Antônio era muito dedicado ao seu quintal. Cada pedacinho de chão era aproveitado ao máximo. Haviam inúmeros pés de frutas, uma horta enorme e um lindo jardim. Como produzia além do seu consumo próprio, costuma distribuir suas frutas, legumes e verduras na vizinhança, revelando simpatia e recebendo sorrisos de troco. Com as flores era um pouco diferente. Todas as igrejas do bairro recebiam seu buquê semanalmente. Assim, ele procura ser agradável a Deus. Certa feita, Antônio passou a olhar com preocupação ao pé de cáqui, que perdeu as folhas e minguou. Será que precisar derrubá-lo e plantar outro? Era uma pena, pois tinha sentimento por cada árvore que plantou. Consultou livros, escreveu ao amigo especialista, conversou na agropecuária, colocou remédios, aplicou receitas caseiras, mas nada surtia efeito. Certa manhã nublada, pegou o machado decidido a limpar o espaço. Todavia, ao mirar o tronco reparou numa pequena saliência. Notou um broto a surgir. De imediato, acariciou o caquizeiro. Largando o machado, trouxe uma pá de esterco. Logo mais, ao cruzar pelo vizinho confessou: Hoje quase fiz uma maldade. Mas, fique feliz, pois eu acho que vamos ter cáqui na próxima safra. Nas palavras de Cristo: “Mais bem-aventurado é dar do que receber” (Atos 20.35).
De 2006, “Floresta” com Menina do Céu.