Prédicas e Meditações



ID: 2931

PREPARATIVOS CONTINUAM - PASSOS PARA A RECONCILIAÇÃO

Reflexões no tempo de ADVENTO

10/12/2019

Romanos 15.4 Pois tudo o que no passado foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança. 5 Ora, o Deus da paciência e da consolação lhes conceda o mesmo modo de pensar de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, 6 para que vocês, unânimes e a uma só voz, glorifiquem o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. 7 Portanto, acolham uns aos outros, como também Cristo acolheu vocês para a glória de Deus. 8 Pois digo que Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos nossos pais 9 e para que os gentios glorifiquem a Deus por causa da sua misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu te glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao teu nome.” 10 E também diz: “Alegrem-se, ó gentios, com o povo de Deus.” 11 E ainda: “Louvem o Senhor, todos vocês, gentios, e todos os povos o louvem.” 12 Também Isaías diz: “Virá a raiz de Jessé, aquele que se levanta para governar os gentios; nele os gentios esperarão.” 13 E o Deus da esperança encha vocês de toda alegria e paz na fé que vocês têm, para que sejam ricos de esperança no poder do Espírito Santo. (Romanos 15.4-13 NAA)

PREPARATIVOS CONTINUAM — PASSOS PARA A RECONCILIAÇÃO

Introdução
Que é tempo de ADVENTO já sabemos. E os preparativos continuam. Então, juntemos novamente as informações que nos movem neste domingo. JESUS VIRÁ é a primeira razão para intesificar os preparativos. A segunda razão é que o ENSINO ESCRITO requer atitude de nossa parte, especificamente paciência e consolação. É o que lemos no texto escrito por Paulo aos romanos. Juntamos a isso a lembrança de que no segundo domingo de dezembro, no Brasil, celebramos o DIA DA BÍBLIA. É a Escritura que nos reconcilia com Deus e uns com os outros de maneira a reconhecermos o plano que Deus tem para com toda humanidade.


Está escrito
Comecemos com a constatação de que temos as ESCRITURAS. Elas nos ajudam a encarar o tempo de ADVENTO com esperança. O apóstolo diz que nossa esperança vem da consolação das ESCRITURAS. Paráklesis é traduzido por consolação, mas pode ser também fazer lembrar ou estímulo. Interpretando isso, percebemos que Deus nos consola com sua consolação. É com mansidão que Deus nos fala de seus propósitos, convidando a voluntariamente nos submeter a Deus. Quando isso acontece, sua bondade e amor paternal torna tudo doce para nós: isso alimenta e sustenta a esperança em nós para que não falhe. (João Calvino)

A consequência de paciência, o apóstolo nos diz, é produzir esperança“

Portanto, as admoestações que as Escrituras sugerem que tudo o que já foi escrito, todas as instruções que elas transmitem, todas as exortações à paciência nas provações, tudo isso significa “conforto”.


Acolher uns aos outros
Quem anda na consolação das ESCRITURAS sabe que nem sempre esta caminhada é suave ou tranquila.

Pessoas cristãs nem sempre concordam em tudo. As pessoas possuem níveis de maturidade diferentes, pensam diferentes sobre como deve ser exercitado o amor cristão, pensam de forma diversa quanto a forma de governar uma nação; até sobre conceitos de justiça há diversidade de opiniões entre pessoas cristãs. Como seria bom viver sempre em harmonia com as pessoas de nossas relações, especialmente no convívio cristão. Mas não é assim. Não, não precisamos sempre concordar com tudo, com as mesmas regras morais, com as mesmas formas de encarar os desafios sociais… Mas não podemos escapar de sermos unidos — até o âmago — no mesmo amor de Cristo. E a causa de Cristo nos faz glorificar a Deus, unânimes e a uma só voz!” (v.6)


O amor de Deus em Cristo nos reconcilia
A obra da reconciliação não é, a priori, algo que acontece entre pessoas como você e eu, por nossa iniciativa. A reconciliação sempre acontece a partir de Deus, por iniciativa de Deus. E, pelo fato de a iniciativa ser de Deus, faz de nós “nova criação”. A iniciativa é Dele ao nos libertar de um mundo de escuridão — o mundo sem a persspectiva da luz do ADVENTO — e nos carrega para o reino do Filho, fruto do Seu amor. O amor de Deus se encarna no Natal, nos reconciliando com Ele e nos perdoando de todos os pecados. É exatamente assim que Deus se “mostra a nós, seu povo, tornando o que é invisível em visível. O primogênito de toda a criação nos chama para dentro da condição de sermos novas criaturas (Cl 1.13-15).

