Prezada Comunidade,
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A leitura bíblica que ouvimos do livro de 1Reis 3.5-12 nos fala do rei Salomão e do seu pedido a Deus. Quando Deus lhe pergunta: O que queres que eu te dê? O rei Salomão responde: Dá-me sabedoria para governar o teu povo. O governo do rei Salomão foi muito famoso, personagens vinham de longe para visitá-lo devido à fama que alcançou a sua inteligência.
Sabedoria, inteligência – são coisas que faltam muito nos governantes e a nós os eleitores de hoje. Talvez esse seja um bom conselho para todos nós. Na política, peçam que Deus lhes dê sabedoria e inteligência. Na carta de Tiago 1.5 lemos: Se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus e ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos.
O Salmo 119. 129-136, no entanto, começa a dar-nos sinais de esperança. A mudança está em voltar-se para Deus, em buscar em Deus a sabedoria e a orientação. A palavra de Deus traz luz e dá sabedoria (v. 130). Colocar-se nas mãos de Deus, ouvir a sua Palavra e deixar-se conduzir por sua Palavra, é uma atitude de sabedoria e de inteligência.
O Evangelho de Mateus 13.31-33; 444-52 nos falou de várias histórias de transformação. Essas transformações não foram mágicas- algo que acontece do nada, de um momento para o outro e aparentemente sem explicação. Jesus não fala em mágica, mas fala em milagre. Jesus enfatiza que milagres acontecem e são uma resposta de Deus ao nosso esforço. O tesouro escondido só foi encontrado porque a pessoa que o encontrou estava arando o campo, preparando a terra para mais um plantio. Se ela não estivesse trabalhando, não teria acontecido nada. A pérola só foi encontrada porque alguém com conhecimento reconheceu o valor dessa joia. Os pescadores tiveram que lançar primeiro as redes, puxar as redes para a praia e então recolher os peixes. Todas essas coisas somente aconteceram como resultado do esforço. Sem o esforço – não acontece nada.
Mas tem uma segunda mensagem nessas parábolas. Para que aconteça uma transformação de verdade – é preciso se desapegar do passado. Sem desapego, também não acontece nada. Para aproveitar a nova chance – é preciso deixar algumas coisas para trás. É preciso abrir mão de posicionamentos e de pensamentos. Deus conhece até os nossos pensamentos e ele sabe quando somos sinceros ou não. Sem essa disposição para a mudança, as novas oportunidades que Deus nos dá acabam sendo contaminadas pelos maus hábitos do passado. Por isso, devemos nos perguntar: Por que será que as mesmas dificuldades sempre voltam?
Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores.
Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida.
Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo.
Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito. O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.
Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. O urso não resistiu as muitas queimaduras e morreu. Mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.
Quantas vezes em nossas vidas ficamos abraçando certas coisas que julgamos ser importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero.
Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. É necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir.
Para que as coisas antigas deixem de nos fazer mal, o Evangelho nos diz que devemos ter a coragem e a sabedoria que o urso não teve ... e soltar a panela!
Mas se a gente é uma pessoa cristã – Deus não deveria proteger a gente? A gente não deveria estar imunizado contra problemas?
Qual é a diferença entre ser uma pessoa cristã ou não, se as pessoas cristãs têm problemas como as pessoas não cristãs?
A diferença está na reação que as pessoas têm diante dos problemas, diante da doença e da morte. É disso que fala o apóstolo Paulo na carta aos Romanos 8.26-39. Ele diz que diante das adversidades da vida, uma pessoa cristã também tem momentos de fraqueza no corpo e também no espírito.
A fraqueza pode ser tão grande que a pessoa nem consegue reunir ânimo e palavras para se dirigira Deus, em oração. Apesar de já derrotados, os poderes do mal se manifestam com tal intensidade que, às vezes, se poderia pensar que eles, são mais fortes do que Deus. Desta dúvida apenas se consegue sair, quando se compreende que nenhum acontecimento foge do alcance de Deus. Ele está presente também na hora do sofrimento. É por isto que todas as cousas cooperam para o bem, até mesmo aquelas que aparentemente dificultam a realização dos planos de Deus.
