Era uma vez uma família de criadores de animais. Os filhos ficavam encarregados de cuidar dos rebanhos. A relação entre os filhos não era das melhores. O pai tinha uma certa predileção por um deles. Este informava ao pai as irregularidades que aconteciam na administração dos rebanhos.
Esta relação bastante estreita entre o pai e o filho predileto criou uma enorme animosidade entre os demais irmãos. Estes chegaram a ponto de o odiar profundamente. Para complicar ainda mais as coisas, este filho, além de receber uma roupa diferenciada, demonstra um dom especial para interpretar sonhos. Num sonho descreve um cenário futuro em que haveria uma situação em que onze pessoas iriam reverenciar uma única pessoa.
Isso foi a gota d'água. O ciúme e a inveja cresceram ainda mais entre os irmãos e eles não viam a hora de lhe dar uma rasteira.Tramaram um plano para tira-lo de seu caminho e de sua convivência. Forjaram inicialmente um acidente de trabalho. O matariam e diriam ao pai que teria morrido num acidente de trabalho. Depois acharam melhor deporta-lo para bem longe num esquema que incluía a apresentação de provas de um suposto acidente. E assim fizeram. O pai ficou profundamente triste e desolado.
Esta história continua com a reabilitação futura do filho deportado e termina com a reaproximação dos irmãos e do pai em função de crises econômicas decorrentes de uma grande seca. Num processo longo, sofrido e doloroso do ponto de vista físico e emocional o pai revê o filho e os irmãos se reconciliam. Entendem que toda esta história tinha como finalidade a preservação da vida em meio a tantas contradições. Percebem que situações desfavoráveis podem ser convertidas e redirecionadas por Deus. Enquanto viviam este drama, tanto o irmão prejudicado quanto os irmãos e a família que passaram pelos infortúnios, poderiam não entender e compreender o sentido dos fatos e dos acontecimentos.
Um olhar retrospectivo permite concluir que não há caminhos fechados. A partir da confiança em Deus pode-se ter a esperança de que ele reverte os infortúnios e transforma as desgraças. Importa estar atento a seus sinais enquanto vivemos os nossos papéis sociais, comunitários, eclesiásticos e públicos.
Quantos problemas pessoais, familiares e comunitários se abatem sobre nós e complicam as relações entre as pessoas! Quantas divisões e separações têm como motivação o egoísmo, o individualismo, o ciúme, a inveja, o orgulho, a vaidade, a busca de posições, a megalomania e tantas outras tentações que se aninham no mais profundo abismo do ser humano! Quanta animosidade, quantos conflitos e quantas crises se instalam no seio das comunidades e atrapalham a caminhada de fé e a comunhão de irmãos e irmãs!
Certamente nos perguntamos: Deus o que significa tudo isso? Como é possível tudo isso na comunidade cristã? Por que tanto desgaste e dispêndio de energia na administração de tensões e conflitos? Quem sabe a resposta esteja no hino:
Se bem que meu caminho eu ignorar, confio em ti.
Porque teus planos vais concretizar, confio em ti.
Por me guiares, não preciso ver, nem mesmo sempre tudo entender!
Que Deus transforme os nossos males, as nossas crises, os nossos conflitos no bem maior que está acima de nossa compreensão e fortaleça a nossa confiança nos caminhos da esperança!
P. Dr. Rolf Schünemann