Era uma segunda-feira. Eu estava limpando o pátio da casa pastoral. Certo amigo passou e comentou: Então, pastor, hoje você está trabalhando! Cumprimentei-o e continuei a lida. Todavia, agora mais reflexivo: Será que recebi um elogio, uma crítica ou uma gozação? Ao ver o pastor no trabalho braçal, poderia lhe parecer algo diferente, com o qual se identificou. Quem sabe o amigo pensou mais ou menos assim: Agora sei que o pastor trabalha como eu. De repente, ao ver-me trabalhando na segunda que é o “meu” dia de descanso, o amigo fez uma crítica. Convém lembrar aqui a explicação de Lutero quando explica que “santificar” permite o fazer-se algo diferente do habitual, o que seria o meu caso. Por fim, resta a gozação, onde só seria considerado trabalho aquilo que exige um esforço braçal. Então, o artista que canta e toca num barzinho trabalha menos do que aquele que descarrega um caminhão de mudança. O trabalho pode ser mais físico ou mais intelectual. Ambos se sustentam com diferentes afazeres. Infelizmente, para alguns, celebrar um culto, o que envolve toda a preparação e organização anterior, não é trabalho. Visitar, ouvir e aconselhar as pessoas, envolvendo toda carga emocional, seria um tipo diferente de trabalho? Hoje paro, olho ao passado e me pergunto: Ao perambular por diferentes caminhos, pregando o Reino e ajudando pessoas, como será que Jesus foi visto? Alguns disseram: É profeta! Outros, mestre! Mas, será que não houve opiniões divergentes?
De 1995, “Bendirei ao Senhor” com Vavá Rodrigues e Stênio Marcius.