Prédicas e Meditações



ID: 2931

O teste de São Tomé: dúvida e Fé

07/10/2016

Você tem dúvidas? Sobre a morte, a ressurreição, o perdão? Você tem dúvida sobre o amor de Deus? Na famosa história de Tomé, um dos discípulos que caminhou tão perto de Jesus e viu coisas que nós apenas lemos nos Evangelhos, teve dúvidas sobre a ressurreição de Jesus. Normal! Ele, como eu, não entendemos isso muito bem. Não sei como pode e nem como é possível.

Não sei você, mas às vezes me sinto uma pessoa de uma fé muito pequena, insignificante. Isso, porque a minha razão está fundamentada numa estrutura lógica. Início, meio, fim. Aprendi que a dúvida nasce da observação de um fato. A partir daí formula-se um problema. Cria-se uma hipótese que precisa ser experimentada. Se possível estabelecemos uma análise estatística, analisamos os resultados e propomos uma teoria. É a dúvida que movimenta a humanidade. Sem a dúvida haveria a estagnação do conhecimento. Mais importante que a resposta, é a pergunta. Sem ela não há respostas. Muitas vezes devemos louvar o problema. É ele que nos deu oportunidade de acharmos a solução.

Muitos cristãos imaginam que a fé deve ser cega, quer dizer, devemos acreditar e pronto. Não se trata da dúvida pela dúvida. Se trata que a dúvida movimenta o ser humano. Ela deixa a nossa mente inquieta. Ela nos empurra, especula porque quer concluir uma idéia. Foi assim que Lutero descobri para si e redescobriu para nós a Graça e Amor de Deus. Não se troca nada com Deus. É de graça.

Santa dúvida. Ela nos faz pesquisar. Leia a Bíblia. Você como eu não irá entender muitas coisas; Espero que como eu, procure compreender a Bíblia. Não entender e procurar compreender. Será que Tomé está sozinho? Será que só ele teve dúvidas? Os outros discípulos não zombaram das mulheres que trouxeram a notícia da ressurreição de Jesus? Será que só Tomé tem dúvidas? Ou podemos nos ajuntar a ele e dizer: Deus, também temos muitas dúvidas.

Existem dois fatos que nos ajudam na fé racional. O primeiro deles é a experiência. Sentir o amor de Deus e ter confiança que sou importante para ele e ele me ama é um primeiro passo para a fé. Jesus não ignorou a dúvida de Tomé. Jesus foi ao seu encontro. Sentir Deus vindo ao nosso encontro é um passo que nos fortalece em nossa fé, em nossa confiança. Espero que cada um, cada uma aqui já teve algumas vezes essa boa sensação de se sentir amado, amada de Deus.

O segundo fato que nos ajudam na fé racional é a percepção dos nossos limites e da grandeza de um Deus que a gente proclama.Um Deus que cabe exatamente no meu intelecto, não é um Deus como o que a Bíblia nos narra. Esse nem é Deus! Sou eu mesmo. Cabe exatamente, no tamanho da minha compreensão das coisas. Hoje sei que o ser humano parece conhecer muito mais sobre tudo do que há 1000 anos atrás, por exemplo. As vezes penso isso. As vezes acho que sei isso. Mas tenho dúvidas. Tenho dúvidas quando, por exemplo, visitando Lima, no Peru, vou conhecer um sito arqueológico do povo Lima, anterior ao povo Inca, onde as paredes ali construídas possuem uma técnica de ajustamento dos tijolos que sobrevivem a tantos e tantos terremotos que já destruíram aquela cidade muitas vezes. Parece que também desaprendemos, Desaprendemos em nome da idéia que de somos os melhores e mais sábios seres humanos da história. De qualquer maneira somos apenas pessoas do nosso tempo. Achamos que vivemos no período de maior conhecimento humano da nossa história. Eu duvido. Não sei. Porém, o importante para mim é a pergunta: quanto sabemos e quanto não sabemos? Quando começo a ler um pouco sobre a astronomia eu sinto a minha pequenez. Quer dizer: se tudo que eu preciso crer eu preciso entender, então minha fé é como eu disse no início: é muito pequena. Mas, sem entender, como posso ter fé e ela não ser uma fé cega? Só tem um jeito: é aceitar que parte entendo e partes, muitas, não entendo. Mas, a partir da parte que eu entendo eu coloco a minha confiança em Deus nas partes, muitas, que não entendo. Admiro a fé cristã porque ela explica poucas coisas. Ela não nos diz direito de como será a vida vindoura. Uma religião que explica tudo, que deixa tudo certinho, que não há espaço para a incerteza, obrigado, eu não a desejo. Quero a dúvida para poder prosseguir na minha busca por uma fé que não se inquieta como a minha mente, mas me conforta como o amor do meu Deus.
   


Autor(a): P. Roberto Baptista
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 39839

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