-13).
Algumas informações preliminares... Jesus era respeitado pelo povo como Mestre. Ele não só ensinava. Ele agia com amor. As pessoas sentiam-se acolhidas na sua presença. Por isso, alcançou muito sucesso entre o povo. Muitos vinham para escutar seus ensinos. Outros tantos vinham em busca de ajuda. Todavia, a grande maioria era composta de pessoas descomprometidas. Apenas curiosos em ver Jesus. Por outro lado, a classe religiosa da época – os escribas e os fariseus – não via o “novo” mestre com bons olhos. Às vezes, simplesmente era inveja, pois não conseguiam fazer o que ele fazia. Sequer tinham um pingo da autoridade de Jesus. Também, ficavam extremamente incomodados ao perceber que Jesus esclarecia de que nada adiante a lei pela lei, se não houver amor. Era certo que os religiosos estavam planejando dar fim à carreira de Jesus. Eles procuravam tanto motivo, quanto oportunidade para tal.
Jesus curou à distância a filha de uma mulher estrangeira, que sequer pertencia o povo de Deus. Jesus tratou com todo o carinho um deficiente (surdo e gago), reintegrando à sociedade. Em seguida, num lugar deserto, ele alimentou uma multidão, multiplicando os pães. Os fariseus acompanhavam os fatos ao vivo e as notícias à distância. Estava preparando um golpe. Por isso é que, ao encontrarem Jesus, fazem o pedido: Queremos um “sinal do céu”! Como se não bastasse tudo o que aconteceu até aquele momento, eles pedem por outro milagre. Mas, fazem questão em destacar que seja “do céu”. Por que, afinal?
A história do povo de Deus é rica em detalhes. Os judeus tinham seus livros sagrados. Mas, de fato, as histórias eram contadas e recontadas, seja em casa, seja nas sinagogas. Todos conheciam o milagre do pão do céu. Aconteceu no deserto quando seguiam para a Terra Prometida. Não lhes faltava nada. Eles recebiam o alimento de cada dia. Mesmo assim, eles começaram a queixar-se. Então, Deus faz chover sobre o acampamento uma substância que poderia ser usada para fazer pão. Era o Maná. Da mesma, forma enviou bandos e bandos de codornas. Não faltou, nem pão, nem carne. Também num lugar deserto, eles fartaram-se do alimento que veio do “céu”.
Todavia, agora o questionamento era dos fariseus: Se de fato você é o Filho de Deus como diz, porque não mandou o Maná para sustentar o povo reunido no deserto? Jesus conhecia a história e, com certeza, tinha poder para isso. Mas, preferiu fazer o milagre acontecer de maneira diferente, envolvendo diretamente todos os presentes do início ao fim. Primeiro, perguntou aos discípulos sobre o que fazer. Eles precisaram refletir a questão e se articular. De nada adianta clamar pelo milagre se não há disposição para desacomodar-se. É assim: Deus opera a cura. Mas, a gente precisa tomar o remédio e caprichar no tratamento. Deus faz a planta crescer dando força à semente, chova e sol. Mas, cabe-nos plantar, cuidar e colher. Após breve movimentação, os discípulos descobrem uma certa quantia de pão. O milagre veio das mãos do próprio povo. A solução estava e está na vontade de dividir aquilo que tenho com quem passa por necessidade. Caso os sete pães ficassem escondidos, a multiplicação não aconteceria. De livre vontade, alguém disse: Peguem e usem. O milagre aconteceu. O terceiro passo é a organização. Jesus divide em grupos, tanto o povo, quanto os discípulos e, após agradecer pelas dádivas, passa à distribuição serena até que todos se fartaram. Destaca o evangelista: De sete pães e alguns peixes ainda sobraram sete cestos de alimentos.
Um sinal do céu ou da terra? A vontade de Deus é pela salvação do mundo. Mas, a história mostra que é necessário nosso envolvimento. Você anseia por uma vida melhor? Quer experimentar a felicidade? Olhe para cima! Ela brota em Deus. Olhe para o lado. É impossível a felicidade pessoal quando há gente passando mal ao nosso lado. Aprenda a agradecer. Organize-se pessoalmente. Envolva outros na busca de soluções. Por fim, o milagre acontece quando aprendemos a abrir a mão e partilhar. Os fariseus esperavam um sinal do céu e deixaram de perceber o milagre que acontecia dia a dia na vida daqueles que reconheciam Jesus como Senhor e Salvador. Por isso, fique ao lado do Mestre, sempre aprendendo, sempre servido. Bênçãos. Amém!