Paul Tillich fala-nos de como a fé cristã incorpora uma experiência dolorosa. Ele diz que a providência divina não é, certamente, uma vaga promessa de que com a ajuda de Deus tudo sempre acabará bem. Não é bem assim. São muitas as coisas que acabam mal. A providência divina também não diz que devemos sempre conservar a esperança em todas as circunstâncias. Há circunstâncias na vida em que não há mais esperança alguma. (...) Muito pelo contrário. O conteúdo da fé na providência divina é esta: QUANDO A MORTE FOR ABUNDANTE, COMO AGORA; QUANDO A CRUELDADE IMPERAR ENTRE AS NAÇÕES E OS INDI-VÍDUOS, COMO AGORA; QUANDO OS PRESÍDIOS E OS GUETOS DE TODAS AS PARTES DO MUNDO ESTIVEREM REPLETOS DE CORRUPÇÃO MORAL E FINANCEIRA, COMO AGORA; QUANDO A FOME, A PERSEGUIÇÃO E A DISCRIMINAÇÃO EMPURRAREM MILHÕES DE UM LUGAR PARA O OUTRO, COMO AGORA - PODEMOS PROCLAMAR QUE, NESTE MOMENTO, PRECISAMENTE NESTE MOMENTO, NENHUM DESSES HORRORES PODE SEPARAR-NOS DO AMOR DE DEUS. [Deus não foge diante do mal; ele não se separa de nós nos momentos em que lutamos contra o mal] É SOMENTE NESTE SENTIDO QUE PODEMOS DIZER QUE AS COISAS CORREM PARA O BEM. A FÉ NA DIVINA PROVIDÊNCIA DIZ-NOS QUE NADA E NEM NINGUÉM PODERÁ IMPEDIR-NOS DE REALIZAR AQUILO QUE DETERMINOU NOSSA EXISTÊNCIA. [E somos justificados para viver/praticar a justiça]
Um agricultor, em seu leito de morte, chamou seus três filhos para repartir entre eles os bens. Aos dois mais velhos foram destinadas as mais belas terras, enquanto que o Ernesto recebeu como herança um banhado, imprestável para a agricultura. Quando os amigos souberam dessa estranha divisão de bens, solidarizaram-se com ele, em vista da injustiça cometida pelo velho.
- Que azar, hein homem?
O Ernesto, no entanto, respondia: Se isso é bom ou se é mau, só o futuro dirá.
Passou um ano e uma seca terrível atingiu aquela região. Todas as plantações morreram por falta de umidade. A terra de banhado do Ernesto ficou boa para a agricultura. Ele plantou e colheu em abundância. O preço estava em alta e ele ganhou muito dinheiro. Os seus amigos foram visitá-lo, para cumprimentá-lo.
- Que sorte, hein homem.
Ele, no entanto, respondia: Se isso é bom ou se é mau, só o futuro dirá.
Um tempo depois, ele foi comprar um lindo cavalo de raça. Era caro, mas era um puro-sangue. Comprou o cavalo e, naquela mesma noite, o animal fugiu. Ninguém conseguia encontrá-lo. Os amigos vieram visitá-lo com ar de decepção. Tanto dinheiro investido naquele animal e nenhum prazer. Não ficou nem uma noite no curral.
- Que azar, hein homem.
Ele, no entanto, respondia: Se isso é bom ou se é mau, só o futuro dirá.
Três dias se passaram e, no amanhecer do quarto dia, uma grande surpresa. O cavalo estava de volta e trazia com ele outros dois puros-sangues selvagens. Foi uma alegria só. Os amigos vieram ver a novidade e com alegria diziam:
- Que sorte, hein homem.
Ele, no entanto, respondia: Se isso é bom ou se é mau, só o futuro dirá.
Passou mais uma semana e um dos filhos do Ernesto, com 18 anos, havia apostado que conseguiria montar um dos cavalos selvagens. A rapaziada ficou de se encontrar às escondidas, no domingo à tarde, no meio do pasto, onde estavam os cavalos. O filho mais novo do Ernesto aproximou-se com muito cuidado. O cavalo parecia assustado, mas não se movia. E, num só pulo, o rapaz montou o animal. O cavalo selvagem, assustado, começou a corcovear com o rapaz em cima dele. Pulou duas ou três vezes até que o rapaz caiu. Na queda este fraturou a perna. Os amigos foram chamar o pai, que levou o filho para o hospital. A perna precisaria ficar engessada por 45 dias. Os amigos vieram visitar o Ernesto.
- Que azar, hein homem?
Ele, no entanto, respondia: Se isso é bom ou se é mau, só o futuro dirá.
Passou-se mais uma semana quando vieram os soldados com ordens claras: todos os jovens maiores de 18 anos deveriam apresentar-se imediatamente para partir para a guerra. Ninguém ficaria de fora, exceto por problemas de saúde. Todos os jovens tiveram que partir, apenas o filho do Ernesto, com a perna quebrada, não precisou ir. Os amigos, entristecidos, vieram falar com o Ernesto. Os filhos deles agora estavam longe, correndo sério risco de vida, enquanto que o Ernesto tinha o filho dele ali, sob os seus cuidados.
- Que sorte, hein homem?
Ele, no entanto, respondia: Se isso é bom ou se é mau, só o futuro dirá.
Se você não entende o que está acontecendo nesse momento em sua vida, lembre-se: a vida nunca está pronta. Cada dia se abrem e se fecham possibilidades. Se isso é bom ou se é mau, só o futuro dirá. Mas é bom saber que sempre estamos nas mãos de Deus. O nosso futuro não pertence ao acaso, e sim a Deus. Por isso, podemos dizer, ao lado do pastor e compositor Paul Gerhard: Por ti, ó alma abatida, o Senhor lutará. O teu caminho ele preparará através da escuridão. A coisa mais importante, o fato maior ele já fez acontecer: através de Jesus, ele redimiu a tua vida e, por isso, não te deixará perecer.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do espírito Santo estejam entre nós. Amém.