Outrora as cidades e os castelos eram cercados de muros. Em alguns pontos havia torres, nelas os guardas. Com cornetas ou aos gritos, eles anunciavam a aproximação do inimigo. Jamais podiam cochilar, pois colocariam em risco toda a população. Hoje somente grandes empresas e bancos contam com vigilantes, os quais tanto evitam o perigo, como orientam e ajudam. Na vida doméstica, às vezes também ficamos de prontidão, ao cuidar de crianças ou mesmo, em algo tão básico, quanto não deixar o leite ferver. É preciso atenção. Caso contrário, há perigo ou prejuízo.
Um pouco antes de relatar a Paixão, o evangelista Marcos faz questão destacar uma exortação de Jesus com respeito à vigilância. A exortação carrega o sentido do “presta mais atenção”! Não é tanto um puxão de orelha, antes um bom conselho. Então, como cristão, preciso ficar atento à minha vida e também à minha família, comunidade e sociedade. O que vai acontecer? Quais são os possíveis inimigos? O que traz prejuízo? Vamos escutar com atenção as palavras de Jesus em Marcos 13.32-37.
“Ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isso vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o filho, mas somente o pai. Vigiem e fiquem alertas, pois vocês não sabem quando chegará a hora. Será como um homem que sai de casa e viaja. Mas, antes de ir, distribui o trabalho entre os empregados e manda o porteiro ficar de vigia. Então, vigiem! Vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar. Se ele chegar de repente, que não encontre vocês dormindo! Digo a todos: Fiquem vigiando”.
Natal é a chegada do Menino Rei ao mundo. Deus se faz humano. Jesus viveu entre nós por 33 anos. Teve família, amigos e discípulos. Divertiu-se e trabalhou. Especificamente nos últimos 3 anos dedicou-se à proclamação do Reino de Deus. Tal projeto teve continuidade com seus discípulos. Ainda hoje, nós nos dedicamos à causa. Em vários momentos Jesus deixou claro uma verdade, a qual foi explícita no momento de sua ascensão: Vou, mas volto para buscar os crentes!
Hoje vivemos na certeza de que, seja pela morte física ou pela Volta de Cristo, chegará o dia do encontro derradeiro com nosso Salvador. Crer em Jesus abre as portas da vida eterna e também traz esperança à vida presente. Aguardando o momento do encontro, somos desafiados à vigilância, tanto pessoal, quanto das pessoas que Deus colocou à nossa volta.
Através da história, observamos muita gente curiosa, que tentou determinar o dia do fim. As duas datas mais recentes foram a virada do milênio e o ano de 2012. Mas, segundo esclarecimento do próprio Jesus, quem tenta determinar uma data apenas especula ou mente, criando pânico e aproveitando-se de alguma forma da situação. Infelizmente, pensando religião, sempre houve e sempre haverá espertalhões, fanáticos, malucos e trouxas.
Todavia, o alerta de vigilância é necessário e atual, pois o quanto antes a pessoa entregar-se a Jesus, vivendo em total confiança e esperança no Mestre, melhor e mais seguro. Aliás, com o despertamento espiritual, a pessoa passa da improdutividade à missão. Nosso Senhor ausentou-se fisicamente na Ascensão, mas voltará sobre as nuvens. Com seus dons, talentos, tempo e recursos, todos os cristãos, de uma forma ou outra, estão ativos na vigilância e no anúncio. Não é hora de dormir. Mas, para ficar atento e agir.
Certo é que, de tempos em tempos, somos dominados pelo sono. O excesso de atividades faz com os crentes se cansem, muitas vezes até mesmo na seara. Por outro lado, também corremos o risco da preguiça espiritual. Aquele que vê as situações erradas e fica dizendo: É assim mesmo ou deixa para lá. Ao invés de colocar mãos à obra, simplesmente deixa o barco correr. Muito cuidado, a destruição do lar, da comunidade e da sociedade pode estar bem próxima. A morte eterna, devido ao afastamento de Cristo, pode ser inevitável. É preciso acordar e anunciar.
Para concluir... Diferente do leite que ferve ligeiro, os cristãos aguardam geração após geração a Volta de Cristo. Por 20 séculos somos desafiados à vigilância. O desafio constante é para cuidar-se. Igualmente, vigiar a minha casa, igreja e sociedade. Eu exerço minha vocação espiritual onde Deus me colocou. Por isso, o vigiar sempre está ligado à questão da responsabilidade. Preciso aprender a trabalhar de maneira equilibrada, sem ser fanático ou frenético. Devo evitar a preguiça (também espiritual). Ou seja, não levar uma vida acomodada. Pelo contrário, uma constante desacomodação com crescimento.
Advento é tempo de preparação. Por isso, organize bem o Natal. Mas, na celebração, não esqueça o lado espiritual. Dê espaço para Jesus na tua programação. Aí se encontra a verdadeira felicidade. Que, na sua chegada, Jesus nos encontre preparados. Amém!