O Criador digno de toda honra e louvor vem, desce, e se reconcilia conosco. Em nosso texto não encontraremos a palavra “reconciliação”, mas está implícita no conceito de que “Cristo acolheu vocês para a glória de Deus”(v.7) para confirmar as promessas feitas aos nossos pais”(v.8). O ensino sobre a reconciliação encontraremos com mais ênfase em outro escrito paulino: “Ora, tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação.” (2Coríntios 5.18-19 NAA).

Esta reconciliação acontece, por assim dizer, em dois tempos.

  1. O amor de Deus nos reconciliou consigo mesmo. O amor de Deus chama-se Jesus, cujo ADVENTO aguardamos. O tempo verbal aponta para uma ação única e completamente concluída mas de ação continuada no tempo presente. Ou seja, a reconciliação, embora já concluída, permanece em constante processo de realização e assim continuará até que o ADVENTO aconteça.
  2. Justamente este estágio da reconciliação é também o seu segundo momento. O mundo presencia, através das realizações do povo cristão, através de seu testemunho em ações e palavras, através do serviço cristão — a diaconia —, que o perdão de Cristo Jesus está estendido concretamente e existencialmente ao mundo. Reconciliar é, portanto, nosso serviço diacônico.

Palavra colocada em nosso coração
Lembrando que celebramos hoje o dia da Bíblia, e constatando que os textos das Escrituras são canibalizados constantemente em interpretações ilegítimas e tendenciosamente adulteradas, aceitemos um presente que muda nossa vida e a perspectiva das coisas. Aceitemos a Palavra da Cosolação em nosso coração.

É uma palavra de fora, que entra em nossa vida. É uma palavra que continua a força da criação em nossos relacionamentos. Quando permitimos que ela — a palavra da consolação e da reconciliação — seja colocada em nós, significa que passamos a ter uma relação profunda e existencial com Deus através de Cristo Jesus e com nosso próximo. Deus o intermedia através de Sua palavra.

Sua Palavra é absolutamente existencial. Isso significa que não é palavra para ser estudada apenas pelos parâmetros cognitivos linguísticos e gramaticais. É Palavra para o coração. A Palavra desde sempre aponta para Jesus Cristo, como Salvador único e suficiente de todos os povos. É justificado dizer assim pelas citações que o apóstolo faz dos textos do Antigo Testamento: 2Samuel 22.50; Salmo 18.49; Deuteronômio 32.43; Salmo 117.1; Isaías 11.10. Dito diferente: várias promessas e instruções de antes de Jesus se concretizam na vida da comunidade cristã a partir do momento em que a Palavra nos reconcilia com Deus e uns com os outros.


Concluindo
A partir de agora a vida na comunidade cristã não acontece mais de acordo com os gostos e preferências de cada pessoa. A comunidade cristã passa a viver da forma como Cristo viveu em sua comunidade.

Essa não é uma condição apenas para alguns poucos escolhidos. Os gentios todos são abraçados por este amor de Jesus. Toda a humanidade é alcançável por este perdão reconciliador do ADVENTO.

Em nossa cidade estamos acostumados a ver a frase “gentileza gera gentileza” do Profeta Gentileza José Datrino. Parafraseando o autor, poderíamos dizer: “Comunidade gera comunhão” e “Comunhão gera reconciliação”. Seriam boas frases para nos identificar?

Somente pela misericórdia de Deus podemos ser pessoas que buscam tratar às outras com misericórdia. Isso não anula, automaticamente, as tensões que existem dentro da comunidade cristã. No entanto, ao sermos chamados a observar as diferenças de opiniões ou atitudes, percebemos que o Evangelho é maior que discórdias. 

O que queremos e precisamos é confessar a Cristo como único e suficiente Salvador, em uma só voz e com um só coração. Diferentes opiniões e formas de perceber a realidade, serão elementos secundários a compor e enriquecer nossos relacionamentos.

Confessemos nossa fé!

Amém.
 


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Testamento: Novo / Livro: Romanos / Capitulo: 15 / Versículo Inicial: 4 / Versículo Final: 13
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 54547

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Importa, acima de tudo, que homem e mulher convivam em amor e concórdia, para que um queira ao outro de coração e com fidelidade integral.
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