Em 1964 fiz minha primeira mudança: Da barriga da minha mãe cheguei “pelado” ao mundo. Também, quando partir, não levarei nada. Na infância, a família mudou-se de casa. Na pré-adolescência, de cidade. Alguns cacarecos ficaram para trás, outros me acompanharam. Na juventude, mudamos de residência dentro da cidade, em Canoas. Mais adiante, passei alguns meses em São Leopoldo e outros em Gravataí, devido aos estudos e estágio. Alguns utensílios e livros foram carregados, para lá e para cá. Por fim, veio o ministério. De Canoas para Pouso Redondo, morei com duas famílias e depois na casa pastoral. De Pouso a Panambi, duas casas de aluguel, uma moradia pastoral e outra, particular. De Panambi para Campo Alegre, casa pastoral. De Campo Alegre a Brasília, um tempo acolhido por uma família amiga, outro tempo num JK, depois no apartamento da Comunidade. De Brasília a Garuva, 12 anos no mesmo canto, bem confortável. Agora aqui, a maior temporada numa só residência. Infinitas mudanças com tralhas carregadas de um lugar ao outro. Quanta coisa se ajunta? Outras se deterioram, quebram, se perdem ou são doadas. Quanto apego e necessidade de desapego? De repente, vem a pergunta: O que se tem ficará com quem? A partida pode demorar, mas é certa. Outra certeza é de que nada se leva. Sempre de novo, preciso voltar meus olhos aos “tesouros celestiais” (Mateus 6.19-21). Eis aí o maior investimento, com retorno certo.
Em 2014 João Carreiro gravou “Da Vida Não Se Leva Nada”.