A palavra “felicidade” move a indústria da moda, da beleza e do comércio. Boas campanhas publicitárias não vendem meramente produtos, mas atacam o público alvo com a promessa de que mediante determinado produto alcançarão a felicidade. Além disso, surgem cada vez mais best-sellers de autoajuda que prometem levar a pessoa à verdadeira felicidade desde que siga determinada metodologia proposta. As redes sociais são fundamentais na construção contemporânea de “felicidade”, pois não basta estar feliz, é preciso registrar na internet e mostrar para os outros a tal “felicidade” mediante fotos, stories ou quaisquer tipos de postagem. É sempre um perigo colocar a felicidade nas mãos dos “cliques” alheios.
Na Sagrada Escritura, a melhor definição para “felicidade” encontramos na expressão “bem-aventurados”, traduzida geralmente em nossas bíblias por “felizes”. Esta é uma expressão sapiencial que aponta para uma felicidade duradoura, valiosa, não passageira. No Novo Testamento, muitas vezes são proclamados felizes aqueles que veem, entendem, recebem a palavra de Deus e a põe em prática, os que creem sem ter visto, os vigilantes e até mesmo aqueles que são perseguidos por causa do nome de Cristo.
No Sermão da Montanha (Mateus 5.1-12), Jesus pronunciou primeiramente a felicidade dos pobres não por causa de suas boas disposições pessoais, mas porque Deus toma a defesa deles. É justamente esse tipo de felicidade que Deus oferece e que o mundo tenta oferecer, mas não consegue, pois é uma felicidade plena que se origina no próprio Deus.
Felicidade advém de uma espiritualidade que nos faz descentralizar de nós mesmos e acreditar que somos parte de algo maior. Por isso, ao nos dispormos a cumprir o mandamento do amor, ao amar e promover felicidade ao próximo, vamos nos dar conta de que verdadeiramente bem-aventurados somos nós mesmos! A felicidade que Jesus nos dá não é uma contínua sensação de bem-estar, livre de todos os desconfortos, mas é a certeza de estarmos abrigados em Deus.
P. Gerson Acker