Prédicas e Meditações



ID: 2931

Pessach, cordeiro, Cruz, ovos e coelhos

Meditação

19/03/2012

sementre brotando 2
sementre brotando
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O que nos traz alento, forças e sentido? O que nos causa à sensação de segurança, de bem estar, de conforto e consolo? O que nos liberta do desespero? O que nos conduz para uma situação de longanimidade, paciência, calma ou serenidade? O que pode nos livrar do medo e nos encorajar para viver. Para termos coragem e esperança também para deixar de viver neste mundo quando isto for acontecer? Em fim, O que nos faz existir com perspectivas e com intensidade?

A celebração da páscoa é uma resposta para estas questões ou dilemas. Evidentemente que há outras perspectivas religiosas ou não religiosas que buscam elucidar caminhos para o ser humano se encontrar e viver bem o seu tempo nos quais muitas pessoas encontram sentido. O que nos propõe, porém, a páscoa? Qual a espiritualidade que envolve a sua celebração, de cuja significação esperamos a Paz necessária para vivermos a nossa saga no mundo?

Logo nos vêm à mente alguns símbolos e personagens: Cruz, Jesus, Túmulo, coelho, ovos de chocolate (ou de aves, preenchidos com amendoim). Também muitos lembram que há algumas histórias envolvendo cordeiros, libertação de escravos do Egito, mar vermelho e deserto. Parece bastante confuso. Símbolos só tem sentido se eles de forma simples e clara comunicar algo significativo para as pessoas, algo que as move ou as acalme, as console ou ainda forneça alento e esperança. É importante que símbolos sejam algo vivencial e não apenas parte de uma tradição ou do folclore do tipo para turistas verem. Símbolos devem dizer algo a respeito da vida das pessoas. É por causa disto que os símbolos que dizem respeito à celebração da páscoa parecem tão confusos. As comunidades cristãs ao longo da história foram incorporando simbologias que lhes dizia respeito e eram vivenciadas. É o caso do ovo e do coelho. Quando o cristianismo foi implantado na região norte da Europa, acabou incorporando elementos da mitologia de seus povos. Uma delas diz respeito a divindade da fertilidade ou da primavera, chamada Ostera ( ou Ostara ), cuja imagem é a deusa segurando um ovo e observando um coelho que saltita ao seu redor. A primavera, após um longo e intenso frio era um tempo de grande alento e alegria, pois era o tempo de preparar a terra e plantar, as pessoas sentiam a vida brotando. E o símbolo do coelho e do ovo eram os mais propícios para isso. Assim foram incorporados à celebração da páscoa por estes povos. Tanto que páscoa no idioma inglês se diz Easter e em alemão Ostern, uma alusão muito clara às festividades destes povos que já ocorriam muito antes de celebrarem propriamente a páscoa na perspectiva cristã. Houve uma incorporação de símbolos locais que faziam e ainda fazem sentido às populações destas regiões. Os símbolos do coelho e do ovo fazem pouco sentido nos dias atuais, principalmente para quem mora na cidade e não participa do ciclo de vida que eles representam; eles se transformaram muito mais em uma tradição. Não é mais algo simples que se tem na própria casa que generosamente foi oferecido pela natureza. O ovo e o colho são em nossa região algo artificial e comercial que perderam bastante o sentido de brotar a vida, como foi originalmente incorporada na espiritualidade cristã. Mas mesmo assim, na falta de outro símbolo mais cultural nosso pode representar ainda este sentido original e ainda pode ser, de certo modo, vivencial para muitas pessoas.

A origem da palavra páscoa está no idioma hebraico “Pessach” e o seu significado está relacionado com o termo passagem, mais precisamente com o verbo passar adiante ou por cima, significando poupar, ou livrar de. Este termo nós o encontramos em Gênesis 12.12-13, quando é dito que Deus poupará os filhos dos hebreus na noite da morte dos primogênitos. A celebração da páscoa, de acordo com êxodo 12 está relacionada à ação de Deus libertar, poupar da morte os filhos dos escravos. A simbologia passou a ser o cordeiro e a celebração o seu sacrifício para lembrar e vivenciar que foi o seu sangue espargido nos umbrais das casas o sinal de que ali vivia alguém que seria poupado da morte e libertado da escravidão.

Somos cristãos por causa da cruz. Porque cremos que Deus, o mesmo que poupou os primogênitos Hebreus no Egito, se tornou ser humano em Jesus. Cremos que a Ação de Deus permitindo ser imolado na cruz espargiu seu sangue sobre todos nós, ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A cruz passa a ser o símbolo vivencial da ação redentora de Deus em nosso favor. O crucifixo para lembrar que foi uma ação sacrificial e a cruz vazia para comunicar que venceu a morte, deixando a promessa da Ressurreição e vida eterna. A promessa de Deus manifestada, revelada por meio de Jesus Cristo na cruz e no túmulo vazio é a resposta para as questões expostas no início deste texto.

Páscoa é libertação, é o brotar da vida, é a primavera da vida, é Ressurreição.
 


Autor(a): Adelcio Kronbauer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Antigo / Livro: Gênesis / Capitulo: 12 / Versículo Inicial: 12 / Versículo Final: 13
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 13158

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