A ala do hospital onde me encontro causa estresse. As pessoas que estão sendo atendidas pelas enfermeiras solícitas sofrem. O cheiro da química de remédios impregna o ar. Para fugir dali, vou a cafeteria.
Sento-me à mesa. De repente, ela, a Sra. Morte, senta-se a minha frente. Fico quieto. Só observo.
Ela, extremamente descolada, puxa conversa:
Ela - Li teu post onde você traça meu perfil, sem esquecer do detalhe que carrego pés de galinha no canto dos olhos. Não gostei!
Eu - A sra. se importa com detalhes tão pequenos? Estranho isso. Brinca com as pessoas. Morre de rir dos seus medos e me vem com essa? Faça-me o favor!
Ela - Adoro brincar com as pessoas. Elas tentam viver sem pensar em mim mas, cedo ou tarde, levo-as a pensarem. Quase todas enlouquecem. Você é diferente. Ousa-me com descrições das quais não gosto.
Eu - Problema teu!
Ela - Brinco contigo desde o teu nascimento.
Eu - Verdade!?
Ela - Sim! Te salvaram com fórceps; te plantei sementes de timidez; te fiz cair do forro de um paiol; te promovi a picada de uma serpente; te apresentei amizades falsas; te promovi alimentos ruins; te semi-afoguei nas águas de um rio; te arrumei a queda violenta de uma bicicleta; te promovi dois acidentes de automóvel; enfiei a diabetes tipo 1 no teu organismo; te faço sofrer com detalhes familiares…
Eu - Vai te catar!
Ela - Ainda quero brincar mais contigo
Eu - Fique à vontade! Você, para mim, é apenas uma ponte para a vida. Com licença!
Levantei-me e saí. Coisa boa saber que Deus é maior!