O pecado é pior do que tiririca
A algumas semanas minha esposa e eu começamos a cultivar a nossa horta. Por conta da seca ela estava abandonada. Nada crescia. Por isso, resolvemos esperar a chuva chegar para começar o cultivo. E deu certo. dá gosto de ver as ainda pequenas mudas de hortaliças crescerem e se desenvolverem. Mas, a nossa horta tem um problema: está infestada de tiririca. Com o tempo de seca, até mesmo a tiririca tinha sumido. Mas, os seus bulbos estavam lá, vivos, só esperando para germinar. E com a chuva e as regas para que as hortaliças cresçam, a tiririca está lá, toda viçosa. Se deixar, toma conta e sufoca todas as hortaliças. Já perdemos as contas de quantos pés de tiririca já arrancamos. Por mais que se tente eliminar tudo, sempre sobra alguma coisa na terra e logo infesta tudo novamente. O jeito é fazer a manutenção da horta continuamente para que a erva daninha não tome conta de tudo.
Podemos dizer que no caso da minha horta, a planta “nativa” é a tiririca. As hortaliças é que na verdade são “intrusas”. Ou seja, a tendência natural da minha horta é o crescimento da praga. Se eu quiser que ela produza algo bom, é necessário um cuidado constante.
Também é assim em nossa vida. Há uma erva daninha enraizada em nosso ser. Esta erva daninha se chama pecado. É a nossa inclinação natural. Somos maus em nossa essência e sempre de novo ele aflora em nossa vida.
Já ouvi por diversas vezes que o problema da maldade no mundo é a falta de Deus na vida das pessoas. Mas, será? Pode ser que sim... Em partes eu até posso concordar. Mas, em partes sou obrigado a reconhecer que o conhecimento de Deus por si só não elimina a maldade do mundo. Vejamos o exemplo do apóstolo Paulo. Um homem que conhecia e amava a Jesus. Um servo consagrado do Senhor. Autor de boa parte do Novo Testamento. Ainda assim ele reconhece que não consegue fazer o bem que quer fazer e acaba fazendo o mal, aquilo que ele tanto detesta. Ou seja, também aqueles que conhecem, amam e servem a Deus enfrentam esta luta interna entre o querer o bem e fazer o mal. Lutero diz a respeito disso que somos simultaneamente justos e pecadores. Por nós mesmos, somos pecadores. Por causa do que Cristo fez por nós, somos justificados.
Diante disso, qual é a solução para este nosso problema? Qual é a salvação? É reconhecer a nossa fraqueza e pedir ajuda à Jesus. É saber que o problema da maldade humana não é só coisa de bandidos e criminosos. É um problema meu e seu. Reconhecendo isso entenderemos que a salvação não vem de nós mesmos, mas vem de fora. É um presente dado por Deus, por isso é graça. Graça pura! Graça imerecida!
Se eu quero que a minha horta produza algo bom, eu preciso sempre de novo plantar as hortaliças e cultivá-las constantemente. Do contrário, naturalmente, só irei colher tiririca. Assim também se dá conosco. Deus quer que produzamos bons frutos, mas, ele sabe que o nosso pecado é pior do que tiririca. Por isso ele mesmo planta em nós o seu amor e cultiva a nossa vida. Assim, mesmo que o pecado insista em brotar, Deus é capaz de fazer de nossa vida uma bênção e ele tem para nós propósitos divinos. Graças e louvor a Deus por seu grande, constante e insistente amor e cuidado para conosco. Amém.
